Websérie 'Comida de Quebrada' apresenta gastronomia da periferia de São Paulo

Vídeos são fruto de parceria da Énois com a Tv Folha

Vinícius Cordeiro

O que uma fruta da Mata Atlântica tem em comum com saraus, ocupações estudantis e plantas não convencionais? Todos são ingredientes que movimentam empreendimentos gastronômicos das periferias de São Paulo listados pelo "Prato Firmeza", um guia de comida das quebradas da capital e região metropolitana.

Mapeados pelos jovens jornalistas da Escola de Jornalismo da Énois,  uma escola e laboratório de jornalismo que reúne jovens principalmente das periferias para produzir projetos e reportagens, os restaurantes fazem parte da websérie "Comida de Quebrada", lançada em parceria com a Tv Folha.

Confira:

 

Sem Conservadores

O metrô é o ponto de encontro para quem encomendar as receitas de Cristiana, dona do negócio. Especialista em comida vegana a baixo custo, ela cultiva na própria casa as PANCS (plantas alimentícias não são comercializadas em mercados ou feiras) como taioba e ora-pro-nóbis.

 

Alla Coci

A marca usa o chocolate para divulgar letras de rap de artistas de Mauá e de cidades vizinhas. Composta por uma rede de amigos artistas e músicos, a marca estampa alfajores de vários sabores vendidos em saraus da região e usa a economia colaborativa para conseguir fabricar os doces sempre em cozinhas diferentes.

 

Restaurante da Marlene

Fica localizado em Parelheiros, extremo sul da capital, e tem como diferencial o uso do cambuci, fruta com nome de bairro do centro de São Paulo nativa da Mata Atlântica. Nas mãos de Marlene e Kelly, mãe e filha que comandam o lugar, o ingrediente aparecem em receitas como o molho agridoce da costelinha de porco e também em geleias, musses, cachaças e sucos.

 
 

C-Burguer

Fica na região sul a hamburgueria artesanal criada por Matheus quando ele tinha apenas 16 anos. Durante os movimentos de secundaristas de 2015, quando os estudantes ocuparam 191 escolas contra a reorganização do ensino proposta pelo governo estadual, ele era um dos responsáveis pela alimentação dos alunos. Após a fase de mobilizações, buscou o apoio da família para abrir o próprio restaurante e levou o pai para a cozinha. Hoje, o lugar atende via delivery na região do Parque Santo Amaro.


Prato Firmeza

A ideia de produzir um guia gastronômico que mapeasse bons lugares para se comer fora do eixo central da cidade surgiu em 2011, em uma das primeiras formações dadas pela Énois. Foi de um dos alunos, Matheus Oliveira,  apaixonado por comida da região do Capão Redondo.

Desde então, a publicação já teve sua versão online e, em 2016, o primeiro volume impresso, premiado com o 6º lugar na categoria gastronomia do Prêmio Jabuti. O segundo volume do guia será lançado no dia 2 de agosto, no restaurante Mocotó, com mais 38 lugares para se comer bem nas quebradas paulistas.

A publicação faz parte da Escola de Jornalismo da Énois, que forma dez0 jovens de diferentes periferias da cidade por ano. No processo formativo, eles estudam e produzem jornalismo, apoiados por uma equipe técnica e humanística e com bolsa de R$ 600 por mês.

A parceria com a Tv Folha surge em uma nova fase do guia, utilizando o audiovisual como ferramenta para contar histórias que discutam o sentido político da comida. As histórias escolhidas para a produção trazem a resistência de pessoas que usam a culinária para tocar os negócios e valorizar as trajetórias.

Vinícius Cordeiro é da Énois

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