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29 de dezembro

  O Gabeira está certo
Onda por onda, a do deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) é muito melhor do que a dos nacionalistas que chiaram por conta da Petrobrax. A questão política e midiática já foi resolvida. FHC mandou cancelar a troca do nome da Petrobras.

No entanto, descontada uma reação legítima contra essa tentativa provinciana de dar um ar de modernidade à nossa maior estatal em nome de supostos interesses comerciais, a reação negativa dos políticos governistas soou como oportunismo. Criticaram a Petrobrax devido à péssima repercussão na opinião pública e na imprensa.

E a choradeira oposicionista soou como o que realmente é _uma mistura de uma visão bem intencionada, mas atrasada, do que realemente é o patrimônio público brasileiro.

Nesse ponto, quem ficou com a razão foi o Gabeira. Ele disse que "o Brasil deveria ter vergonha da Petrobras" por associar o nome do país a um fonte de energia poluidora e que tem destruído a qualidade de vida no mundo. "Melhor seria associar o nome do Brasil às florestas da Amazônia, à maior reserva de água potável do mundo e à biodiversidade do país", afirmou.

Ecologicamente correta (o que já virou carimbo negativo), a posição de Gabeira foi a mais sensata na histeria que se instalou ontem em Brasília. De repente, todos viraram defensores da Petrobras, até aqueles que privatizaram quase todas as estatais do país. A reação negativa, porém, só veio depois da leitura das colunas dos formadores de opinião e das seções de cartas dos leitores.

De argumentos inteligentemente engraçados a uma visão que beirou a pieguice, o nome da Petrobras estava melhor defendido antes da entrada dos políticos em cena. Enquanto nacionalistas botocudos (como diz FHC quando quer desqualificar a oposição) e a vanguarda do atraso (governistas que aprovaram as reformas liberais na base da fisiologia) urravam em defesa do "s" de Brasil, Gabeira levantou uma questão importante.

Apesar de acreditar que, do ponto de vista de uma multinacional, o "x" de Brax fazia sentido, embarcando nesse embuste de melhor inserção internacional com a troca de nome, Gabeira deixou evidente uma triste verdade: o Congresso Nacional não tem idéia do que são recursos naturais na virada de um milênio que debaterá como nunca antes na História a necessidade de o homem preservá-los e usá-los de um modo melhor do que tem feito até hoje.




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