Descrição de chapéu Corpo Viver diabetes

Ozempic e outras drogas têm popularidade crescente, mas requerem atenção por 'efeito sanfona'

Edição da newsletter Cuide-se fala sobre os riscos e cuidados ao utilizar medicamentos injetáveis para controle de peso

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Esta é a edição da newsletter Cuide-se desta terça-feira (2). Quer recebê-la no seu email? Inscreva-se abaixo:

Ozempic, Wegovy, Mounjaro.. você certamente deve ter ouvido falar em alguns desses nomes de medicamentos injetáveis desenvolvidos para tratamento de diabetes e obesidade. Os efeitos na perda de peso são notáveis, reduzindo até 20% do peso corporal em um ano, mas há riscos envolvidos. É sobre o que escrevo nesta edição.

Ps: esta é a edição de número 50 da newsletter Cuide-se! Obrigada a todos que estão aqui desde a primeira edição e que a gente continue juntos ainda por muitas outras.

A imagem mostra uma pessoa montando um dispositivo eletrônico de cor azul. A pessoa está segurando a parte principal do dispositivo com uma mão e uma peça menor com a outra mão. Ao lado, há uma caixa branca aberta com várias peças pequenas e instruções impressas na parte interna da tampa. A tampa da caixa tem um código de cores e ícones.
Paciente prepara a injeção de semaglutida 1 mg (Ozempic) para controlar os níveis de açúcar no sangue - Myskin/Adobe Stock

Caneta revolucionária

Originalmente desenvolvido para o combate ao diabetes, o Ozempic, nome comercial da semaglutida 1 miligrama, é eficaz também no tratamento de obesidade e hipertensão, e tem potencial contra doenças cardiovasculares.

O composto age como um análogo do GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon), hormônio produzido naturalmente no nosso organismo e que tem relação com a regulação do apetite e da saciedade.

Ele tem papel no metabolismo da glicose que, em níveis elevados, pode levar ao desenvolvimento do diabetes. A perda de peso associada ao uso pode chegar a 17,4%.

Os usuários também afirmam ter melhorado a sua percepção geral de saúde, incluindo saúde cardiovascular.

Diante desses resultados, a Novo Nordisk, fabricante do medicamento, iniciou estudos com a mesma molécula, mas em outra dosagem (2,4 mg) contra a obesidade. A droga, comercializada pelo nome Wegovy foi testada em pacientes que apresentaram redução de até 15% no peso, com uma redução média de 10,2% até quatro anos após o início da pesquisa.

Outra fabricante, a Eli Lilly, tem no mercado duas drogas desenvolvidas com o medicamento tirzepatida, associadas à redução dos riscos com diabetes e obesidade. O Mounjaro, aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no final do ano passado, é utilizado para o tratamento de diabetes tipo 2.

Da mesma fabricante, o Zepbound foi testado em estudos clínicos e apresentou resultado de redução de até 20% no peso dos pacientes. Ele utiliza o mesmo componente, a tirzepatida, na concentração de 2,5 mg. Ele foi aprovado pela FDA (agência americana que regulamenta drogas e alimentos) no final do ano passado contra obesidade.

Tá, mas e os riscos?

Como todo medicamento, as drogas injetáveis possuem efeitos colaterais. Os mais comuns são náuseas, diarreia e perda muscular. Outro ponto é que ainda há incertezas sobre os efeitos do uso prolongado desses medicamentos.

Relatórios preliminares de agências internacionais indicaram um aumento na ocorrência de problemas gástricos e de potenciais nódulos na tireoide que podem estar associados ao tratamento. Outros estudos ainda são necessários para ter certeza dessa relação.

E os custos?

Infelizmente, os custos dos medicamentos são muito elevados, o que os torna pouco acessíveis para a maioria da população.

Uma caneta para tratamento mensal do Ozempic, que consiste em quatro doses, custa de R$ 1.034 a R$ 2.600, de acordo com o CMED, que regula os preços de medicamentos nas farmácias e hospitais brasileiros. O Wegovy, que deve chegar no país em agosto, tem seu preço máximo em R$ 2.484.

O Mounjaro e o Zepbound ainda não estão disponíveis no Brasil, mas o valor do primeiro deverá custar R$ 3.952.


O tratamento de obesidade hoje é multidisciplinar, com diversas terapias, entre elas o uso das drogas injetáveis. O alto custo desse medicamento alarga ainda mais o abismo que existe entre os pacientes atendidos no sistema público e no privado.

No final do ano passado, escrevi sobre os gargalos do tratamento de obesidade no SUS (Serviço Único de Saúde), e sugiro, para quem quiser se aprofundar mais, lê-lo aqui.


CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR

Novidades e estudos sobre saúde e ciência

  • Estudo prevê 110 mil mortes associadas à poluição e envelhecimento. Uma pesquisa da Universidade de Ciência e Tecnologia Pohang, na Coreia, observou que a presença de materiais particulados de dimensão 2,5 (PM2,5) na atmosfera tem acelerado o envelhecimento da população, o que também pode aumentar as mortes prematuras por problemas de saúde associados à poluição. De acordo com o estudo, a concentração dos materiais particulados no ar de 2019 a 2021 superou 20 µg/m3, o que é acima do recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), de 5. Com base nisso, eles calcularam em 110 mil as mortes prematuras por poluição até 2050, mais do triplo do registrado em 2020, de 34 mil.
  • Presença de uma cópia de gene protetor contra o Alzheimer ajuda a parar declínio cognitivo. Indivíduos que portam uma cópia da variante APOE3, que ajuda a barrar o declínio cognitivo associado ao Alzheimer, apresentam efeitos protetores contra a condição. A constatação foi feita em pesquisa do Hospital Geral Brigham de Massachusetts, nos Estados Unidos. Segundo o estudo, publicado na revista especializada Nejm (The New England Journal of Medicine), 27 indivíduos parentes de pessoas com Alzheimer e que possuem, portanto, uma cópia do gene, não apresentaram os sintomas cognitivos. A pesquisa pode indicar caminhos para o desenvolvimento de drogas anti-Alzheimer.
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.