|
|
O
Brasil é o maior produtor de café do mundo.
O Brasil é o maior exportador de café do mundo.
O Brasil é o segundo maior consumidor de café do mundo.
Fim das estatísticas; acontece que ainda não atribuímos o
devido valor ao que automaticamente ingerimos, mesmo com tanta
intimidade.
Consumimos um café tinto, exageradamente torrado e disfarçado
em bebida certa.
Quando hiper torrado, seus defeitos se ocultam, então bebemos
bebida torrada, camuflada.
Dos nossos grãos, acomodados em trinta e cinco milhões de
sacas por ano, destina-se a maior parte ao mercado externo.
Consumimos doze milhões de sacas de qualidade inferior.
Enviamos café para a Europa, Japão e Estados Unidos, (embora
este ainda prefira comprar da Guatemala, Colômbia, Costa Rica,
Nicarágua e México).
Estamos começando a reconstruir a nossa imagem, atingindo
mercados internacionais mais seletivos no que se refere a
padrão de qualidade, pois maltratamos por muito tempo nosso
produto, dedicando-se a estratégia pobre de espírito de se
trazer divisas pela demanda e não pela qualidade. Mercado
consumidor orientado pelo preço. Estamos ficando ligados em
qualidade, mesmo que ainda de maneira tímida, devido a crescente
explosão do mercado consumidor de cafés expressos, extraídos
na frente do consumidor.
Estamos aprendendo a beber café, um hábito tão nosso. Café
requentado, ou acondicionado por horas em cafeteiras elétricas,
ou produzido com água de torneira, não podem fazer do início
da rotina matinal ou do final da refeição, um momento de satisfação
gustativa.
O café pode ser coado em filtros de pano, papel, cafeteiras
de múltiplos desenhos, mas deve ser um bom café. O hiper adoçamento
da bebida, a necessidade quase que imediata de (para quem
fuma) tragar um cigarro quase que simultaneamente ao último
gole, tem o objetivo de tirar do palato o sabor que finge
falar-se por si só. Um bom café perpetua seu sabor e aroma
por algum tempo, completando de forma feliz o final de uma
refeição, ou mesmo quando bebido simplesmente.
Não é a máquina de café expresso que determina a qualidade
da bebida, e sim a qualidade do grão que colocamos na máquina.
A pressão que a máquina de expresso utiliza para extrair o
café é nove vezes maior do que a encontrada nos processos
tradicionais de filtragem. Isso acaba enfatizando tanto a
qualidade do pó quanto os seus defeitos. Pode-se tomar cerca
de oito doses diárias de um bom café, sem trazer malefícios
a saúde, como gastrites e outros males do gênero. Consumimos
predominantemente uma mistura de grãos de baixa qualidade,
como exemplo o Conilon e o Robusta e todos os seus defeitos
(grãos verdes, ardidos, etc) e um alto teor de cafeína.
Já que possuímos o hábito de oferecermos café como cortesia
para nossos clientes, para nossos amigos, para quem vem a
nossa casa ou ao nosso estabelecimento, vamos pesquisar um
pouco mais a procedência do produto na hora da compra, a região
a que pertence (Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Mogiana...),
e o selo de qualidade. Lembrando que o barato sai caro, e
prestigiando este produto simpático e imprescindível, vamos
delegar ao café a mesma felicidade que encontramos ao degustar
a taça de um bom vinho.
Afinal, o Brasil é o maior produtor de café do mundo.
Leia
colunas anteriores
17/04/2000 - Comer e navegar:
é preciso
|
|