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Dia 17.01.01

Marajás paulistanos

Os salários dos servidores da Câmara Municipal são inchados por irregularidades, mantidas graças à convivência da burocracia e dos vereadores.

É o que permite um aposentado ganhar até R$60 mil mensais. Ou um servidor embolsar um salário de R$25 mil, bem mais do que o vereador (R$4.500) ou o prefeito (R$6.000).

Uma investigação encomendada pelo presidente da Câmara, José Eduardo Cardozo, que deve ser divulgada hoje, detectou que as gratificações acumuladas pelo funcionário não incidem no salário-base, como determina a lei.

Os contracheques são beneficiados por um efeito cascata. O reajuste é calculado em cima de rendimento total, incluindo os benefícios garantidos pelo tempo de serviço - o que, segundo o Ministério Público, é ilegal. Deveria ser levado em conta apenas o salário-base.

O truque das incorporações irregulares é apenas mais uma descoberta do que o presidente da Câmara chama de "a biblioteca do Umberto Eco". No livro "O Nome da Rosa", Umberto Eco criou uma inacessível biblioteca medieval, construída em formato de labirinto. "Cada dia é uma surpresa", diz José Eduardo.

Desde que tomou posse, ele ficou de boca aberta ao ser informado de que dois dentistas estavam lotados em seu gabinete. Seis funcionários, também lotados em seu gabinete, abocanhavam, cada um, R$3.500 mensais, para cuidar de um painel eletrônico das votações; um painel que quebra frequentemente.

Já há informações públicas - e não menos assustadoras - da "biblioteca". Cada vereador tem o direto de contratar até 21 assessores e consumir R$90 mil mensais. Alguns vereadores, desgostosos com seu salário, cobravam um "imposto" de seus assessores.

Como os gabinetes acabam recebendo funcionários cedidos pelo Poder Executivo, sobram indícios de que o poder público esteja financiando fantasmas.

O PT sabe que vai mexer num vespeiro, capaz de desagradar até a alguns de seus vereadores. Mas também sabe que, se não moralizar a Câmara, sai desmoralizado, depois de ficar por tanto tempo com o dedo apontado para falcatruas legislativas.

Descobrir bandalheiras sempre traz riscos - para quem investiga ou para quem é investigado. A biblioteca do livro "O Nome da Rosa", por exemplo, pegou fogo.

 

 
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