Desde julho passado, a Vinícola Campestre —produtora do Rio Grande do Sul que inaugurou ano passado sua primeira loja no Sudeste em São Paulo, na região de Pinheiros— abre seu wine bar três vezes por semana para um rodízio de vinhos.
Com o preço fechado de R$ 99, é possível degustar 15 rótulos exclusivos, incluindo alguns da linha Zanotto, premiada em 2021 pela Decanter World Wine Awards, que há quase 20 anos escolhe boas garrafas ao redor do globo.
Parece tentadora —e é— a oferta de tanta bebida por um preço que, em grande parte dos bons restaurantes, não cobre nem um único vinho. E é este, aliás, o principal ponto a se ter em mente quando da visita ao rodízio: estamos falando de muita, mas muita bebida mesmo.
O serviço é generoso não só nos modos, mas também nas doses. Não espere que o garçom ou a educadíssima gerente Michelle façam a moderação do quanto de cada rótulo você vai experimentar —se o cliente não sinaliza nada, as taças vão se enchendo quase até a boca.
É pouco provável, também, que alguém "empurre" às mesas alguma das opções de tábuas disponíveis, com petiscos como frios, queijos e até dadinhos de tapioca, todas por uma média de R$ 99. Quem vem só pelos vinhos é tão bem-vindo quanto os que engordam a conta com comida.
O segredo para uma boa experiência no rodízio da Campestre mora justamente na sobriedade (que não é sinônimo de abstinência, óbvio). O comensal que vai pela sombra, bebendo pouco de cada rótulo, tomando água e se alimentando, aproveita muito mais do que aquele que de cara queima a largada.
Não é obrigatório seguir a ordem sugerida no cardápio, mas ela é interessante porque constrói um roteiro. O programa abre com quatro brancos e um rosé Zanotto, incluindo um surpreendente gewürztraminer —o nome significa "uva apimentada do Tramin", cidade do norte da Itália que fala alemão. O sabor lembra fruta tropical temperada.
A transição para os tintos acontece com duas garrafas de castas italianas e francesas, e inaugura o que dá para chamar de "segunda parte" do rodízio com um pinot noir que não fica atrás, em nenhum aspecto, se comparado a hermanos uruguaios e argentinos.
Destaque também para o syrah, o sangiovese e o malbec. Em resumo: não há vinhos ruins na seleção, e o grande atrativo do rodízio está em experimentar um pouquinho de cada um, para então voltar aos favoritos com doses mais robustas.
O wine bar fica no fundo da loja da Vinícola Campestre, que vende a bom preço guloseimas para os amantes da culinária, incluindo os excelentes presunto cru e salame servidos em uma das tábuas.
Lá também estão disponíveis os vinhos que embalam o rodízio —as garrafas do gewürztraminer e do malbec saem a R$ 59,90 cada. Última e valiosa dica (além, claro, do mandatório "se beber não dirija"): não deixe para o final a visita à mercearia.
Faça isso na metade da noite, quando precisar levantar para ir ao banheiro, por exemplo. A empolgação com o programa, calibrada pelos muitos mililitros de álcool no sangue, pode render um rombo na conta bancária.
Em São Paulo, há também outro rodízio de vinhos, este funcionando desde 2018 de terça a sábado das 18h30 à 1h. É o Bocca Nera (R. Mourato Coelho, 1.160, Vila Madalena, Tel.11 3031-5171), também com 15 rótulos entre espumantes, tintos, brancos e de sobremesa, todos à vontade —pode ser cobrada taxa de desperdício, de R$ 10.
Custa a partir de R$ 69,90, a depender do dia da semana escolhido.
Rodízio da Vinícola Campestre
Quintas, das 18h à meia-noite, só para mulheres. Sextas e sábados, das 18h à meia-noite, para o público em geral. Consumo liberado R$ 99. No programa, 15 rótulos Zanotto e Villa Campestre. Av. Pedroso de Morais, 1047, Pinheiros, São Paulo. WhatsApp (11) 93947- 3933. Reservas em www.wine-locals.com/passeios/rodizio-de-vinhos-no-bar-da-campestre-sp.
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