Já colhi trufas em lugares tão diferentes quanto a Toscana, na Itália, e Margaret River, na Austrália. Já provei as que vêm da França, mas também as do Chile.
A trufa negra que acabo de provar, nascida no estado de São Paulo, não é a mesma que a do Périgord francês. Também não é colhida aos pés de velhos carvalhos —estava oculta entre as raízes de um pé de avelã. Não é portanto a mesma que costumamos associar, na memória do paladar, às mais famosas, do sudoeste da França.
Mas basta cheirar para saber: é trufa. Como um vinho de uma determinada uva, que em cada lugar do globo em que é feito ganha características locais —mas não deixa de ser vinho daquela uva.
A raridade das trufas é tal que faz sua oferta imprevisível, e seu preço, astronômico. Saber que podem ser colhidas aqui ao lado (e em reais, não em euros) é sempre boa notícia.
Esta que provei estava muito bem embalada (e bem acompanhada de linguine ao creme de parmesão), obra da Tartuferia.
Mas curiosamente, a embalagem tinha muito mais aroma do que a trufa em si. E o aroma é o veículo primordial do seu sabor —mas neste caso mostrou pouca persistência, evanescendo rápido. Ficou longe de ter a potência das melhores trufas. Mas é trufa —o que não é pouca coisa.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.