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Dia 31.10.01

Cães e cantores fora do Ibirapuera

Uma antiga cena paulistana está com os dias contados: o treinamento de pastores alemães no parque Ibirapuera. Por ordem judicial, os cães e seus treinadores estão sendo despejados - e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente comemora.

Talvez a satisfação das crianças que assistiam ao adestramento fosse a razão de os cães gozarem de um raro privilégio. A Associação Paulista de Cães Pastores Alemães ocupava, sem pagar nada, uma área quase do tamanho do campo ao lado da avenida IV Centenário - e, ainda por cima, cobrava pelos serviços de adestramento.

A retirada dos pastores alemães faz parte do plano de "acalmar" o parque. "Já passou dos limites", queixa-se Stela Goldenstein, secretária municipal do Meio Ambiente, convencida de que o Ibirapuera não tem condições de abrigar tantos eventos. "Vir ao parque, em certos dias, virou mais um estresse paulistano."

Não são apenas os cães que perdem espaço. Estão na mira da secretária os shows, que atraem até centenas de milhares de espectadores. Ao final deles, o cenário é desolador: vegetação destruída, árvores atacadas, lixo espalhado, lago sujo. Na lógica da economia de mercado, os consumidores atraem os ambulantes, produzindo ao seu redor rastros de papéis e embalagens. "Nas segundas-feiras, o parque parece um depósito de lixo", reclama Elizabeth Barbi, professora do Colégio Santa Cruz.

Como muitos espectadores se comportam como animais, Stela ordenou o fim dos megashows, sugerindo que sejam realizados, por exemplo, no Sambódromo ou na praça Charles Müller, em frente ao Pacaembu.

Um parque, na visão da secretária, é um espaço de relaxamento, de convivência, mais adequado à música erudita que ao rock - mas é o próprio poder público que programa os espetáculos populares, amparado no marketing cultural.

Devido à aglomeração, o parque frequentemente entra na rotina da violência, como ocorreu na semana passada. Na noite de quinta-feira, quando saía do Ibirapuera, o jogador de basquete Ricardo Moreira recebeu um tiro que, segundo ele, teria sido disparado por um guarda-civil que o teria confundido com um marginal. "Acho que acabou minha carreira de jogador", lamenta.

 

 
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