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Comentário de Fernanda Gentil sobre proibição de mulheres no futebol é verdadeiro

Brasileiras não puderam jogar legalmente de 1941 e 1983

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São Paulo

As Olimpíadas de Paris acabaram, mas a desinformação não para de circular. Na semana passada, antes mesmo de conquistar a medalha de prata, um comentário na CazéTV gerou dúvidas e comentários enganosos nas redes sociais.

"Como eu sempre digo, o futebol feminino não entra em campo só pela bola rolando. Entra em campo por muitas outras causas, por muitas outras bandeiras, não é só de hoje. Vem correndo atrás do tempo em que ficou congelado o futebol femino porque foi tratado como um crime, por muitos anos, digno de prisão, de cadeia. Então, tudo isso entra em jogo", afirmou a repórter Fernanda Gentil após a semifinal contra a Espanha, na última terça-feira (6).

Três mulheres com camiseta verde e amarela, do Brasil, bermuda azul e meia branca estão perto de bola. uma delas está saltando. Perto, uma americana, com uniforme azum e vermelho com uma faixa branca diagonal na barriga.
Seleção brasileira disputa a final contra os Estados Unidos nas Olimpíadas de Paris; time ficou com a prata, a terceira das mulheres no futebol olímpico - Mathilde Missioneiro - 10.ago.2024/Folhapress

Assim que ela terminou a frase, comentários como "é uma fake news a Fernanda falar que o futebol feminino foi tratado como crime! Crime é essa calúnia que ela está falando em rede" foram feitos. Mas a afirmação dela está correta.

A prática do futebol foi proibida para mulheres no Brasil por 42 anos, de 1941, durante a ditadura de Vargas conhecida como Estado Novo, até 1983, anos finais da ditadura militar.

O decreto-lei nº 3.199, de 14 de abril de 1941, dizia: "Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza".

Segundo texto publicado pela Agência Senado, dado que muitas mulheres ignoravam a até então velada proibição, o CND (Conselho Nacional de Desportos), órgão superior do esporte brasileiro à época, decidiu deixar o texto mais claro. "Em 1965, na ditadura militar, baixou uma norma enumerando os tais esportes incompatíveis. Além do futebol, elas ficaram expressamente proibidas de praticar futsal, futebol de praia, polo aquático, rúgbi, beisebol, halterofilismo e qualquer tipo de luta", diz a publicação.

Em 1977, houve uma tentativa oficial de acabar com a criminalização. Na época, a nadadora Maria Lenk, morta em 2007, argumentou a favor da descriminalização das mulheres no esporte nacional em uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).

De acordo com ela, "o veto às futebolistas se refletia negativamente em todos os esportes, inclusive nos autorizados pelo governo", no sentido de não se ter figuras femininas em quem se inspirar. Ela também negou um argumento dos defensores da proibição, o de que a disputa pela bola poderia impedi-las de ser mães.

Em 1979, o CND decidiu que as mulheres poderiam praticar os exercícios regulamentados pelas respectivas entidades internacionais, mas foi só em 1983 que a Fifa (Federação Internacional de Futebol) regulamentou a modalidade feminina do futebol e, portanto, passou a ser um esporte legal para as brasileiras.

E, falando em Olimpíadas, elas tiveram que esperar mais 13 anos. Foi só em Atlanta-1996 que as mulheres —do mundo todo— puderam disputar uma medalha no futebol. Já os homens jogavam oficialmente no evento desde Londres-1908 (nas duas edições anteriores do evento houve torneio de exibição) e, os brasileiros, desde Helsinque-1952. Em 72 anos, eles trouxeram sete medalhas (dois ouros, três pratas e dois bronzes) para o Brasil; elas, três pratas em 28 anos.

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É um projeto dedicado ao combate da desinformação nas redes sociais patrocinado pela Philip Morris Brasil.

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