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Vaguinaldo Marinheiro

Vaguinaldo Marinheiro
vmarinheiro@uol.com.br
  17 de dezembro
  Um caipira no topo do mundo
 

É a maior potência do mundo. É o país mais avançado tecnologicamente. Mas demoraram 35 dias para saber quem vai ser o presidente porque o sistema de votação e apuração dos votos é uma carroça!

Virou até piada na Internet, mas o Brasil, tachado como atrasado pelo resto do mundo, promoveu eleições no mês de outubro e no mesmo dia todos sabiam quais eram os eleitos. Já nos Estados Unidos... Talvez nunca saibam ao certo quem ganhou as eleições, realizadas no dia 7 de novembro.

O republicano George W. Bush vai ser empossado no dia 20 do mês que vem, mas sempre irá pairar sobre sua administração a dúvida: ele foi de fato o mais votado na Flórida, Estado que acabou definindo qual será o primeiro presidente do novo milênio da única superpotência mundial? Como não haverá recontagem manual dos votos, a pergunta fica sem resposta.

Mas esse fiasco tecnológico e de transparência democrática já é quase história agora e só vai servir para rebater aqueles americanófilos que acreditam que lá tudo funciona, que lá não há problema. Para esses, vale a frase do senador democrata Jesse Jackson: "Em países do Terceiro Mundo, quando uma pessoa que provavelmente perdeu a eleição é declarada vencedora de modo questionável, dizemos que foi golpe".

Mas, repito, isso já é história. O que interessa agora é saber quem é que vai estar no topo do mundo. Afinal, como sugeriu um jornalista argentino, o presidente dos Estados Unidos hoje é tão importante que todos, a população de todos os países, deveríamos votar. Globalização não é isso?

Então, quem é George Walker Bush, o 43º presidente dos Estados Unidos da América? Ele é o exemplo do americano médio de classe média (apesar de ser rico). É contra o aborto, a favor da pena de morte, amante do beisebol e frequentador de igrejas (metodistas). É casado há 24 anos com a mesma mulher, tem duas filhas, gêmeas, um cachorro e dois gatos. Também guarda pecadilhos da juventude: foi alcoólatra e chegou a ser detido por dirigir embriagado.

Apresenta ainda outra característica bem americana: é totalmente centrado nos Estados Unidos. Seus conhecimentos sobre o resto do mundo são parcos como os de seus conterrâneos, que têm dificuldade de identificar onde fica o Canadá em um mapa. Ele, por sua vez, provou não saber como se chamam os habitantes da Grécia.

Os poucos conhecimentos geográficos de Bush talvez se expliquem pelo fato de poucas vezes ter deixado o país. Em 54 anos de vida, só foi ao exterior três vezes, descontando as viagens que fez ao vizinho México. Só para comparar, FHC fez mais viagens internacionais só neste ano.

Resumindo, será um caipira no comando do mundo.

Mas isso é realmente um problema? Trará risco para nós, brasileiros, ou para o resto do mundo? É pouco provável.

Bush deve achar que falamos espanhol (língua que ele também fala) e que nossa capital é Buenos Aires. Deve também conservar todos aqueles estereótipos a nosso respeito (país de samba, futebol, florestas e sexo nas ruas). Mas será bem assessorado como os últimos presidentes americanos, o que evitará grandes gafes, que, de qualquer forma, sempre foram uma característica dos presidentes republicanos. Não se esqueça que Ronald Reagan nos confundiu com bolivianos.

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