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lucio@uol.com.br
  12 de julho
  A coluna errou. Jota Quest é pior que Engenheiros
 
Ando meio estranho nestes dias.
No último sábado fui ao teatro. É. Você não leu errado. Te-a-tro. Local que jurei nunca mais pisar, desde que uma peça do Gerald Thomas lançou uma praga degenerativa em meu cérebro.
Para completar a esquisitice, segunda passada ouvi o disco novo do grupo mineiro Jota Quest, o "lançamento do momento", "o disco da hora", que está chegando às lojas.
Do teatro falo depois.
Agora... À primeira audição, "Oxigênio", o referido disco do grupo que cometeu "Fácil", destrói todo o esforço feito pelos 92 bravos leitores desta coluna, que colocaram os Engenheiros do Hawaii nos píncaros da ruindade.
O erro é meu. Devia ter esperado pelo menos uma semana para soltar a promoção dos piores de todos os tempos.
Mas a coisa está feita. A MTV não vai parar de mostrar o clipe, as rádios já andam tocando e vão tocar ainda mais, eles já têm 200 shows agendados pelo Brasil. Foi um erro de cálculo não ter segurado a votação.
"Oxigênio", o disco, é demais (de ruim). Vou me permitir só falar das três primeiras faixas deste álbum que chupa a capa do primeiro disco do "Rage against the Machine". Mas até aí tudo bem. A "inspiração" poderia vir de coisa pior.
"Oxigênio", a música, é puro rock’n’roll, no que pode se esperar de rock de uma banda dessas cujos caras (fofoca jornalística) mentem a idade.
A segunda faixa é "Dias Melhores", sensível letra e música de Rogério Flausino, com a impressionante parte "Dias melhores/ dias de paz/ dias a mais, dias que não deixaremos para trás" (?!?).
Aí vem uma para dançar, composta pela dupla Baby & Pepeu, que mostra um Jota Quest "malandro", conclamando sua galera: "É nóis na fita". É sério. E chega.

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Já o teatro, é o seguinte. O nome da peça é "A Vida É Feita de Som e Fúria". Pode acreditar: é diversão das melhores.
Dirigida e encenada por uma turma independente curitibana que enfrenta os palcos paulistanos pela primeira vez, "Som e Fúria" é a encarnação brasileira de "Alta Fidelidade", do escritor inglês Nick Hornby.
"Alta Fidelidade", já bem famoso entre os que de alguma forma gastam um tempo consumindo cultura pop, é um dos livros mais bacanas dos últimos anos.
O esquema de "Som e Fúria" é o do velho teatrão. Você ali sentadão e um sujeito na sua frente, também sentadão na maior parte da peça.
Ele incorporando um personagem e você incorporando a boa vontade de ficar ali por quase três horas, cara a cara com a dramaturgia nacional, só esperando o momento em que a tal dramaturgia vai jogar por terra um texto tão simples quanto brilhante da nova literatura britânica de livros para ouvir.
Só que esse momento nunca vem. O "gesto cênico" (é isso?) é espertamente misturado com oportunas intervenções visuais e soberbas intervenções sonoras. De Smiths a Beastie Boys, o pop rola alto em "Som e Fúria", tratado de desilusões amorosos regado a rock.
A culpa de a peça ser bem bacana é muito do ótimo ator Guilherme Weber, que a certa hora convence qualquer um que ele é o próprio Rob Fleming, o herói-perdedor de "Alta Fidelidade" que o mundo pop aprendeu a amar.
Enquanto a versão hollywoodiana do livro de Nick Hornby não chega (outubro), a peça "Som & Fúria" é a pedida. E olha que vai ser difícil uma outra peça ser recomendada por esta coluna.
"Som e Fúria" estará em cartaz em São Paulo de quinta (13) a domingo (16), dá uma parada, e volta de 26 a 30, sempre no teatro Sesc Anchieta, no centro.


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BOMBA, BOMBA

De volta ao velho rock. Enquanto o Rock in Rio 3 embaça o anúncio de suas atrações, a agenda de shows brasileira se mostra bem movimentada.
Para os próximos meses, Beck, Oasis, Deep Purple e Iron Maiden vão estar entre nós.
O cantor americano Beck desembarca no Brasil para shows em SP e Rio do Free Jazz, que rola em outubro. O Oasis tem agendados quatro shows no Brasil (SP, Rio, BH e Porto Alegre), muito provavelmente em agosto. Forte indício de que São Paulo veja a banda no dia 12 e o Rio no dia 13, faltando definir a data dos outros locais.
Uma reunião até o final da semana pode levar os shows para outubro. Vocês sabem que o Oasis anda turbulento. Mas que eles vêm, eles vêm.
O bicho pega em setembro, quando rola em SP uma edição brasileira do tradicional Ozz Fest, reunião da pesada comandada por Ozzy Osbourne. O festival acontece no dia 16 e terá Ozzy, Pantera, Megadeth, Machine Head e Soulfly.
O local deve ser o Pacaembu, mas falta confirmar.
Uma semana antes, show triplo do Deep Purple no Credicard Hall, dias 6, 7 e 8 de setembro. O Purple toca com uma orquestra sinfônica (xiiiii!!!!!) e conta com participação especial de Ronnie
James Dio. Para completar, Iron Maiden confirmado para o dia 7
de outubro, em apresentação única. É mole?


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PROMOÇÃO KIT PÂNICO

Confira quem, entre 102 votos, levou uma ótima camiseta, o CD da trilha sonora, um convite para 2 pessoas para ver o filme e um mouse pad de "Pânico 3".
Denis Moreira (que quer ver no Rock in Rio 3 as bandas NOFX, Pearl Jam e Foo Fighters; Sepultura, Skuba e Matanza)
Arvid J. Auras (Asian Dub Foudation, Foo Fighters e Rage against the Machine; Nec Plus Ultra (SC), Toyshop e Capital Inicial) e Carol Zambotto (Placebo, Garbage e Radiohead; Pin Ups, Gasolines e The Pullovers)

RESULTADO

E atenção, produção do Rock in Rio 3. Acompanhe as bandas que os leitores desta coluna querem ver nos palcos do festival: Atrações Internacionais
1º Radiohead 31 votos
2º Pearl Jam 30
3º Rage against the Machine 27
4º Foo Fighters e R.E.M. 24
5º Neil Young e Primal Scream 21
6º Oasis e Asian Dub Foundation 19
7º Beastie Boys e Moby 11
8º Chili Peppers, Chemical Brothers, Fatboy Slim 9
9º Pink Floyd, Pantera, Metallica e Sonic Youth 7
10º Hole, Iron Maiden, Blur, Pavement e Travis 6

Atrações Nacionais
1º Planet Hemp 22 votos
2º Sepultura 17
3º Raimundos e Wander Wildner 15
4º Ira 13
5º Ratos de Porão, Pin Ups e Lobão 12
6º Brincando de Deus, The Pullovers e Nação Zumbi 11
7º Inocentes, Maybees e Skuba 9
8º Capital Inicial 8
9º Mundo Livre, Racionais MCs, Autoramas e Pato Fu 7
10º Gasolines 6

Pode ficar sossegado. O Rock in Rio vai saber dessa votação. Se eles trouxessem 20% dessa votação, já daria para aguentar o que está sendo pedido no site oficial do festival.

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PROMOÇÃO DA SEMANA

O bicho pegou mais uma vez nesta semana, com e-mails entupindo minha caixa postal por causa da polêmica de quem é melhor: o "Pablo Honey", primeiro disco do Radiohead, ou "OK Computer", o terceiro da banda, obra-prima conceitual e tal e coisa. Não fiquei convencido. Então pensei: e se eu confessasse que gosto mais do "Bleach", o primeiro do Nirvana, do que do "Nevermind", o divisor de águas do rock desta década? Então a grande questão que vai te encostar na parede nesta semana é a seguinte: De quem você gosta mais:
Radiohead: do "Pablo Honey" ou do "OK Computer"?
Nirvana: "Bleach" ou "Nevermind"?
Oasis: "Definitely Maybe" ou "...Morning Glory"?
Filme: "Blade Runner" ou "Matrix"?
Seriado: "Friends" ou "Seinfeld"?
Filme: "Sexto Sentido" ou "Pânico"?
Brega: Sandy ou Marisa Monte?

Os que votarem na "escolha de Sofia" desta semana vão concorrer a uma parada das melhores desta coluna. Os três escolhidos no sorteio botarão a mão em um CD do Pearl Jam, o novo "Binaural", que virá acompanhado de uma camiseta bacana do filme "Premonição", terror dos bons que estréia nesta semana no Brasil. De quebra, vai junto com o pacote vencedor um convite duplo, para ver "Premonição" em qualquer cinema do Brasil que estiver passando o filme.
Tome o seu partido e mãos à obra.

Confira o regulamento aqui!

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O pop é dez
Confira abaixo a trilha sonora desta coluna, que ficará rolando durante uma semana na rádio Live365. Para ir direto, clique aqui.
Travis - "Coming Down"
Richard Ashcroft - "A Song for the Lovers"
Sparklehorse - "Happy Man"
Dandy Warhols - "Get Off"
Oasis - "Full On"
Crashland - "Glue"
Cat Power - "(I Can’t Get No) Satisfaction"
Ian Brown - "Love Like a Mountain (radio edit)"
Bidê ou Balde - "Melissa"
Skywalkers - "Susie"


Considerações: a proposta da programação da rádio, nesta semana, é não ter nenhuma proposta. São dez faixas escolhidas sem seguir nenhum tema, a não ser o da alta qualidade. São bandas que tocam nos principais festivais do mundo, mas que dificilmente virão ao Brasil, claro. Os errados sãos os festivais gringos. Abre o playlist o grande grupo escocês Travis, com "Coming Down", pérola britpop lançada recentemente em single, que deve pintar no terceiro álbum. Para destroçar corações, o ex-Verve Richard Ashcroft tasca sem dó a faixa que puxa seu recente álbum solo. Depois vem a excelente banda da Virgínia, o Sparklehorse, folkcountrypop de vanguarda. "Happy Man" chega a emocionar. Na sequência aparecem os tresloucados do Dandy Warhols, ótima banda de Portland, Oregon. Os Warhols comparecem com o single "Get Off", o primeiro a sair do novo álbum do grupo, recém-lançado. Agora é a vez do Oasis, "lado B" do single "Sunday Morning Call". Essa "Full On", segundo a Melody Maker, é Noel Gallagher pensando que está no Motorhead. Mais ou menos. Crashland, o próximo, é das gratas supresas a sugir na Inglaterra, um power trio que parece um Supergrass montado em 1977, em meio ao turbilhão punk. A bola baixa quando chega a banda americana de uma mulher só, a Cat Power, do cast da Matador, e que deve vir em breve ao Brasil. É sensacional a recriação do clássico dos Stones, mas sem citar o refrão grudento. Depois tem Ian Brown, fundador dos históricos Stone Roses, com um sonzinho para balançar. Aí é hora de a rapaziada brasileira mostrar seu valor. Duas bandas reclamando de mulher. A primeira música é um ótimo bubblegum do Bidê ou Balde, revelação da terra dos Engenheiros do Hawaii. Para o Bidê, a culpada é a Melissa. A segunda é da psicodélica banda paulistana Skywalkers, mandando ver na Susie, que parece merecer a sonzeira.
E é só.

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05/07/2000 - Engenheiros do Hawaii é a pior banda de todos os tempos
28/06/2000 - Dica para salvar o Rock in Rio
21/06/2000 - Missões bem possíveis
14/06/2000 - Luta armada e leitores de várias caras
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