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Instituto lança plataforma com textos de Gilberto Dimenstein

Proposta é manter vivo o legado de jornalista e escritor, morto em 2020

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São Paulo

Uma plataforma digital que reúne parte importante da produção de Gilberto Dimenstein será lançada neste domingo (29).

A iniciativa é o primeiro projeto do Instituto Gilberto Dimenstein, organização idealizada por sua família para homenagear e perpetuar as ações do jornalista.

O jornalista e escritor morreu em maio de 2020 em decorrência de um câncer de pâncreas com metástase no fígado. Na Folha, em que atuou por 28 anos, foi diretor da sucursal de Brasília, correspondente em Nova York, colunista e membro do conselho editorial de 1992 a 2013.

Também colaborou em outros veículos, como CBN e jornal O Globo, fundou o portal Catraca Livre, e dedicou-se a causas sociais.

Dimenstein escreveu dezenas de livros. Um dos mais importantes é "Meninas da Noite - A Prostituição de Meninas Escravas no Brasil", que trata de casos de prostituição infantil na Amazônia.

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Gilberto Dimenstein no jardim de sua casa, em São Paulo, em dezembro de 2019 - Bruno Santos/Folhapress

A ideia de fundar um instituto que mantivesse viva a memória e o trabalho de Dimenstein surgiu logo após sua morte, explica o filho do jornalista, Gabriel Dimenstein, 31. "Em duas semanas [depois do óbito], nós já estávamos em família pensando como honrar o legado do meu pai", afirma.

Também participaram da criação da entidade Anna Penido e Marcos Dimenstein, respectivamente viúva e filho do jornalista.

"No final da vida do meu pai, ele era muito mais que um jornalista, era um empoderador de projetos", ressalta Gabriel.

A proposta do Instituto GD, como também é chamado, é trabalhar justamente com o legado do jornalista. Seu primeiro projeto consiste em uma plataforma digital que reúne materiais desenvolvidos por Dimenstein. Nela, estarão disponíveis 79 artigos de sua autoria, publicados sobretudo na Folha e no Catraca Livre, além de resumos de livros e informações acerca de projetos sociais nos quais ele se envolveu.

"[A ideia é] reunir tudo num lugar para facilitar o acesso, porque nem nós tínhamos acesso a [todo esse material]", afirma Gabriel.

Uma equipe de profissionais que conviveram ou trabalharam com Dimenstein se dedicou à organização do acervo. Entre eles está Raíssa Albano, coordenadora da pesquisa para preparar a plataforma.

Segundo ela, foram necessários nove meses de pesquisa para concretizar o projeto.

Além de acessar a produção original de Dimenstein, a equipe entrevistou diferentes pessoas que o acompanharam em diferentes momentos de sua carreira, como o maestro João Carlos Martins e o jornalista e ilustrador Alexandre De Maio.

Os pesquisadores separaram os materiais em cinco eixos –direitos humanos, educação, gentilezas urbanas, economia criativa e comunicação. "Nossa equipe mapeou todo o material que existia dele, separou nesses eixos e colocamos no site o que achamos que ainda conversa [com a atualidade]", diz Raíssa.

Ativismo social

Dimenstein dedicou parte importante de sua vida ao ativismo social em diferentes áreas, como educação, música e direito à cidade.

Gabriel cita como exemplo o Beco do Batman, na Vila Madalena, zona oeste paulistana. "Meu pai tinha uma visão de que aquele lugar era um dos mais legais da cidade", afirma.

"Ele fez com que o lugar fosse fechado para carros e estimulou o entorno. Hoje em dia você olha no que aquilo se tornou", acrescenta Gabriel, que define seu pai como "um canhão" pelo envolvimento em diferentes frentes sociais.

Imagem da home de um site
Reprodução da home da plataforma que será lançada neste domingo (29) pelo Instituto Gilberto Dimenstein - Reprodução/Instituto Gilberto Dimenstein

Raíssa diz que o projeto Cidade Escola Aprendiz, fundado por Dimenstein em 1997, foi um dos que chamou mais sua atenção durante o processo de pesquisa. A iniciativa traz à tona o conceito de bairro escola em que se integra a educação à cidade.

"[O projeto] conecta professores, crianças e a comunidade em volta da escola e leva-se as crianças para ocupar os espaços", afirma.

São de iniciativas como essas que a plataforma do Instituto GD se alimenta a fim de mostrar a atuação de Dimenstein.

"Se nós conseguirmos com esse projeto traduzir 10% do olhar que meu pai tinha, já vai ser gigantesco", conclui Gabriel.

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