Descrição de chapéu Coronavírus

Sem medicamentos, São Sebastião vai pedir transferência de pacientes que precisem de intubação

Segundo prefeito de cidade do litoral de SP, hospitais estão sem sedativos e empresas não têm insumos para vender

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São Paulo

O prefeito de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, afirmou que a cidade terá de pedir transferência de pacientes de Covid-19 em estado mais grave, que necessitem de intubação, pois a rede municipal não tem mais medicamentos para realizar o procedimento.

O anúncio foi feito durante uma live do prefeito Felipe Augusto (PSDB), na tarde desta sexta-feira (19). Segundo ele, os fabricantes dos medicamentos —que servem para manter o paciente sedado durante o uso de ventilação mecânica— não têm conseguido atender o aumento de demanda causado pela piora da pandemia no país.

“Não temos mais medicamentos para intubar na UTI. Não existe como efetuar a compra desses medicamentos porque, segundo os fabricantes, estão indisponíveis no mercado, diante do aumento da demanda provocado pela pandemia. De acordo com os fabricantes, toda a produção agora será encaminhada ao Ministério da Saúde, que fará a distribuição ao município.”

A partir de agora, diz o prefeito, a secretaria municipal da Saúde vai pedir transferência desses pacientes para o Hospital Regional de Caraguatatuba, também no litoral norte, ou para a unidade que a Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde), do governo do estado.

“Vai ter respirador, vai ter leito, ainda tem médicos, mas não vai ter medicamento”, disse Augusto.

O secretário da Saúde de São Sebastião, Reinaldo Moreira, que também participou da live, afirmou que o pedido de transferência de pacientes será feito em razão da falta de insumos e não de leitos de UTI.

Fachada do Hospital de Clínicas de São Sebastião
Fachada do Hospital de Clínicas de São Sebastião - Jorge Mesquita/Divulgação da Prefeitura

A medida deve pressionar ainda mais o sistema de gestão de vagas no estado. Segundo o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, a taxa de ocupação nas UTIs do estado é de 90,6% e na Grande SP é de 91%. As internações continuam em alta, segundo ele.

O Hospital Regional de Caraguatatuba, segundo o prefeito, está perto do seu limite de ocupação, o que pode causar demora no atendimento das solicitações de vagas pelo município. São Sebastião tinha 38 pacientes com Covid internados até a tarde desta sexta, sendo 16 na UTI —dez intubados.

“A contaminação dessa nova cepa [variante] é rápida e atinge qualquer faixa etária. Nesta sexta-feira, deu entrada na UTI uma jovem de 24 anos, sem comorbidades, em estado grave”, disse o secretário.

A Folha publicou nesta quinta-feira (18) que o estoque de 22 medicamentos usados na intubação de pacientes está no limite no país. Segundo algumas estimativas, os insumos devem acabar em até 20 dias.

Preocupados com a falta dos medicamentos para intubação, prefeitos enviaram ofício ao presidente Jair Bolsona (sem partido) e ao Ministério da Saúde alertando a respeito do risco do esgotamento dos insumos e de oxigênio e pedindo “providências imediatas” para evitar o agravamento da crise sanitária.

Não é a primeira vez que a cidade registra problemas problemas em unidades hospitalares durante a pandemia. Em fevereiro, o Ministério Público apontou colapso na rede de oxigênio do Hospital de Clínicas de São Sebastião e citou possíveis mortes de pacientes com coronavírus devido ao problema.

Os relatos de funcionários sobre as mortes possivelmente causadas pela escassez foram revelados pela Folha no dia 15 de janeiro. Depois da reportagem, no dia 29, a Promotoria e a Defensoria Pública entraram com ação civil pública, tendo como partes a Prefeitura de São Sebastião e o Hospital de Clínicas.

Na ocasião, a Prefeitura de São Sebastião afirmou que apurava as denúncias e que não havia registro de que pacientes tivessem sido prejudicados por falta de oxigênio.

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