O personagem

Reuters
Marcelo SALAS Melinao


A pergunta de hoje

O colunista responde

Aconteceu na semana
Esporte em números
Veja na TV


PENSATA

Domingo, 20 de agosto de 2000

O jogo do milhão

Rodrigo Bueno
     
Diego Medina


As pessoas que fazem o futebol estão começando a questionar bastante os valores gastos hoje no esporte. A discussão, até agora, ficava mais entre os torcedores e os jornalistas.
Na Europa, onde os valores alcançam números cada vez mais astronômicos (o futebol inglês já alcançou os US$ 4 bilhões), jogadores e dirigentes trataram do assunto abertamente, surpreendendo o inflacionado mercado.
O português Figo, que acabou de ser vendido por quase US$ 60 milhões, disse pura e simplesmente que não pagaria esse valor por jogador nenhum. Zidane, astro dos últimos torneios mais requintados do planeta, a Copa da França e a Euro-2000, deu declaração parecida dias antes do novo multimilionário do Real Madrid alertar para as loucuras financeiras que são feitas pelos clubes.
Real Madrid e Barcelona, que rivalizam tanto no campo quanto na busca pelo jogador mais caro, acabaram se unindo na semana que passou. Um encontro histórico entre os presidentes dos dois superclubes espanhóis aconteceu em Mallorca. O tema: os valores exorbitantes do futebol atual.
Florentino Perez, que prometeu tirar Figo do Barcelona por qualquer preço, jantou com Joan Gaspart, que pagará mais de US$ 6 milhões por temporada a Rivaldo para não dar sinais de fraqueza em seu começo de gestão.
Real Madrid e Barcelona, que possuem gordas dívidas, chutam alto nos valores das rescisões contratuais de seus jogadores. Para tirar Roberto Carlos do Real, seria preciso desembolsar cerca de US$ 100 milhões. Quem queria levar Rivaldo do Barça antes de sua poupuda renovação, teria que soltar no mínimo US$ 60 milhões.
Acontece que a Europa discute agora o fim do pagamento pelas rescisões contratuais. A União Européia, que vê o jogador de futebol como um trabalhador comum (apenas mais bem remunerado), defende que o atleta possa trocar de clube no meio de um contrato sem que a ação resulte em multa ou coisa parecida.
A Fifa, em nome da indústria do futebol, já enviou carta mostrando contrariedade à proposta.
O presidente da máxima entidade do futebol, Joseph Blatter, que vinha falando em um limite máximo de cinco estrangeiros em campo por equipe, diz agora que o sistema de transferências de jogadores ‘‘funciona perfeitamente’’ hoje e que a União Européia está exagerando no assunto.
No dia 29, o Comitê dos Jogadores da Fifa vai discutir as propostas feitas pela União Européia para o futebol. Também debaterá a idéia de impedir a transferência de jogadores com menos de 18 anos de um país para o outro (não estava tudo perfeito?).
Segundo o francês Michel Platini, ex-jogador e braço direito de Joseph Blatter, é um ‘‘verdadeiro crime’’ o que acontece, por exemplo, com os jovens jogadores franceses, que não podem ser negociados dentro do próprio país, apenas para o exterior.
Na primeira quinzena de setembro, a União Européia receberá documento conjunto da Fifa e da Uefa sobre as transferências dos jogadores. O documento não tratará só da mão-de-obra do mais popular dos esportes. Tratará, especialmente, do dinheiro que circunda essa mão-de-obra.

Notas

Nike

‘‘Nike Road to Glory’’. Esse é o slogan da preparação da seleção feminina dos EUA, aposta da famosa empresa de artigos esportivos para os Jogos de Sydney. A equipe masculina do Brasil, só com os seus garotos, ainda não tem tal título da Nike, que, em resposta à minha coluna passada, diz que autorizou a destruição de 45 mil tênis falsificados com o ‘‘objetivo principal de proteger os consumidores de riscos à saúde’’.

França
A goleada de 5 a 1 da França sobre a seleção da Fifa não conta pontos para o ranking da máxima entidade do futebol. A derrota de 3 a 0 do Brasil para o Chile não é suficiente para tirar o time nacional do topo, portanto. Isso só acontecerá se a França ganhar bem da Inglaterra no dia 2 e o Brasil tropeçar diante da Bolívia no dia seguinte.

E-mail:

rbueno@folhasp.com.br



Leia mais:



Leia as colunas anteriores:

13/08/2000 - Os jogos da Nike
06/08/2000 - Pré-temporada de luxo

30/07/2000 - Século brasileiro
23/07/2000 - Troca de Comando
16/07/2000 - Caça às bruxas
09/07/2000 - Brasil-2018
02/07/2000 - Campeões melhores do mundo
25/06/2000 - Desunião européia
18/06/2000 - A volta dos gols
11/06/2000 - Quanto vale o show?
04/06/2000 - Camisa 10 da seleção
28/05/2000 - Licença para jogar
21/05/2000 - Saem os clubes e entram as seleções
14/05/2000 - "Minhas Desculpas"
07/05/2000 - "Gatos" na Nigéria
30/04/2000 - Presente e Passado
23/04/2000 - Superligas