Um
conselho que valeu milhões
Há
oito anos, a escola Vera Cruz, à procura de um terreno
para ampliar suas instalações, pediu a ajuda
do urbanista Cândido Malta. O conselho valeu, literalmente,
milhões de reais -e vai valer ainda mais.
Na sua
tese de pós-graduação, o urbanista apostava
em uma inexorável revitalização da orla
ferroviária da cidade de São Paulo. "Segui
as apostas da minha tese", diz. Recomendou à escola,
localizada no contorno do seleto e aprazível Alto de
Pinheiros, que comprasse um terreno numa área degradada,
suja e congestionada próxima ao Ceasa; o metro quadrado
custava, à época, R$ 80. Sugestão aceita.
Desde
então, aquele terreno teve seu valor quase triplicado.
Mas isso ainda é pouco se comparado à futura
valorização, que certamente ocorrerá
quando o Ceasa tiver suas instalações transferidas
de lá, uma área invadida diariamente por um
enxame de 17 mil caminhões. Estima-se que, após
essa mudança, o metro quadrado daquela região
suba para, pelo menos, R$ 800.
As secretarias
estaduais da Agricultura e dos Transportes encontraram um
lote ao lado do Rodoanel para abrigar o Ceasa. A mudança
será vital para os próprios atacadistas, incomodados
-e perdendo dinheiro- com o congestionamento das marginais.
De quebra, a nova área deverá abrigar também
o centro cerealista nas imediações do parque
D. Pedro, onde está instalada a prefeitura.
Involuntariamente,
Cândido Malta está ajudando a tirar sua tese
acadêmica do papel. Ele foi escolhido para planejar
a expansão da Universidade de São Paulo, preparando-a
para receber mais alunos e permitindo a eles acesso ao transporte
público.
Já
está negociando com o governo estadual a construção
de uma estação do metrô na marginal Pinheiros,
que daria acesso direto ao campus da USP e serviria ao shopping
Villa-Lobos. As estações seriam usadas como
espaços culturais, aproveitando a clientela intelectualmente
sofisticada da universidade.
O grande
vitorioso desse movimento de revitalização é
o BNDES, dono do terreno do Ceasa: o lote deverá atingir
em leilão um preço várias vezes superior
ao que tinha quando o banco o recebeu do governo de São
Paulo como pagamento de dívidas. Ainda mais se sair,
de fato, a despoluição do rio Pinheiros -o início
está programado para este ano.
|
|
|
Subir
|
|
|