Luxo e sustentabilidade do Six Senses Botanique enaltecem natureza local

Perto de Campos do Jordão (SP), hotel busca imersão harmoniosa no entorno

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Quando entrei pela primeira vez no chalé do hotel que, desde fevereiro deste ano, passou a se chamar Six Senses Botanique, num vale da porção paulista da serra da Mantiqueira, 15 quilômetros a sudoeste de Campos de Jordão, minha atenção se dividiu por três focos.

De imediato, o ambiente do quarto, dominado por materiais quentes, muita madeira, pedras, tecidos brutos, lareira, banheira ao pé da cama, transmitindo um calor de casa de montanha associada com a natureza.

A suíte Villa tem 350 metros privativos, piscina, duas banheiras, lounge e terraço - Divulgação/Elemento Comunicação

Mas também chamou a atenção a própria natureza, exposta através de janelões de vidro (com o aviso de que devem permanecer fechados, afinal, se a natureza animal entrar no quarto inadvertidamente, pode trazer problemas), e que, aparte a vegetação, se materializou na visão de um avantajado jacu, poucos metros adiante, e que logo alçou voo.

Finalmente, instalado numa acolhedora poltrona, minha vista ser atraída pelos livros dispostos no quarto: não eram decorativos, mas para ler mesmo, e de cara atraquei-me com um clássico do crítico literário Roberto Schwarz (mais tarde a fundadora do hotel me explicaria que coube ao jornalista e editor Paulo Werneck a curadoria dos livros do hotel: está explicado).

Esta sensação inicial confirmava a impressão que eu tivera ao receber, no início do ano, a notícia de que os proprietários do Botanique, o casal Fernanda Ralston e Ricardo Semler, haviam decidido, depois de quase dez anos, outorgar a operação para a rede internacional Six Senses: me pareceu que a filosofia de ambos, os proprietários e a rede, tinha muito em comum, portanto a essência do empreendimento não seria alterada.

Os Semler lançaram o Botanique em 2012 dentro de uma visão que hoje se conhece como o novo luxo, pós-luxo ou algo parecido: qualidade e confortos ao máximo, com o mínimo de desperdício e ostentação.

No caso do hotel, isto significava aderir à sustentabilidade, à integração ao meio, à utilização dos recursos locais (de materiais de construção a ingredientes culinários) com menor impacto ambiental e social possível.

Pois não era muito diferente o que pensava um outro casal, criador da bandeira Six Senses, vendida em 2012 e hoje parte da corporação inglesa InterContinental. A marca nasceu em 1995 nas ilhas Maldivas, pelas mãos da dupla de ambientalistas que já naquela época pregava tais bandeiras (e até hoje mantem a propriedade pioneira, o resort Soneva).

O espírito inicial não se dissipou, mesmo com a grande expansão recente, que resultou em mais de 40 hoteis, resorts e spas em 20 países. Baseada na Ásia, em 2015 a bandeira chegou à Europa, com o Six Senses Douro, à beira do rio em Portugal; e este ano chega pela primeira vez às Américas, com o Botanique.

Em comparação com a primeira visita que fiz anos atrás ao hotel, há mudanças como novos ambientes, mantida a estrutura geral —que inclui sete apartamentos no edifício principal e 13 chalés espalhados pela propriedade, alguns com vista para a montanha, outros voltados para o vale.

A região tem atrações ao redor, mas no espaço curto de um fim de semana dá pra se entreter mesmo nos limites do hotel.

O spa, por exemplo, é sempre um item cultuado dos Six Senses, e no caso do Botanique, tem pelo menos uma novidade com pinta gastronômica: o Alchemy Bar, onde cada hóspede transforma poções de ervas, sais, frutas e uma variedade de ingredientes orgânicos da horta do hotel numas gororobas aromáticas que viram esfoliantes corporais e máscaras faciais.

Outra novidade foi o novo lobby bar, chamado Fire Side.

Como todo o hotel, tem móveis elaborados com madeira da região, e além disso, drinques preparados com probióticos caseiros, tônicas feitas lá mesmo com ingredientes das hortas locais, servidos com queijos e frios produzidos no entorno e vegetais da horta grelhados na brasa.

Esta área da gastronomia do hotel —que inclui o café da manhã no quarto e um piquenique na relva— não mudou de direção. O chef de cozinha continua o de sempre, Gabriel Broide, que antes fora chef em São Paulo, com Felipe Ribenboim, do restaurante autoral Dois Cozinha Contemporânea.

O Mina é o principal restaurante do hotel, com vista envidraçada para as escarpas da serra da Mantiqueira.

Serve pratos que vão desde a comida de conforto com sabor trivial —como carne de panela feita com músculo, vinho tinto, batata, cenoura e urucum (que pode ser acompanhada de arroz, feijão e farofa); até pratos mais ambiciosos, mas não menos reconfortantes, como o coelho braseado com cenoura glaceada no mel e mostarda.

Uma experiência mais gastronômica é realizada, sob reserva, na adega do hotel, com menu-degustação harmonizado com vinhos.

No dia em que o provamos, havia pratos como tempura de flor de abobrinha com pancetta e gergelim; leitão caipira com batata doce, alho-poró e molho hollandaise de porco; pêssego flambado com mel de abelhas nativas, amora e morango silvestre, telha de laranja, coalhada e manjericão.

Em todos eles, ingredientes da horta do hotel, vegetais e carnes das redondezas, produtos de sitiantes locais, reforçando a ideia de imersão harmoniosa no entorno.


Six Senses Botanique
R. Elídio Gonçalves da Silva, 4.000 - Bairro dos Mellos, Campos do Jordão, São Paulo. Tel. 012 3662-5800. Diárias durante a semana a partir de R$ 2.277 + taxas, e aos finais de semana a partir de R$ 2.673 + taxas (sixsenses.com/pt/resorts/botanique).

O jornalista hospedou-se no Six Senses Botanique a convite do hotel.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.