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  4 de julho
  Guerra da fumaça
 
Documento reservado da Philip Morris, divulgado ontem pela Folha de S. Paulo, desvendou a estratégia da indústria do fumo para a América Latina _ e contaminou a imagem da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
O documento traça como plano disseminar o discurso de que limitar a propaganda é cercear a liberdade informação _ o discurso, segundo o texto, deveria ser apresentado pelas associações de rádio, TVs e agências de propaganda.
Natural que as milionárias contas de cigarro seduzam quem vive de publicidade, mais preocupado com seu bolso do que com a saúde pública.
É uma guerra desigual. De um lado, milhões manipulados por hábeis publicitários, em horário e espaços nobres, atraindo o consumidor, fazendo-o esquecer que fumar é um gesto que beira a insanidade, tantas são as estatísticas mostrando a relação entre cigarro e câncer ou doenças do coração.
De outro, com poucos recursos, gente preocupada em educar a população, especialmente os jovens.
Coincidência ou não, o discurso da Abert e dos representantes de publicitários parece seguir à risca a estratégia da Philips Morris. E, pelo jeito, vai bem: conseguiu postergar a decisão, no Congresso, que limita a propaganda de cigarros.
Quando entidades ligadas aos meios de comunicação são cercadas de suspeita de fazer lobby para uma indústria que mata e paralisa, acabam se aliando, queiram ou não, aos deseducadores, vistos com desconfianças pela opinião pública.
Eles sabem disso: afinal, ninguém gostaria de ver seu filho ou neto fumando. E, se for bom pai ou avô, vai tentar demover aquele vício.
No final das contas, é a própria imagem da imprensa que, indiretamente, sai arranhada _ e, aí sim, um perigo à liberdade de informação.


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