Descrição de chapéu Copa Libertadores

Para ser global, Flamengo precisa antes derrubar seu tabu regional

Equipe carioca enfrenta o River Plate em busca da 1ª Libertadores em 38 anos

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Paulo Vinicius Coelho
Lima

Em toda a sua história, o Flamengo disputou apenas 19 partidas na capital do Peru, e todas elas num intervalo de 15 anos, de 1952 a 1967.

Mesmo sem pisar em solo limenho há 52 anos, impressionou a receptividade da marca rubro-negra: “Acompanho mais o futebol brasileiro do que o argentino. Gosto do Flamengo e também do outro clube onde jogou Paolo Guerrero... Como se chama?”.

Antonio de la Flor Viale, 45, administrador do restaurante La Tejas, em Miraflores, região central da capital peruana, se referia ao Corinthians, mas impressionou-se mesmo com o tamanho da torcida do Flamengo, presente para a primeira final da Libertadores em jogo único, neste sábado (23).

Jogadores do Flamengo durante treino em Lima, antes da final da Libertadores
Jogadores do Flamengo durante treino em Lima, antes da final da Libertadores - Guadalupe Pardo/Reuters

O procurador-geral de Laranjal do Jari (AP), Caio Flexa, percorreu três capitais de estado e três países para chegar ao Peru, com uma viagem de 36 horas. Nos últimos dias, houve torcedores de todos os estados brasileiros e também da Bolívia, de onde partiram com a faixa de uma torcida uniformizada.

O projeto do Flamengo inclui jogar bonito com seu técnico português e zagueiro espanhol. Cativar novos fãs em todo o globo, como Barcelona e Milan fizeram no passado. Ter jogadores internacionais cativou torcedores no Peru, por causa de Guerrero e Trauco, mas esbarra num velho tabu regional.

Nas finais de Libertadores entre brasileiros e argentinos, os clubes daqui estão em desvantagem de 5 contra 9. Ainda que, nesta década, Grêmio e Corinthians tenham saído vitoriosos das duas últimas decisões entre os países rivais, o Flamengo luta contra o retrospecto regional para expandir seu plano global.

Jorge Jesus disputará sua terceira final continental. Perdeu pelo Benfica as decisões de Liga Europa para Chelsea (2013) e Sevilla (2014), uma com gol de Ivanovic nos acréscimos, outra nos pênaltis contra os espanhóis da Andaluzia.

Das duas vezes, sofreu com desfalques. Na final de 2014, perdeu por suspensões os meias Salvio e Markovic e o volante Enzo Pérez, hoje destaque do River Plate. Em 2013, sofreu com a lesão do zagueiro argentino Garay, durante o segundo tempo. O substituto, o brasileiro Jardel, não marcou o sérvio Ivanovic no lance que deu a vitória ao Chelsea.

Neste sábado, Jesus não terá desfalques. Pela 6ª vez em 32 partidas, o treinador português poderá escalar seu time titular, já recitado como poesia: Diego Alves, Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís; William Arão; Éverton Ribeiro, Gérson e De Arrascaeta; Gabriel e Bruno Henrique.

Diferente de 38 anos atrás, quando venceu a Libertadores pela primeira vez, aquele Flamengo de Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico jamais havia se juntado e só seria formado com os 11 titulares clássicos depois de ganhar a Libertadores.

Rival do Flamengo, o River Plate tenta sua quinta conquista de Libertadores e disputa sua terceira final nas últimas cinco edições –ganhou em 2015 e 2018, além de 1986 e 1996. Mas tem respeito pelo time brasileiro, pela sua sequência de 25 partidas sem derrota.

O técnico argentino, Marcelo Gallardo, costuma se referir às grandes séries de invencibilidade com receio. Julga que esses momentos fazem jogadores pensarem ser invencíveis e, nesse momento, pode surgir a primeira derrota.

Do ponto de vista do negócio, o presidente do River Plate, Rodolfo D’Onofrio, teme o futuro das competições de clube do continente por causa da diferença financeira do Flamengo. Tem chamado à atenção para o fato de seu rival brasileiro receber 40 milhões de dólares de cota de TV, enquanto o River arrecada apenas 4 milhões.

Essa diferença financeira é um dos fatores que podem fazer o Flamengo se tornar um clube global. Para isso, precisa terminar com o tabu regional.

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