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Vaguinaldo Marinheiro
vmarinheiro@uol.com.br
  24 de setembro
  Andréa pelada desnuda o avanço da indústria do entretenimento
 
Andréa era "ninguém" até que foi escolhida para participar de "No Limite", da Rede Globo. Mesmo assim, suas discussões com os outros participantes do programa viraram "notícia" no "Jornal Nacional" e em todos os jornais, revistas e sites.

Andréa agora posa nua para a "Playboy" e isso vira "notícia" em jornais, revistas e sites.

Com a enxurrada de matérias sobre Andréa e os outros "ninguéns" de "No Limite", a audiência do programa de TV cresceu. Jornais, revistas e sites que falaram, e falam, de "No Limite" vendem mais ou têm mais audiência.

Agora, toda essa falação vai fazer a "Playboy" da Andréa vender mais, e a indústria "cultural’’, ou melhor, de entretenimento, agradece porque está ganhando mais dinheiro.

Há algo de errado nessa ciranda?

Puristas vão dizer que sim. Que o Brasil está sucumbindo ao populacho, que tudo virou apenas uma busca desenfreada para atender o gosto da maioria inculta.

Também vão aproveitar o cinquentenário da TV no Brasil para lembrar que antes a televisão era muito melhor, que existia o teleteatro, que os casos especiais eram uma oportunidade de ver boa dramaturgia na telinha e que nos finais de semana eram exibidos os concertos para a juventude.

Tudo isso é verdade também, mas não adianta ter ataques de saudosismo, a TV mudou porque o país mudou.

No começo, o acesso à televisão era quase exclusividade de uma elite, porque o aparelho era caro e não era de primeira necessidade. Com o tempo, foi barateando e atraindo um público de mais baixa renda, que também consome.

Antes, exibia uma programação mais elitizada porque esse era o público alvo, o público que também interessava aos anunciantes.

Agora é preciso atrair aqueles que compram mercadorias a prestação, para assim poder vender o espaço publicitário a essas lojas que vendem a prestação. Por isso, no lugar de dramaturgia há ratinhos e congêneres.

Voltando ao caso Andréa, ele é apenas mais um aspecto dessa mudança. A peculiaridade é que ele desnuda de vez que a busca por esse público não é exclusividade da televisão, mas acontece em todos os meios.

Andréa não está só na TV, está nos jornais, está nas capas de revistas e agora anuncia que quer também escrever um livro. Ainda falta um disco, mas pode ser que ele venha por aí.

Isso tudo pode parecer novo para o Brasil. Mas já acontece há muito tempo na corte.

Qualquer um que for aos Estados Unidos na época de lançamento de um filme voltado ao grande público vai se sentir sufocado pelo excesso de itens relacionados ao tema.

O filme está no cinema, a TV mostra um making of, as livrarias vendem o roteiro, as lojas de roupas vendem a camiseta que estampa o cartaz, a loja de CDs vende o álbum com a trilha sonora, revistas trazem nas capas os atores do filme, a Internet promove bate-papos etc.

É assim que essa indústria do entretenimento funciona. Ela se auto-alimenta, se autopromove, cria notícias e personagens para ela mesma comentar e vender.

E isso vai ser cada vez mais a regra no Brasil quanto mais pessoas forem entrando numa classe média com possibilidade de consumo.

Pode estar embutido aí um fato curioso. Mas a piora da qualidade da TV e uma proliferação ainda maior de fenômenos multimídia como Andréa estão diretamente atreladas a uma melhora na economia, com a inclusão de mais pessoas nas faixas de consumo.

Isso pode ser visto por alguns como uma tragédia cultural e por outros como uma boa notícia econômica. Você decide.


RAZÕES PARA GOSTAR DE SER BRASILEIRO


A coluna da semana passada fez com que os internautas me enviassem críticas, não sugestões. Meus comentários sobre o governador Itamar Franco renderam acusações de ser "jornalista chapa-branca", puxa saco de FHC etc. Um leitor disse que falta a mim o "neurônio da consciência do ridículo". Sobrou também para o governador de São Paulo, Mário Covas. Um internauta afirmou que mais ridículo (que Itamar) "é um governador apanhar de professores e viver batendo boca com eleitores na rua!"

Por que eu estou contando isso? Porque é uma explicação para a listagem de razões para gostar de ser brasileiro ser acrescida nesta semana de apenas 11 sugestões, que seguem abaixo.

Toda a listagem é feita pelos leitores. Se você tiver alguma sugestão, mande para e e-mail vmarinheiro@uol.com.br

1- Para ver o Brasil desperdiçar tantas medalhas na Olimpíada

2- Porque aqui a igualdade social prevalece, o cidadão comum respeita todas as instituições, sejam elas governamentais ou não, nossos filhos têm futuro e não somos preconceituosos ou corporativistas, acredite!

3- Porque estou participando da história ao morar num país onde um trabalhador precisa de 60 anos para se aposentar e um político se aposenta com talvez dez anos. Num país onde funcionário público se aposenta com salário integral e um empresário, com R$ 1.200

4- Porque não há mal que dure para sempre. Chegará o dia em que esses políticos demagogos e aproveitadores que dirigem o Brasil deixarão de existir. E, no lugar deles, pessoas verdadeiramente patriotas farão as reformas estruturais que ninguém nunca quis fazer porque elas iriam contra seus interesses

5- Porque aqui eu tenho, no dia da eleição, de sair do meu egocentrismo particular e "democraticamente" ir para outro lugar e justificar o meu voto como protesto pela falta de escrúpulo dos "nossos" (não meus) políticos

6- Porque somos um país pacífico que tem o maior índice de morte por armas de fogo

7- Porque podemos festejar a miscigenação e termos vergonha de nossas origens, mantendo um preconceito cínico contra negros, nordestinos e índios

8- Porque aqui chamamos de mercenários todos aqueles que buscam algo melhor

9- Porque no Brasil há só um tipo de cerveja e não precisamos esnobar pedantismo para pedir uma específica em um bar e fingir gostar de uma cerveja aguada, amarga e sem gás. Também não precisamos ter culpa de não saber diferenciar uma stout de uma pale ale. Podemos curtir nossa simples e deliciosa cervejinha gelada com os nossos amigos, que é, afinal, a razão de irmos no bar tomar cerveja, diz

10- Porque mesmo morando em Adelaide, na Austrália, posso sair para andar pelos parques maravilhosos da cidade ouvindo em meu walkman a música brasileira, que é muito melhor que a australiana, diz Luisa Silveira

11- Para ver a língua da Vera Fischer na novela das 8



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