Nunes completa dois anos à frente da Prefeitura de SP pressionado por rivais

Guilherme Boulos, Tabata Amaral e Ricardo Salles se apegam a problemas de zeladoria para criticar gestão

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São Paulo

Sucessor de Bruno Covas, Ricardo Nunes (MDB) completa dois anos à frente da Prefeitura de São Paulo, nesta terça-feira (16) e tenta se equilibrar entre as demandas do município e a dificuldade de arregimentar alianças partidárias na tentativa de ser reeleito no ano que vem.

No começo da entrevista à Folha, ele logo fez uma ressalva quando questionado sobre as suas prioridades para a reta final de mandato, válido até dezembro de 2024. "Só vai acabar em 2028", afirmou.

A gestão tem sido cobrada por soluções de zeladoria, principalmente para as vias esburacadas e mal sinalizadas, e sobre a degradação do centro, com a sensação de insegurança dos comerciantes e moradores na região da cracolândia.

Sucessor de Bruno Covas, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, tentará ser reeleito no ano que vem - Karime Xavier - 14.jun.2021/Folhapress

Enquanto isso, sua gestão enquanto acumula R$ 35 bilhões de superávit. Essa situação vem servindo de munição para Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Salles (PL) e Tabata Amaral (PSB), deputados que demonstram interesses em concorrer à prefeitura ano ano.

O prefeito promete que até o final do ano serão recapeados 20 milhões de metros quadrados da malha viária da capital. "Já recapeamos 5,8 milhões de metros quadrados, a população começará a ter uma percepção melhor", afirma o emedebista. "A cracolândia, em 2016, tinha 4.000 usuários, hoje tem mil, é grave, mas estamos caminhando para melhorar", declara.

Deputados federais, Boulos, Salles e Tabata conquistaram respectivamente, a primeira, a quarta e a sexta maiores votações entre os candidatos no estado. O trio tem utilizado o palanque na Câmara e as redes sociais para criticar Nunes, além de ir à Justiça contra decisões da prefeitura.

Nas mais recentes investidas, os opositores apontam falhas nos programas da prefeitura de acolhimento à população em situação de rua e a revisão do Programa de Metas. Neste último, o prefeito modificou no mês passado 27 metas das 77 estabelecidas para o quadriênio de 2021 a 2024.

O prefeito desistiu de inaugurar quatro terminais de ônibus e dois corredores de BRT, além de construir 11 piscinões em regiões afetadas pelas enchentes.

Com isso, o Tribunal de Contas do Município emitiu um alerta para a Prefeitura de São Paulo justificar as alterações.

"Os prefeitos fazem revisão do Programa de Metas, o Bruno fez alterações em 28 das 56, em uma cidade deste tamanho surgem mudanças, novas prioridades, ainda depois da pandemia", afirmou o prefeito.

Desde quando assumiu a prefeitura, Nunes evoca a imagem de Bruno Covas, de quem era vice. No entanto, já ocorreram mudanças em ao menos 13 das 22 secretarias formadas pelo antecessor, que morreu em decorrência de um câncer em maio de 2021.

"Não houve saídas, muitas foram trocas. Uma mudança que optamos fazer foi trazer o [urbanista] Marcos Duque Gadelho para Urbanismo, por causa do PDE [Plano Diretor Estratégico]. O [ex-secretário e advogado] César Azevedo continuou no governo, na SP Urbanismo", afirma.

Vereador em duas ocasiões, Nunes terá o seu maior desafio eleitoral no ano que vem.

"São Paulo tem uma saúde financeira invejável hoje. Fizemos a reforma da previdência, concessões dos serviços funerários, aprovação [na Câmara Municipal] de projetos importantes. As pessoas podem ter simpatia ou não, mas os dados são reais", diz.

A aliança do prefeito com Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal, possibilitou até agora que todos os projetos do Executivo fossem aprovados. A parceria, no entanto, está ameaçada.

Leite tem dito a políticos próximos que tem acordo com o prefeito para indicar um nome para o TCM, com a aposentadoria do conselheiro Maurício Faria em junho. O presidente da Casa também ficou descontente com a postura de Nunes, que conversa com partidos, como PL e Republicanos, para definir o seu vice e teria preterido a União Brasil, como mostrou o Painel.

O PL e os Republicanos, hoje, são duas siglas estratégicas para Nunes desbancar uma candidatura de Salles e se isolar como o candidato mais forte da direita no pleito de 2024.

Entre os feitos como gestor, Nunes enaltece a renegociação de dívida de R$ 25 bilhões do município com a União, que em troca ficou com a área do Campo de Marte após uma batalha de judicial de 64 anos, as inaugurações de 9 UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) com atendimento odontológico 24 horas por dia, centro de atendimento para pessoas trans, hospital veterinário e dois centros para pacientes com dores crônicas.

"Dá para ter orgulho do time, honrando a memória do Bruno", afirma Nunes.

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