Entenda condição que levou mulher à UTI após fazer uma aula de spinning

Rabdomiólise pode ter casos assintomáticos ou envolver dores musculares, vômitos e urina escura e é tratada com hidratação

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Piracicaba (SP)

Mais de um mês depois de receber alta da lesão muscular que a levou para a UTI depois de uma aula de spinning, a influenciadora digital Kamila Rigobeli, 29, ainda sente consequências da condição, chamada rabdomiólise. Além da fraqueza nas pernas e da necessidade de fisioterapia, ela faz exames semanais para acompanhar a taxa de enzinas em seu sangue.

Kamila conta que, quando lesionou a coxa, na região dos quadríceps, sentia muita dor muscular, que piorava a cada dia e afetava a mobilidade. Três dias depois da aula de spinning, ela começou a sentir náusea e sua urina estava escura. Dois dias depois, sem conseguir andar, ela foi ao médico.

A influenciadora digital Kamila Rigobeli
A influenciadora digital Kamila Rigobeli - Reprodução

"A sensação era que eu tinha sido atropelada. Quando você faz um exercício na academia, é normal sentir aquela dor muscular tolerável. A minha piorava a cada dia, a cada segundo. Eu não tinha mais posição para dormir, não conseguia sentar no vaso sanitário. A minha perna não dobrava, ela começou a endurecer e ficar extremamente inchada a ponto de dobrar de tamanho."

Sem sentir dores internas, ela achava que era uma questão muscular, mas seus exames iniciais acusaram alta nas enzimas produzidas pelo fígado e pelos rins.

A rabdomiólise, quadro de Kamila, é uma lesão muscular maciça que costuma ser causada por algum esmagamento (comum em acidentes) ou exercício físico extenuante, caso do spinning, principalmente sem supervisão, com desidratação e em épocas de muito calor, que leva a liberação de componentes intracelulares na circulação sanguínea.

O quadro clínico varia, podendo ser desde assintomático a envolver dores musculares, vômitos e urina escura, segundo a nefrologista do Hospital Sírio-Libanês Rosa Moyses. O tratamento geralmente é feito com hidratação vigorosa. Mas nos casos mais graves podem precisar de diálise ou levar à óbito.

Segundo Karina Hatano, médica do esporte do Hospital Albert Einstein , a quebra do músculo acontece em todo exercício físico, mas a intensidade exagerada, a desidratação e até a temperatura elevada causam rompimento da fibra, algo que pode causar a liberação de toxinas no sangue.

"Fatores de risco são dias quentes e exercício físico em local fechado, onde as pessoas já entram ali desidratadas. Isso faz com que o músculo quebre mais fibras e produza mais toxinas, o que prejudica o rim, porque ele é o responsável por filtrar o sangue", diz a médica.

Kamila, que acompanhava uma amiga na aula de spinning, diz que foi um exercício intenso. "Não foi apenas pedalar na bicicleta. Teve dança, levantamento de peso enquanto pedalava. Foram 50 minutos diretos e nenhum intervalo. Elevou o nível de exaustão. A gente só escuta o discurso de se superar e frases motivacionais o tempo todo."

Ela diz que, antes dessa aula, praticava exercícios regularmente, além de ter alimentação saudável e beber bastante água. "Gostava de fazer caminhada toda semana e estava iniciando no tênis, joguei vôlei dias antes de tudo acontecer. Um mês antes, fazia musculação e esteira. Eu nunca tive problema para me exercitar e não excedia os limites do meu corpo."

Durante e internação, ela ficou seis dias deitada e só podia levantar para ir ao banheiro, o que enfraqueceu suas pernas. Até hoje ela diz sentir dificuldade para agachar. Há poucos dias, ela foi autorizada a fazer pequenas caminhadas.

"Foram 4 km e eu fui fazendo pausas para sentar. Mesmo assim, fiquei desesperada porque quando voltei para casa, as minhas pernas estavam doendo de novo. Perguntei para o meu marido se eu ia morrer, se ia ficar ruim de novo. Não teve nenhuma alteração grande para o esforço que eu fiz, foi um alívio", diz.

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