Funcionários do Metrô de SP descartam greve na próxima semana

Em assembleia após demissões, categoria decidiu realizar no futuro nova paralisação unificada com CPTM e Sabesp

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São Paulo

Funcionários do Metrô de São Paulo descartaram cruzar os braços na próxima terça-feira (31). A questão foi votada em assembleia que durou cerca de 24 horas e terminou no início da noite desta quinta-feira (26).

A discussão sobre a possibilidade de uma nova greve foi convocada após a estatal anunciar a demissão de cinco operadores de trens por causa da paralisação surpresa de metroviários do último dia 12. O indicativo de greve foi defendido pela direção do Sindicato dos Metroviários.

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Cartaz na estação Vergueiro do Metrô informa sobre paralisação no último dia 12 - Danilo Verpa - 12.out.2023/Folhapress

Ficou decidido que os metroviários tentariam realizar uma nova paralisação em conjunto com funcionários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Sabesp (Companhia Ambiental do Estado), como a realizada no último dia 3. A greve, de 24 horas, teve como pauta central os projetos de privatização do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Desta vez, a proposta é ter a participação de professores da rede estadual de ensino.

Ao todo, 59,4% das pessoas (1.630 metroviários) que votaram foram contra a greve no próximo dia 31. Votaram favoráveis 37,2% (1.021 trabalhadores) e houve 93 abstenções (3,4%).

Na mesma votação, 85,2% foram favoráveis a uma mobilização unificada com CPTM, Sabesp e Apeoesp (o sindicato dos professores da rede estadual)

A assembleia iniciada na quarta (25) chegou a ser interrompida por uma briga entre os funcionários. A confusão aconteceu enquanto um membro do sindicato falava ao microfone contra o protesto que ocorreu no dia 12, argumentando que qualquer paralisação deve ser aprovada em assembleia —o que não ocorreu na paralisação do feriado.

Uma funcionária demitida por participar do protesto se revoltou contra a fala e começou a gritar em direção à mesa da direção, e várias pessoas tiveram de apartar a discussão. Durante a última fala antes do encaminhamento à votação, uma nova gritaria quase interrompeu a assembleia novamente.

A discussão também deixou clara uma cisão na categoria: parte dos funcionários já defendia apenas a greve unificada com outras categorias

A presidente do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa, lembrou que foi demitida em 2014 junto com cerca de 40 funcionários, após a maior greve dos últimos dez anos —a paralisação daquele ano durou cinco dias.

"Talvez tenham sido os quatro anos mais difíceis das nossas vidas [período que duraram as demissões], mas posso garantir a vocês que, com coletividade, com solidariedade, dando as mãos, a gente consegue enfrentar esse momento", disse ela.

Ao todo nove funcionários sofreram punições neste mês. Além dos cinco demitidos, um foi suspenso por 29 dias e outros três, que contam com estabilidade sindical, serão suspensos sem remuneração para serem submetidos a inquérito perante o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que segundo o Metrô vai apurar a ocorrência de falta grave e decidir sobre demissão.

Durante a assembleia, os demitidos foram à frente da plateia e receberam apoio dos colegas. O tom geral das falas durante a assembleia apoiou a unificação de pautas, no sentido de que as greves devem reivindicar tanto a readmissão de funcionários quanto o fim dos planos de privatização. Os funcionários também apoiam a unificação de agendas de paralisação com sindicatos de outras categorias de funcionários públicos.

O protesto do dia 12, feriado do Dia de Nossa Senhora Aparecida, paralisou o metrô durante três horas por causa de advertências a trabalhadores da linha 2-verde, consideradas injustas pelos metroviários.

Segundo Lisboa, as demissões são uma retaliação do governo Tarcísio aos funcionários do Metrô por causa dos movimentos contra privatizações e terceirizações. O sindicato considera que os três sindicalistas já estão demitidos e chama a atitude de intempestiva, arbitrária e antissindical.

O Metrô, por outro lado, afirmou que avalia outros casos e não descarta novas punições. A empresa estatal disse que a decisão foi baseada em provas compostas por imagens, áudios e relatórios que indicaram a conduta irregular dos nove profissionais.

"A direção da companhia avaliou que a paralisação atendeu apenas a interesses privados e descumpriu a legislação por ter sido implementada sem aviso prévio e sem qualquer autorização neste sentido pela assembleia da categoria dos metroviários", disse a companhia, em nota divulgada na terça (24).

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