Sé registra alta de furtos mesmo após reforço da PM e praça ser cercada

OUTRO LADO: Secretaria diz que recorte analisado pela reportagem não contempla toda a região e que houve redução no número de crimes

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São Paulo

Mesmo com a praça da Sé cercada por grades móveis e com a presença maciça da polícia na região, o 1° Distrito Policial, que atende bairros como Liberdade, Glicério e Sé, todos no centro de São Paulo, registrou alta na quantidade de furtos.

Dados publicados no site da SSP (Secretaria de Segurança Pública) nesta segunda-feira (26) indicam a elaboração de 1.058 boletins de ocorrência em maio deste ano, quantidade superior aos 982 do mesmo mês de 2022, alta de 8%.

A quantidade também é superior ao mesmo mês em 2021 (643 casos) e em 2020 (400).

O montante atual fica atrás de 2019, quando 1.228 furtos foram computados pelos policiais civis em maio daquele ano.

O dado de maio também é ligeiramente superior ao de abril (1.039).

Movimentação de policiais militares na praça da Sé, no centro de São Paulo
Movimentação de policiais militares na praça da Sé, no centro de São Paulo - Rubens Cavallari - 4.abr.23/Folhapress

Já em relação aos roubos, ou seja, quando a tomada de um pertence é feita sob violência, por exemplo, com uso de arma ou ameaça, manteve-se estável. Foram 386 ocorrências em maio deste ano contra 390 em 2022, 195 em 2021 e 171 em 2020.

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública disse que recorte analisado pela reportagem não contempla toda a região, que é composta de mais distritos policiais. Em nota, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) declarou que, considerando os dados da 1ª Seccional, que engloba toda a área do centro da capital, houve uma redução de 7,3% nos furtos e de 7,7% nos roubos na comparação com o mesmo período do ano passado.

A pasta afirmou que houve reforço de policiamento com 120 agentes, que teria influenciado no aumento do número de criminosos retirados das ruas, sendo 581 neste ano, ante 369 em maio de 2022

A praça foi cercada pela Subprefeitura Sé em abril, em meio à escalada de violência na região central, que havia atingido números recordes de roubos àquela altura.

Em entrevista à Folha, o subprefeito responsável pela área, Alvaro Camilo, explicou que o cercamento foi a maneira encontrada pela equipe de zeladoria para manter em ordem a área verde presente no local.

O subprefeito classificou a situação da praça —onde estão a catedral metropolitana e a sede do Tribunal de Justiça do estado —como de "desordem urbana".

"Eu ponho grama eles [moradores de rua] deitam em cima, montam barraca. Então, agora, nós estamos cercando e fazendo zeladoria muito forte. Ali é um trabalho integrado", disse Camilo em abril.

"A Sé chegou e esse ponto porque a sociedade deixou de olhar para o espaço público", afirmou ele, que é coronel reformado da PM paulista. "Devemos aumentar o pertencimento, ali ficou meio terra de ninguém. É um lugar que todo mundo que vem de fora quer conhecer. Nesse ambiente que você tem a desordem, você tem um ambiente propício para o crime acontecer."

Em maio, reportagem da Folha mostrou que moradores de rua que ocupavam a praça da Sé durante a noite relataram que passaram a dormir em outros lugares do centro após a instalação das grades móveis ao redor de canteiros.

Os moradores de rua passaram a buscar abrigos em outros pontos, como Pateo do Collegio e debaixo do viaduto do Glicério e do Minhocão, a poucos quilômetros dali, além do entorno do Chá do Padre, núcleo de convivência para sem-teto localizado a 400 metros da Prefeitura de São Paulo.

A reportagem esteve na praça da Sé na madrugada do último dia 17, até aqui a noite mais fria do ano na capital. Não havia sem-teto dormindo ali, apenas grades e carros da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana. Os moradores de rua estavam em ruas do entorno, além da calçada do Pateo do Collegio e na praça do Patriarca.

"Minha avaliação é que há uma limitação do que pode ser feito só com estas ações de infraestrutura e policiamento ostensivo. Muito pouco está sendo feito em termos de políticas eficientes para lidar com usuários da cracolândia, e, na outra ponta, em termos de polícia investigativa para atacar quadrilhas responsáveis por alto número de ocorrências", afirmou Bruno Langeani, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz.

Procurada, a gestão Ricardo Nunes (MDB) disse que o cercamento de praças é feito para a realização de ações de zeladoria, protegendo os jardins e a extensão dos locais que recebem as intervenções.

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