Descrição de chapéu Folha Prova

Veja a lista dos melhores cafés moídos disponíveis em redes de supermercado

Degustação às escuras elegeu 9 rótulos entre 12 amostras do produto para a seção Folha Prova

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São Paulo

Além de cafeterias de rua que pipocam pelo país, o número crescente de prateleiras dedicadas a marcas de café nos mercados é sinal da expansão da demanda do setor.

Para ajudar quem, diante desse cenário, já pensou em provar novas marcas, a Folha realizou uma degustação às escuras de rótulos de café moído que estão disponíveis e avaliou seus atributos. "Durante muito tempo, o mercado interno não absorvia cafés diferenciados, com determinadas características como doçura e acidez marcantes", afirma.

Café coado sendo preparado em copos de degustação no Coffee Lab, na Vila Madalena, em São Paulo
Café coado sendo preparado em copos de degustação no Coffee Lab, na Vila Madalena, em São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). A diversificação do portfólio e a formação de baristas são algumas razões apontadas para a consolidação da procura no país.

A degustação faz parte da seção de avaliações Folha Prova, que oferece ao leitor um guia de compra e uso. A primeira reportagem abordou vinhos brancos à venda por até R$ 70.

As marcas de café foram compradas nas unidades do Pão de Açúcar e do Carrefour nos Jardins, mas são encontradas em apps e lojas online.

A lista inicial reuniu 12 marcas que se identificam como especiais, gourmet ou superior (leia mais nesta página). A avaliação dos rótulos, que custam de R$ 17 a R$ 29, aconteceu no Coffee Lab, e foi conduzida por baristas da cafeteria da Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, usando suporte Melitta, um dos mais usados para se coar em casa.

Segundo a especialista Isabela Raposeiras, que experimentou as amostras às escuras, elas provaram ter qualidade, mas algumas não tiveram todo seu potencial revelado —já que, compostos aromáticos do café, após ser moído, se volatilizam em contato com o oxigênio.

"Além disso, para não produzir desequilíbrio, não foram considerados cafés com alto nível de oxidação. Isso pode acontecer por diferentes motivos, como avarias na embalagem", diz Raposeiras.

Um dos rótulos em preparo no suporte Melitta
Um dos rótulos em preparo no suporte Melitta - Danilo Verpa/Folhapress

Uma parcela das amostras apresentou amargor, de acordo com a especialista —o que, dentro da avaliação de cafés especiais, pode ser considerado um defeito ou problema a partir de determinado nível. Segundo a Abic, o amargor é uma característica intrínseca ao café devido à presença de compostos, mas que varia em função de fatores como colheita, armazenamento e torra.

Veja análise dos nove rótulos com melhores avaliações.

Nescafé Origens do Brasil - Serras do Alto Paranaíba (MG)
"Tem notas doces que lembram pudim, corpo baixo e acidez média, que parecem ameixa fresca", diz Raposeiras. "Um café que tem potencial, mas com um pouco mais de amargor do que esperado."
Café especial, 100% arábica. Preço: R$ 25,40 (250 g), na Casa Santa Luzia


Orfeu Cafés Especiais Orgânico - Fazendas Sertãozinho Sul de Minas e Mogiana
"Tem camadas de aromas diferentes, entre eles castanhas, frutas e destaque para aromas florais, de lavanda e jasmim", diz Raposeiras. Para ela, porém, a complexidade convive com "certo sabor defumado, que não gostaria de ver aqui."
Preço: R$ 28,99 (250 g), no Extra


3 Corações Gourmet - Mogiana Paulista
É de qualidade, "com doçura que lembra agave, mais delicada", diz a especialista. "Mas com uma torra mais desenvolvida, o café seria mais doce."
Preço: R$ 18,18 (250 g), em mercafe.com.br

Isabela Raposeiras, do Coffee Lab
Isabela Raposeiras, do Coffee Lab - Danilo Verpa/Folhapress

Café do Centro - Sul de Minas Gourmet
Tem sabor doce bem leve, sem amargor intenso. "Do ponto de vista técnico, dá para ver que tem boa acidez, que é bem-vinda, aroma e sabor que remetem a compostos doces. Mas a expressão está um pouco apagada", diz Raposeiras.
Preço: R$ 20,19 (250 g), em Carrefour


L’Or - Mogiana Gourmet
"Tem uma acidez viva, o que é desejável, um corpo bom que preenche a boca. Mas tem uma adstringência [sensação de secura] que não é positiva", diz Raposeiras. Para o consumidor, a primeira coisa que se sente é um azedinho, que lembra de morango ou framboesa.
Preço: R$ 27,29 (250 g), em Clube Extra


Melitta - Regiões Brasileiras - Sul de Minas Gourmet
"Diferente do vinho, a nota amadeirada não é positiva no café. Tem acidez e corpo, mas aromas mais rústicos e falta de doçura", diz Raposeiras. Como consumidor, uma acidez de acerola é percebida, com amargor e adstringência.
Preço: R$ 16,98 (250g), em Mambo


Baggio Café - Gourmet bourbon - Sul de Minas e Alta Mogiana
"Não tem grandes problemas e um amargor leve", diz Raposeiras. Para quem não é especialista, se destaca azedinho positivo, mas sem doçura e sensação de secura na boca.
Preço: R$ 24,79 (250 g), no Pão de Açúcar


Pilão Cafeteria Coado a Vácuo - Qualidade superior
"Corpo baixo e falta de acidez. Amargor típico da categoria superior, que não chega a ser intenso. Tem notas de nibs de cacau, mas expressão aromática limitada", diz Raposeiras.
Preço: R$ 23,99 (500 g), em St Marche


Café do Ponto Safra Especial - Qualidade superior
"Tem uma entrega de café superior, que não tem tanto amargor e nem doçura. Não tem defeitos", diz Raposeiras.
Preço: R$ 20,90 (250 g), na Casa Santa Luzia


Saiba o que são as categorias de café

A Abic, Associação Brasileira da Indústria de Café, monitora os seus associados para avaliar boas práticas e consistência do que oferecem —incluindo análises do produto na gôndola. A associação deve lançar em junho novo protocolo de avaliação de cafés, com nuances e critérios que incluem a percepção do consumidor.

Em janeiro, o órgão reviu seu programa de qualidade, unificando selos de pureza (matéria-prima sem adulterações) e de qualidade. Segundo a associação, café superior é a bebida de amargor, doçura e acidez variando de leve a moderado (percebida por consumidores como suave, com amargor e acidez leve, com aroma e sabor).

O gourmet tem baixo amargor, acidez e doçura de moderada a alta, com destaque para atributos frutado e floral (é percebido como suave, doce, ácido, frutado e cítrico). Já cafés especiais, regulados por outras metodologias, são livres de impurezas e seguem parâmetros de aroma e sabor, entre outras exigências.

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