Home
 Tempo Real
 Coluna GD
 Só Nosso
 Asneiras e Equívocos 
 Imprescindível
 Urbanidade
 Palavr@ do Leitor
 Aprendiz
 
 Quem Somos
 Expediente
   

Dia 16.05.01

Apagão charmoso

Quando Kátia Vasconcelos abriu uma pequena oficina para produzir velas artesanais, não estava preocupada em ganhar dinheiro. Afinal, basta-lhe o suficiente para sobreviver; produção em série é, para ela, uma ofensa, uma deturpação da arte.

Sua paixão é descobrir novas formas na cera e mesclar cores com aromas, usando flores, cascas de árvores e frutas, que, combinadas com a luz, teriam o dom de alterar o estado psicológico das pessoas - as velas proporcionariam uma espécie de terapia, acredita Kátia, que vive nos fundos de uma casa na Vila Madalena. Receita velas como se receitam remédios.

Mas os planos da artesã foram alterados pelo medo da escassez de energia: o sossego da oficina é, agora, perturbado pela enxurrada de pedidos dos restaurantes em busca de uma solução charmosa para não afastar os clientes na hora do apagão.

Encomendam-se velas para todos os ambientes: do banheiro à cozinha.

Das trevas, Kátia consegue vislumbrar um avanço espiritual nos apagões: "Serão momentos de interiorização. Não haverá tanto apelo visual, tudo isso vai promover um movimento interno", raciocina, numa tese que, pelo menos na Vila Madalena, conta com adeptos.

Gente poderosa, por motivos bem diferentes, está convencida de que a crise pode dar mais charme à cidade.

O secretário estadual do Meio Ambiente, Ricardo Tripoli, enxerga no medo da escuridão a chance de apressar o projeto de despoluição do rio Pinheiros. Já recebeu, na semana passada, sinais positivos do presidente Fernando Henrique Cardoso, do ministro do Desenvolvimento, Alcides Tápias, e do governador Geraldo Alckmin. "Ganhamos força", comemora Tripoli.

A razão é simples: despoluídas, as águas do rio Pinheiros podem voltar a ser bombeadas para a represa Billings e daí a uma hidrelétrica em Cubatão. Gera-se, assim, um excedente de energia.

Diante do interesse governamental em liberar recursos, Tripoli suspendeu a licitação da obra, a ser entregue à iniciativa privada, que pagaria a despoluição e ganharia, em troca, energia barata. "Se vier dinheiro público, tudo vai sair mais rapidamente", informa Tripoli, que prometeu nadar, já no próximo ano, nas águas do Pinheiros, cujas margens se transformam num jardim.

 

 
                                                Subir    
   ANTERIORES
c
  Chique é andar a pé
  Rua da segurança
  Marketing no parque
  Amores possíveis
  Procuram-se anjos
  Não é fantasia
  Ronda aérea contra o crime
  O esgoto vai virar lazer?
  Amor no Carandiru
  Clube fechado
  Gente no lugar de carro
  O paradisíaco Carandiru
  Rodízio em Crise
  Polícia do lixo
  Cidade deficiente
  Fora dos trilhos
  Marajás paulistanos
  Palácio belezura