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bolsa-família
24/10/2003
Programas sociais não são esmolas", diz secretária

A secretária-executiva do Bolsa-Família, Ana Fonseca, usou hoje a unificação dos programas sociais do governo para rebater a declaração do empresário Antonio Ermírio de Moraes, presidente do Conselho de Administração do Grupo Votorantim, que chamou ontem de "esmola" o Fome Zero, carro-chefe do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Hoje, logo após participar de debate na TV Câmara, ela disse que a crítica não procede porque o programa representa um "direito à cidadania" e vai ajudar a gerar empregos no país.

"O fato de dizer que é uma esmola está centrado em uma idéia de cidadania, de que não tem direito à renda se não tiver contribuído. Esse programa não é uma esmola, é um direito de cidadania. As pessoas têm direito e é um direito legal", afirmou.

Além de chamar o Fome Zero de "esmola", o empresário defendeu a substituição do programa por uma espécie de "Desemprego Zero". "Acho que o maior problema do Brasil é o desemprego. Não dá para ter desemprego zero, mas é preciso enfrentar o desemprego. Ninguém quer viver de esmola."

Para reforçar a argumentação, ela citou o caso do programa Bolsa-Escola, que condicionava a transferência de renda à freqüência escolar. "Quando no programa Bolsa-Escola se transferia recursos associados à obrigação de manter as crianças na escola, é ser realista. É aproximar a lei da possibilidade do exercício daquele direito. É isso o que acontece. Não é uma esmola. Todo cidadão tem direitos e deveres."

Empregos
Sobre a afirmação do empresário de que o governo deveria incentivar mais a geração de empregos do que criar programas de transferência de renda, Ana Fonseca declarou que, na medida em que as famílias carentes receberem os recursos do Bolsa-Família, haverá um incremento no comércio e outros setores em suas cidades.

"E não é também uma esmola porque, em termos comparativos o valor do benefício quase sempre triplica. Nós saímos de um valor médio de R$ 23 para um valor médio de R$ 76 a R$ 77. Esse recurso ao ser movimentado nos municípios provoca um fato extraordinário nas economias locais, porque movimenta mais o comércio, porque ele tem efeitos multiplicadores favoráveis à geração de ocupação e renda", disse ela.

Sem resposta
A secretária não quis responder às críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), à política social, em entrevista publicada na edição de ontem do jornal espanhol "El País".

Afirmando que "falta imaginação", FHC disse que "não existe coordenação administrativa" na área social do governo. "Eu pensava que ele [Lula] tinha um projeto para o país diferente do meu. Vejo que não."

Ana Fonseca afirmou que a crítica de FHC foi muito abrangente e não foi feita diretamente ao Bolsa-Família. "Traduzindo a declaração do ex-presidente ele criticou a política social, o que é muita coisa. Em nenhum momento ele citou o programa Bolsa Família."

RICARDO MIGNONE
D a Folha Online, sucursal de Brasília

   
 
 
 

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