É a maior potência do mundo. É o país
mais avançado tecnologicamente. Mas demoraram 35 dias para
saber quem vai ser o presidente porque o sistema de votação
e apuração dos votos é uma carroça!
Virou
até piada na Internet, mas o Brasil, tachado como atrasado
pelo resto do mundo, promoveu eleições no mês
de outubro e no mesmo dia todos sabiam quais eram os eleitos.
Já nos Estados Unidos... Talvez nunca saibam ao certo quem
ganhou as eleições, realizadas no dia 7 de novembro.
O
republicano George W. Bush vai ser empossado no dia 20 do mês
que vem, mas sempre irá pairar sobre sua administração
a dúvida: ele foi de fato o mais votado na Flórida,
Estado que acabou definindo qual será o primeiro presidente
do novo milênio da única superpotência mundial?
Como não haverá recontagem manual dos votos, a pergunta
fica sem resposta.
Mas
esse fiasco tecnológico e de transparência democrática
já é quase história agora e só vai
servir para rebater aqueles americanófilos que acreditam
que lá tudo funciona, que lá não há
problema. Para esses, vale a frase do senador democrata Jesse
Jackson: "Em países do Terceiro Mundo, quando uma
pessoa que provavelmente perdeu a eleição é
declarada vencedora de modo questionável, dizemos que foi
golpe".
Mas, repito, isso já é história. O que interessa
agora é saber quem é que vai estar no topo do mundo.
Afinal, como sugeriu um jornalista argentino, o presidente dos
Estados Unidos hoje é tão importante que todos,
a população de todos os países, deveríamos
votar. Globalização não é isso?
Então,
quem é George Walker Bush, o 43º presidente dos Estados
Unidos da América? Ele é o exemplo do americano
médio de classe média (apesar de ser rico). É
contra o aborto, a favor da pena de morte, amante do beisebol
e frequentador de igrejas (metodistas). É casado há
24 anos com a mesma mulher, tem duas filhas, gêmeas, um
cachorro e dois gatos. Também guarda pecadilhos da juventude:
foi alcoólatra e chegou a ser detido por dirigir embriagado.
Apresenta
ainda outra característica bem americana: é totalmente
centrado nos Estados Unidos. Seus conhecimentos sobre o resto
do mundo são parcos como os de seus conterrâneos,
que têm dificuldade de identificar onde fica o Canadá
em um mapa. Ele, por sua vez, provou não saber como se
chamam os habitantes da Grécia.
Os
poucos conhecimentos geográficos de Bush talvez se expliquem
pelo fato de poucas vezes ter deixado o país. Em 54 anos
de vida, só foi ao exterior três vezes, descontando
as viagens que fez ao vizinho México. Só para comparar,
FHC fez mais viagens internacionais só neste ano.
Resumindo,
será um caipira no comando do mundo.
Mas
isso é realmente um problema? Trará risco para nós,
brasileiros, ou para o resto do mundo? É pouco provável.
Bush
deve achar que falamos espanhol (língua que ele também
fala) e que nossa capital é Buenos Aires. Deve também
conservar todos aqueles estereótipos a nosso respeito (país
de samba, futebol, florestas e sexo nas ruas). Mas será
bem assessorado como os últimos presidentes americanos,
o que evitará grandes gafes, que, de qualquer forma, sempre
foram uma característica dos presidentes republicanos.
Não se esqueça que Ronald Reagan nos confundiu com
bolivianos.
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