|
Qual o maior comediante do cinema brasileiro? Quem perguntou primeiro
foi o Canal Brasil, a melhor emissora por assinatura produzida por
aqui. É só ir até o site
da emissora e registrar seu voto. Os atores e atrizes mais hilariantes
pautarão uma mostra especial em outubro próximo na emissora.
O diretor do canal, Wilson Cunha, garante que a idéia não veio da
recente pesquisa similar realizada nos EUA pelo American Film Institute,
"100 Years-100 Laughs" (100 Anos -100 Risos). "A gente
volta e meia faz (uma pesquisa do gênero), como qual o mais sexy",
lembra o crítico (clique aqui
para ver os filmes da lista norte-americana e confira artigo
publicado no caderno Ilustrada sobre o tema).
É interessante notar que a imensa maioria dos nomes que correm à mente
há muito deixou este mundo -ou ao menos o universo das comédias cinematográficas.
A função de nos fazer rir parece ter migrado do teatro para o cinema
e deste logo para a TV, provocando o vácuo atual. "Carlota Joaquina"
(1995), de Carla Camurati, foi a última comédia de maior empatia popular,
descontada a recordista série estrelada pelo gigante Renato Aragão.
Esta renúncia ao humor no cinema nacional deveria pautar ao menos
dois minutos de prosa no corrente 3. Congresso
Brasileiro de Cinema em Porto Alegre (leia um balanço na próxima
coluna). Se um levantamento sobre o melhor do cinema brasileiro fosse
feito com o público, não tenho dúvidas de que os preferidos da crítica,
como "Deus e o Diabo na Terra do Sol" e "Limite",
perderiam feio para chanchadas da Atlântida, variações eróticas como
"Dona Flor e Seus Dois Maridos" (ainda a maior bilheteria
do cinema brasileiro, lembre-se) ou sucessos dos Trapalhões.
O filme nacional abdicou de atender a este público, deixando este
papel para programas como "Casseta & Planeta", "Sai
de Baixo", "A Praça É Nossa" e ladeira abaixo. Para
a minoria que ainda frequenta as salas, sobra "Quem Vai Ficar
com Mary", Jim Carrey, Eddie Murphy ou insultos como o atual
"Vovó...zona". Erro crasso, outro, entre inúmeros.
O convite do Canal Brasil é algo mais complicado do que o do AFI.
Exige que apontemos artistas e não obras. Inúmeros gênios do riso
brasileiros tiveram poucas chances de solar em comédias sólidas no
todo. Penso em Ronald Golias, Chico Anísio, mesmo Jô Soares. Já a
geração da chanchada teve maior sorte.
Tudo somado, arrisco uma lista pessoal com meus dez favoritos hoje,
28 de junho de 2000, 18h, num hotel em Porto Alegre: Oscarito, Grande
Otelo, Renato Aragão, Paulo José (nosso Jack Lemmon), Hugo Carvana,
Wilson Grey, José Lewgoy, Zé Trindade, Zezé Macedo e Mesquitinha.
Sim, deixei de fora Mazzaropi, Dercy Gonçalves, Ankito, Jorge Doria,
Walter D'Ávila, Sônia Mamede, Antônio Pedro, já com algum arrependimento.
Mas lista é sempre assim. Mande a sua para mim ou para o Canal Brasil.
E torçamos juntos para que outubro não tarde.
Leia colunas anteriores
22/06/2000 - Uma visita a Bondland
15/06/2000 - Oscar 2001: "Bossa
Nova" ou "Eu Tu Eles"
08/06/2000 - Um certo John McCarten
1º/06/2000
- Secos e molhados
25/05/2000 - Muito além da palma
|