Descrição de chapéu The New York Times

África do Sul interrompe uso de vacina de Oxford após dados inferiores de eficácia contra variante local

AstraZeneca/Oxford diz que imunizante mostrou eficácia limitada contra infecções leves; não foi possível determinar efeito contra infecções graves e hospitalização

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Reuters e The New York Times

A África do Sul suspendeu o uso da vacina contra a Covid da AstraZeneca/Oxford neste domingo (7), depois do aparecimento de evidências de que o imunizante não protegia os participantes do ensaio clínico de formas leves ou moderadas da doença causadas pela variante local do Sars-CoV-2, conhecida como B.1.351.

O imunizante em questão foi escolhido pelo governo do Brasil como o principal para ser produzido e distribuído no país ate agora.

As descobertas foram um golpe devastador para os esforços do país para combater a pandemia.

Cientistas da África do Sul disseram no domingo que um problema semelhante ocorreu entre pessoas infectadas por versões anteriores do coronavírus: a imunidade que adquiriram naturalmente não parecia protegê-los de casos leves ou moderados quando reinfectados pela variante B .1.351.

A farmacêutica britânica AstraZeneca disse no sábado (6) que sua vacina desenvolvida em conjunto com a Universidade de Oxford aparentemente oferece apenas uma proteção limitada contra a infecção causada pela variante sul-africana da Covid-19, com base nos primeiros dados de um teste.

O estudo da Universidade de Witwatersrand, da África do Sul, e da Universidade de Oxford mostrou que a vacina reduziu significativamente sua eficácia contra a variante sul-africana, de acordo com uma reportagem do Financial Times.

A variante da África do Sul, junto à do Reino Unido e do Brasil, é tida como uma das mais preocupantes atualmente, por terem maior potencialmente de transmissão, segundo dados disponíveis.

"Neste pequeno estudo de fase I e II, os dados iniciais mostraram eficácia limitada contra infecções leves principalmente devido à variante sul-africana B.1.351", disse um porta-voz da AstraZeneca em resposta à reportagem do FT.

O jornal disse que nenhum dos mais de 2.000 participantes do estudo foi hospitalizado ou morreu. "No entanto, não fomos capazes de determinar adequadamente seu efeito contra infecções graves e contra hospitalização, uma vez que os indivíduos eram predominantemente adultos jovens saudáveis", disse o porta-voz da AstraZeneca.

No entanto, com base nas respostas imunológicas detectadas em amostras de sangue de pessoas que receberam a vacina, os cientistas afirmam acreditar que a vacina ainda poderia proteger contra casos mais graves.

Se estudos confirmarem essa possibilidade, o país consideraria retomar o uso da vacina, disseram autoridades de saúde sul-africanas, neste domingo.

O teste, que envolveu 2.026 pessoas, com metade sendo o grupo placebo, não foi revisado por pares, disse o FT.

A Pfizer e a Moderna também observaram, a partir de estudos laboratoriais preliminares, que suas vacinas, embora protetoras, são menos eficazes contra o B.1.351. A Novavax e a Johnson & Johnson também sequenciaram amostras de teste de seus participantes de ensaios clínicos na África do Sul, onde B.1.351 causou a grande maioria dos casos —e ambos relataram menor eficácia em comparação aos dados dos Estados Unidos.

Os acontecimentos recentes, ocorridos quase uma semana após um milhão de doses da vacina AstraZeneca/Oxford chegarem à África do Sul, foram um enorme revés para o país, onde mais de 46.000 pessoas morreram do vírus. Trata-se também de mais um sinal dos perigos de novas mutações do coronavírus. A variante B.1.351 já se espalhou para pelo menos 32 países, incluindo os Estados Unidos.

"A Universidade de Oxford e a AstraZeneca começaram a adaptar a vacina contra esta variante e irão avançar rapidamente no desenvolvimento clínico para que esteja pronta para entrega no outono [do Hemisfério Norte], caso seja necessário", disse o porta-voz da AstraZeneca.

Na sexta-feira, Oxford disse que sua vacina tem eficácia semelhante contra a variante do coronavírus britânico, assim como contra as variantes que circulavam anteriormente.

Derek Francis , Andy Bruce , Benjamin Mueller , Rebecca Robbins e Lynsey Chutel
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