Burrice
e inteligência na Vila Olímpia
Apaixonado
por caça submarina, Adalberto Bueno Netto criou, na
década de 80, uma academia especializada em esportes
aquáticos. Ocupou quase um quarteirão inteiro
na Vila Olímpia - um empreendimento impossível
de ser reproduzido hoje naquelas imediações,
exceto se alguém quisesse afundar o investimento.
Não
se imaginava, até então, a explosão dos
preços dos terrenos no bairro, apelidado de "vale
do Silício brasileiro". Ali se aglutinam empresas
de alta tecnologia, especialmente de Internet. A sofisticação
está, porém, enclausurada em alguns dos metros
quadrados mais caros da cidade.
Os prédios
são inteligentes, o capital humano é dos mais
sofisticados, mas as ruas são "burras" -
inseguras, feias e sem espaço para pedestres.
Uma experiência
tenta reduzir a distância entre a "inteligência"
dos prédios e a "burrice" das ruas - mais
precisamente numa área entre as avenidas Juscelino
Kubitschek, Nova Faria Lima, Nações Unidas (marginal
Pinheiros) e Bandeirantes e a rua Ribeirão Claro. "A
Vila Olímpia é o país do futuro cercado
do país do passado", diz Adalberto Bueno Netto,
presidente da Colméia, entidade dos moradores que caça
o apoio das empresas.
A julgar
pelo faturamento das empresas do bairro - a Eletropaulo é
uma delas -, dinheiro, em tese, não falta. Dando início
à experiência, começaram a rodar, nesta
semana, peruas doadas para fazer segurança. Uma empresa
de vigilância privada preparou, em parceria com as polícias
Civil e Militar, a estratégia de policiamento preventivo.
O projeto
prevê intervenções, como melhoria nas
calçadas, na iluminação e nas sarjetas,
drenagem, assim como ofertas de áreas de lazer e de
atividades culturais. Foi pedido à Eletropaulo que,
para melhorar a paisagem, ocultasse os postes e enterrasse
os fios no subsolo, acabando com o "efeito varal"
das ruas, e permitisse o crescimento de árvores. A
resposta ao pedido é, por enquanto, positiva.
Nessa
reformulação urbana, haveria até transporte
de graça. Para diminuir o tráfego de veículos,
especialmente de ônibus, seriam oferecidas, gratuitamente,
vans para circular nos pontos mais congestionados. "Queremos
fazer a mais importante experiência urbana do Brasil",
afirma José Paim, vice-presidente da Colméia
e presidente da YPO, entidade que reúne alguns dos
mais importantes jovens executivos brasileiros.
| |
| Subir
| |
|