De gladiador a Judas, veja as confusões de Kleber no Palmeiras
Contratado com pompas de ídolo pelo então presidente Luiz Gonzaga Belluzzo em junho de 2010, o atacante Kleber deixa o Palmeiras com um repertório de críticas direcionadas ao treinador Luiz Felipe Scolari, dirigentes e até brigado com a torcida, que já foi sua maior aliada.
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O atacante foi anunciado nesta quarta-feira pelo Grêmio. O jogador estava afastado do elenco palmeirense após se desentender com Scolari por liderar um motim entre os jogadores do elenco. Na ocasião, o atacante teria sugerido que os atletas não viajassem para o Rio --onde o time iria enfrentar o Flamengo-- após o volante João Vitor se envolver em uma briga com torcedores.
Fernando Santos-17.dez.2010/Folhapress |
Kleber, como gladiador, apresenta a nova linha de bonecos miniaturas de jogadores do Palmeiras, em dezembro de 2010 |
No entanto, a desavença não foi a primeira entre os dois que eram unanimidades entre os torcedores quando retornaram ao clube alviverde. Kleber chegou com status de ídolo após sua primeira passagem, quando conquistou o Campeonato Paulista, em 2008. O atacante teve duas apresentações no Parque Antarctica: a primeira para 400 sócios-torcedores do programa Avanti e a outra para os torcedores no Parque Antarctica.
Idolatrado pela torcida, o jogador apoiou a contratação de Luiz Felipe Scolari, que foi concretizada dias depois de sua chegada.
"Temos de andar na linha e fazer tudo certinho para não termos problemas. Mas é importante manter uma obediência para que o Palmeiras faça um bom campeonato".
Porém, o clima tranquilo não durou muito tempo. Em julho, após o empate diante do Botafogo por 2 a 2, em casa, Kleber criticou a defesa.
Almeida Rocha-09.fev.2011/Folhapress |
O atacante Kleber treina na Academia |
"Foi infantilidade nossa ter cedido o empate. A gente precisa acertar a marcação. Levamos seis gols nos últimos dois jogos. Antes de eu chegar, o problema do time era o ataque. Agora é a defesa".
A declaração não foi muito bem recebida por Scolari, que no dia seguinte armou um cala-boca e proibiu os jogadores de falarem no gramado durante os jogos.
Um mês depois, Kleber voltou a cobrar o elenco, desta vez, com declarações fora das quatro linhas.
"Precisamos honrar a camisa e ter vergonha na cara para saber que todos os jogos no Brasileiro são difíceis e vale os mesmos três pontos. O time achou que venceria o Atlético-GO [derrota por 3 a 0] e não venceu. Temos que encarar todos os adversários com mais seriedade."
Dias depois, o atacante novamente cornetou o grupo :
"Parece que temos preguiça. A questão não é raça, Nós estamos acomodados, esperando as coisas caírem do céu. Temos que acordar."
Após criticar o elenco, Kleber disparou contra a diretoria que cogitava contratar o atacante Adriano, hoje no Corinthians, e o meia-atacante Ronaldinho, que está atualmente no Flamengo, reclamando dos salários atrasados.
"A gente precisa de jogadores ainda mais com a qualidade de Adriano e Ronaldinho. No entanto, não adianta trazer e não pagar o salário em dia. Os jogadores vão ficar descontentes. Tem que trazer reforços, mas tem que pagar o salário", afirmou Kleber, reclamando, em dezembro, dos dois meses de salários atrasados.
A primeira rusga entre Kleber e Felipão foi durante o Campeonato Paulista. O jogador, que se recuperava de contusão, foi curtir o carnaval e desfalcou o time. Com isso, o treinador reclamou da falta de profissionalismo.
Kleber não perdeu tempo e respondeu pelo Twitter.
"Não é a primeira vez que isso acontece. Já falou mal do time quando disse que era solteiro contra casado,falou mal do Lincoln, mal do Valdivia. E agora me criticou também.Nunca vi proteger a gente, mas o vi proteger treinador de time rival.Mas tudo bem", postou o jogador no Twitter. Ele também declarou que não aguentava mais ficar calado.
No entanto, a rusga durou pouco tempo e Kleber chamou o treinador de ídolo dias depois.
Depois de Felipão, o alvo de Kleber foi o presidente Arnaldo Tirone e o vice-presidente de futebol do clube, Roberto Frizzo. As críticas surgiram após o Flamengo manifestar interesse em sua contratação.
"Ao longo dos anos, a gente vê o que é a diretoria do Palmeiras. Com a diretoria não faço questão nenhuma de ter um bom relacionamento. Não quero sentar com o Frizzo, não quero conversar com o [o presidente Arnaldo] Tirone. Não quero aumento. Como eles dizem eu tenho contrato e vou cumprir o meu contrato. Se eles quiserem, liguem para o Pepe [empresário do jogador, Giuseppe Dioguardi]", disse em entrevista para a Band.
"Ele [Roberto Frizzo] está mais preocupado com o restaurante dele. Ele não vai ao clube todos os dias."
No período em que recebeu proposta do Flamengo, Kleber alegou contusão e ficou afastado do time, o que aumentou os rumores sobre uma possível negociação. O jogador ainda faltou ao treino e foi visto em uma boate. Porém, o jogador atuou pela sétima vez pelo clube na competição e encerrou os rumores.
Mas as confusões não pararam por aí. Na semana que antecedeu o clássico contra o Corinthians, a Gaviões da Fiel publicou uma ficha mostrando que o jogador era sócio da torcida. Kleber afirmou pelo atleta que na infância torcia para o Corinthians, mas que não chegou a ser sócio.
Divulgação-02.out.2011 | ||
Torcida do Palmeiras protesta contra o atacante Kleber, em outubro passado |
Após disparar contra todos, Kleber foi alvo da torcida. Aproximadamente 30 palmeirenses ficaram na porta do prédio do atacante, com faixas e rojões e músicas ofensivas a ele. Os torcedores também colocaram faixas de protesto contra o jogador, à frente do estádio Parque Antarctica, na sexta, além de pichar muros e queimar um boneco de Judas em referência ao jogador.
Kleber respondeu colocando uma imagem de judas no Twitter.
Antes de confirmar sua transferência para o Grêmio, Kleber afirmou que 80% do elenco não gosta do treinador Luiz Felipe Scolari. O Palmeiras negou a informação através do gerente Cesar Sampaio e do presidente Arnaldo Tirone.
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