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marciafk@uol.com.br
  21 de abril
  Café requintado não é requentado
 
O Brasil é o maior produtor de café do mundo.
O Brasil é o maior exportador de café do mundo.
O Brasil é o segundo maior consumidor de café do mundo.
Fim das estatísticas; acontece que ainda não atribuímos o devido valor ao que automaticamente ingerimos, mesmo com tanta intimidade.
Consumimos um café tinto, exageradamente torrado e disfarçado em bebida certa.
Quando hiper torrado, seus defeitos se ocultam, então bebemos bebida torrada, camuflada.
Dos nossos grãos, acomodados em trinta e cinco milhões de sacas por ano, destina-se a maior parte ao mercado externo. Consumimos doze milhões de sacas de qualidade inferior.
Enviamos café para a Europa, Japão e Estados Unidos, (embora este ainda prefira comprar da Guatemala, Colômbia, Costa Rica, Nicarágua e México).
Estamos começando a reconstruir a nossa imagem, atingindo mercados internacionais mais seletivos no que se refere a padrão de qualidade, pois maltratamos por muito tempo nosso produto, dedicando-se a estratégia pobre de espírito de se trazer divisas pela demanda e não pela qualidade. Mercado consumidor orientado pelo preço. Estamos ficando ligados em qualidade, mesmo que ainda de maneira tímida, devido a crescente explosão do mercado consumidor de cafés expressos, extraídos na frente do consumidor.
Estamos aprendendo a beber café, um hábito tão nosso. Café requentado, ou acondicionado por horas em cafeteiras elétricas, ou produzido com água de torneira, não podem fazer do início da rotina matinal ou do final da refeição, um momento de satisfação gustativa.
O café pode ser coado em filtros de pano, papel, cafeteiras de múltiplos desenhos, mas deve ser um bom café. O hiper adoçamento da bebida, a necessidade quase que imediata de (para quem fuma) tragar um cigarro quase que simultaneamente ao último gole, tem o objetivo de tirar do palato o sabor que finge falar-se por si só. Um bom café perpetua seu sabor e aroma por algum tempo, completando de forma feliz o final de uma refeição, ou mesmo quando bebido simplesmente.
Não é a máquina de café expresso que determina a qualidade da bebida, e sim a qualidade do grão que colocamos na máquina. A pressão que a máquina de expresso utiliza para extrair o café é nove vezes maior do que a encontrada nos processos tradicionais de filtragem. Isso acaba enfatizando tanto a qualidade do pó quanto os seus defeitos. Pode-se tomar cerca de oito doses diárias de um bom café, sem trazer malefícios a saúde, como gastrites e outros males do gênero. Consumimos predominantemente uma mistura de grãos de baixa qualidade, como exemplo o Conilon e o Robusta e todos os seus defeitos (grãos verdes, ardidos, etc) e um alto teor de cafeína.
Já que possuímos o hábito de oferecermos café como cortesia para nossos clientes, para nossos amigos, para quem vem a nossa casa ou ao nosso estabelecimento, vamos pesquisar um pouco mais a procedência do produto na hora da compra, a região a que pertence (Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Mogiana...), e o selo de qualidade. Lembrando que o barato sai caro, e prestigiando este produto simpático e imprescindível, vamos delegar ao café a mesma felicidade que encontramos ao degustar a taça de um bom vinho.
Afinal, o Brasil é o maior produtor de café do mundo.


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17/04/2000 - Comer e navegar: é preciso


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