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Editorial: Chega de letargia
[publicado em 18 de dezembro de 1983]

Neste texto foi mantida a grafia original da época


Difícil decidir qual o comportamento menos edificante em relação à tese das eleições diretas para a Presidência da República -se o das oposições ou o dos diferentes matizes do oficialismo. Na dúvida, a opinião pública tem todo o direito de voltar sua indignação sobretudo contra os oposicionistas.

Embora confusa e tergiversante, a posição do presidente Figueiredo em face do tema torna-se mais compreensível quando se levam em consideração as pressões contraditórias a que está sendo submetido. Em sua tripla condição de chefe do Estado, do governo e de um partido político, ele não pode esquivar-se de ponderá-las e, na medida do possível, buscar sua conciliação.

Se não há nada de elogiável na atitude de grande parte dos PDS, que deseja conservar o privilégio odioso de indicar o futuro chefe do governo mediante o artifício desmoralizado desse Colégio Eleitoral -tão legal quanto ilegítimo- tal posição não é menos compreensível. Há uma enorme massa de interesses em jogo que ao menos explicam, sem justificar, o comportamento dos indiretistas. Ao mesmo tempo, a imagem e o conceito públicos do PDS têm sido bem defendidos por alguns de seus dirigentes, como o governador Roberto Magalhães, de Pernambuco, que apóiam firmemente as diretas. Mais firmemente do que muitos líderes da Oposição.

As chefias militares, empenhadas no propósito de fortalecer o caráter estritamente profissional das corporações a que servem, vêm reiterando que a deliberação sobre o problema cabe ao sistema político, em cujo ápice está o presidente Figueiredo.

Como explicar, porém, a letargia vergonhosa na qual afundam as oposições, paralisadas entre as idéias e as vantagens, incapazes de traduzir palavras em atos? Tamanha incapacidade de criar fatos políticos que expressem a irreversibilidade das diretas deve ser apontada como uma verdadeira traição aos respectivos programas partidários e à vontade transparente da opinião pública.

Amesquinhados pelo prolongado exercício da retórica e agora amolecidos pelas fumaças do poder, os dirigentes oposicionistas estão dedicados a disputar terreno uns com os outros.

Descumprem, assim, o mais simbólico dos compromissos que assumiram no passado. Certamente serão cobrados por isso no julgamento das responsabilidades pelo futuro do país.

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