Rock
é bom contra crise
Issao Minami é professor de Comunicação
Visual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e tem
dois filhos roqueiros. Aparentemente desconexos, esses dois
fatos da vida do professor colaboraram para que se desenvolvesse
uma das raras ilhas de prosperidade em meio à decadência
urbana paulistana.
Dois anos
atrás, Issao acompanhou os dois filhos, Yuhu e Ken,
que foram fazer compras na Galeria do Rock, localizada numa
das regiões mais deterioradas do centro da cidade,
entroncamento da rua 24 de Maio com a avenida São João.
Entusiasmado
com o "agito" de roqueiros, Issao propôs a
seus alunos que oferecessem um projeto de comunicação
visual à galeria. "A universidade se esquece de
que, além de formar trabalhadores, deve prestar serviços
à comunidade", afirma.
A proposta
foi apresentada quando os lojistas já se organizavam
para manter a clientela e afastar o clima de decadência
do centro antigo de São Paulo. "Quando cheguei
aqui, a galeria parecia uma caverna, com ratos e baratas",
relembra Luiz Calanca, primeiro lojista a vender discos de
rock. "Era um caos. Nem a polícia entrava",
recorda Antônio Souza Neto, atual síndico da
Galeria do Rock.
Antônio
Souza Neto foi um dos líderes do movimento empreendido
para que a galeria se especializasse na venda de CDs e de
produtos para os aficionados do rock -de discos raros a roupas.
No auge da crise, apenas cem lojas estavam alugadas. A reforma
do visual realizada pelos estudantes da FAU contribuiu para
que ocorresse um dos fenômenos de São Paulo:
as 450 lojas estão alugadas. E há fila para
conseguir espaço.
Afinal,
a galeria atrai cerca de 20 mil jovens nos finais de semana.
Devido a esse movimento, prosperam nas imediações
lojas que vendem produtos da cultura "hip hop".
E foi esse um dos fatores que fizeram que o Sesc convidasse
Paulo Mendes da Rocha, um dos mais renomados arquitetos brasileiros,
autor da reforma da Pinacoteca do Estado, a transformar um
prédio velho, que fica a poucos metros da galeria,
num centro cultural especialmente voltado à música.
Semana
passada, fotógrafos saíram para registrar a
"alma" do centro histórico, num projeto da
Secretaria da Cultura. Escolheram, entre imagens que revelam
a essência do que é ser paulistano, ao lado da
histórica praça da Sé e do Pátio
do Colégio, o território livre dos roqueiros.
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