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Amir Labaki
labaki@uol.com.br
  27 de abril
  Quem tem medo dos curtas?
  Tenho encarado até dez minutos de anúncios comerciais antes mesmo dos trailers em várias salas de São Paulo. Havia uma lei limitando este absurdo. Foi-se com o desmonte que inaugurou a era Collor. Com todo o respeito ao negócio dos exibidores (e, por que não?, dos anunciantes), para ver comerciais basta a TV aqui de casa.
Muito melhor seria aproveitar este tempo devolvendo às telas os nossos curtas-metragens. Quem não gostaria de ir ao cinema neste final de semana e assistir a um dos três curtas brasileiros que acabaram de ser selecionados para Cannes? Ao invés disso, tome anuncie de carro, de chocolate, de lojas on line.
Com ou sem lei de obrigatoriedade, com ou sem o mítico "acordo entre produtores e exibidores", é mais que hora de devolver os curtas às telas. Nunca é demais lembrar que, no final dos anos 80, no auge das polêmicas contra a obrigatoriedade da exibição de curtas antes de filmes estrangeiros, uma pesquisa desta "Folha" mostrava larga aprovação da lei entre os espectadores.
O cinema nasceu curta e o curta continua a dar a luz às novas gerações de cineastas. Nem é preciso recorrer à história, dos Lumière à Chaplin, da "nouvelle vague" (Godard, Truffaut) ao novo cinema britânico (Greenaway, Davies). Lembremos apenas os nomes surgidos na recente retomada da produção nacional. Beto Brant, Carla Camurati, Cecílio Neto, Lírio Ferreira, Tata Amaral, mesmo Walter Salles, para ficar em alguns poucos (e que me perdoem os excluídos por falta de espaço), todos exercitaram-se no formato curta.
Vários deles puderam ter seus primeiros filmes exibidos para um público mais amplo devido à legislação tornada letra-morta. Nem só de operações no olho e de hagiografias canhestras vivia a "lei do curta", especialmente em seu período final.
Há já quase uma década empurra-se com a barriga a questão dos curtas. Tratam-na como um problema acessório, quase uma perda de tempo de discussões mais sérias -em geral, variações de "como vou subsidiar meu próximo longa?". Que fique claro: nada tenho contra o amparo estatal à produção cinematográfica, assim como à distribuição e mesmo à exibição de títulos nacionais. Mas não só de longas vive uma cinematografia. Basta ver a lista nacional em Cannes 2000.


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20/04/2000 - Cannes on line

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