HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
TRABALHO
27/10/2003
Exportações levam empregos ao interior

Apesar de o Brasil enfrentar uma das maiores taxas de desemprego de sua história, aumenta o número de vagas com carteira assinada no interior do país.
Crescimento das exportações agrícolas, fiscalização mais intensa e incentivos fiscais resultaram na expansão de empregos nas áreas não pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que só acompanha a variação do emprego em seis regiões metropolitanas do Brasil.

No interior de nove Estados foram abertos 497.347 postos de trabalho de janeiro a setembro deste ano, enquanto nas regiões metropolitanas dessas mesmas áreas foram criadas 153.107 vagas -menos de um terço. Os postos de trabalho criados no interior desses Estados representam quase 60% do total de vagas abertas no país no período.

Esses números são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), um dos indicadores do Ministério do Trabalho que medem o emprego formal. Isso é feito a partir de informações sobre admissões e demissões que as empresas têm de enviar mensalmente ao governo.

Sem pesquisas
Não há pesquisas mensais para avaliar o comportamento do emprego no interior do país. Por isso, as informações do Caged despertaram a atenção de quem estuda o mercado de trabalho.

Desde 2000, o interior se destaca na criação de vagas com carteira assinada na comparação com as regiões metropolitanas. Só que, neste ano, o número de vagas abertas no interior (saldo entre admissões e demissões ou desligamentos) já é três vezes maior do que o criado nas áreas urbanas.

De nove Estados -Pará, Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul- nos quais o Caged obtém informações de emprego, só dois -Ceará e Rio- registraram, de janeiro a setembro deste ano, maior aumento de vagas nas regiões metropolitanas. Nos outros sete Estados, o interior estimulou o aumento do emprego formal.

O crescimento de postos de trabalho com carteira assinada no interior do Brasil neste ano surpreendeu até mesmo o governo, que já estuda a possibilidade de realizar pesquisas para medir o mercado de trabalho -formal e informal- nessas regiões.

O ministro do Trabalho, Jaques Wagner, já admitiu que é uma falha não acompanhar o mercado de trabalho no interior e que é preciso viabilizar recursos para estender as pesquisas para as cidades mais distantes. Até porque apenas 28% dos 78 milhões de trabalhadores no país têm carteira assinada, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios) de 2002.

"O dinamismo do interior, a partir dos dados do Caged, nos surpreendeu e nos colocou uma questão: as taxas de desemprego do país verificadas em algumas regiões metropolitanas mostram o que acontece de fato no Brasil?", questiona Rosane Maia, coordenadora do Observatório do Mercado de Trabalho do ministério.

A partir dos dados do Caged, técnicos do ministério entendem que o emprego formal no interior subiu mais que nas regiões metropolitanas porque: 1) a agricultura, puxada especialmente pelas exportações, se tornou um dos setores mais ativos da economia e acabou levando outras empresas (como a de fertilizantes) para as regiões agrícolas; 2) as indústrias estão levando suas fábricas para o interior porque o custo é menor e porque as regiões metropolitanas já estão saturadas; 3) o governo Lula intensificou a fiscalização no interior, especialmente nas áreas rurais, o que resultou no aumento do número de carteiras assinadas; 4) os incentivos fiscais para uma empresa se instalar no interior também são, na maioria das vezes, mais atraentes do que os oferecidos nos grandes centros.

Destaques
O interior de São Paulo, de Minas Gerais e do Paraná lidera o ranking de criação de vagas formais neste ano. Nessas regiões foram abertas 249,6 mil, 85,3 mil e 72,9 mil vagas, respectivamente.

Os setores que puxaram o emprego foram agricultura, pecuária, indústrias de alimentos e bebidas e álcool, calçados, comércio varejista e serviços (imóveis, transportes e comunicações).

Claudia Rolli e Fátima Fernandes
Folha de S. Paulo


   
 
 
 

NOTÍCIAS ANTERIORES
27/10/2003 Bancos fazem sucesso dentro de favelas
24/10/2003 Pobreza afeta ao menos 1 bilhão de crianças
24/10/2003 "Programas sociais não são esmolas", diz secretária do Bolsa Esmola
24/10/2003 Relatório do Bird diz que Brasil é campeão de desigualdades econômicas
24/10/2003 Souza Cruz reage a campanha antifumo
24/10/2003 No campo, 29,8% dos adultos são analfabetos, diz estudo do Inep
24/10/2003 Reforma de imóvel terá verba do FGTS
24/10/2003 Violência segue riqueza, aponta estudo
24/10/2003 Verba para saúde deve vir de cortes
24/10/2003 Após alterações, Câmara aprova estatuto
24/10/2003 Lula critica resistência à fusão de programas
23/10/2003 Motorista passará a ter 3 chances para recorrer de multas de trânsito