O
que falta estudar na história brasileira
A
velha elite paulista
Boris Fausto
Colunista da Folha
Parto
do princípio de que, na pesquisa sobre a história
do Brasil ou de qualquer outro país não faz
muito sentido falar em lacunas a serem preenchidas. Melhor
será falar de campos novos, suscetíveis de exploração,
ou de reelaboração da interpretação
de processos, personagens, fatos históricos etc. Preencher
lacunas significaria dar idéia de um álbum a
ser completado, que, afinal, permaneceria estático
para sempre.
A partir daí, faço algumas sugestões
exemplificativas sobre temas com pressupostos metodológicos
diversos. Do ponto de vista dos grandes conjuntos sociais,
seria importante um estudo que aprofundasse o conhecimento
da ascensão e queda da velha elite e da classe média
paulista, a partir dos últimos decênios do século
19 até os anos 30 deste século,tendo como um
de seus eixos a crise aberta em 1929 -fator aparentemente
muito importante para a explicação da mobilidade
social ascendente e descendente.
Passando ao terreno da microhistória, o que não
diminui sua relevância, sugeriria um estudo sobre a
gripe espanhola, epidemia mundial que, em 1918, assolou também
os centros urbanos brasileiros. De um lado, esse estudo pode
iluminar temas significativos diversos, como o da desigualdade
do tratamento social diante da doença, o do sentimento
generalizado de ansiedade e medo, o das concepções
e da prática médica.
Leia
mais: O que falta estudar: O
pós-Segunda Guerra, por Angela de Castro Gomes
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