Estúdio Mauricio de Sousa reabre para visitas após dois anos fechado

Em passeio da Folhinha, só faltou o Louco aparecer para os loucos pela Turma da Mônica

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Jun Oliva Palma
Rua do Limoeiro

Eu contei para os meus amigos da escola que eu tinha conhecido o Mauricio de Sousa, mas ninguém acreditou. É verdade! Conheci também a Mônica, o Cebolinha, a Magali e o Cascão, mas eram só pessoas fantasiadas com as roupas deles. Com 8 anos essas coisas já não me enganam mais.

Mas o Mauricio era ele mesmo, e como o meu pai sempre me fala que o jornalismo serve para contar como alguma coisa aconteceu, decidi escrever essa reportagem. E ela não começa legal, não, porque eu prendi o dedinho na porta do banheiro bem no começo da visita ao estúdio onde as revistinhas da Turma da Mônica são feitas, na zona norte de São Paulo (meu pai falou que eu tenho que localizar o leitor).

O estúdio da Mauricio de Sousa Produções, no qual são produzidos revistinhas da Turma da Mônica e outros produtos da marca
O estúdio da Mauricio de Sousa Produções, no qual são produzidos revistinhas da Turma da Mônica e outros produtos da marca - Ronny Santos/Folhapress

O pessoal lá foi muito gente fina e me levou para a enfermaria. Tava doendo muito, mas a médica passou uma pomada mágica. Sarou quase na hora. E ela tinha um jaleco com um monte de melancias. A Nara, minha irmã, adorou, porque ela saiu de casa com uma máscara da Magali especialmente para o passeio.

Um dedinho não ia estragar esse dia, né? Antes de a gente começar a conhecer o estúdio, todo mundo recebeu um fone para ouvir o que a monitora ia falar, assim ninguém atrapalhava os desenhistas que estavam trabalhando. Só que quando a gente fala com o fone na orelha acaba falando mais alto! "Ô, PAAAAAAIII, O SANSÃO ERA AMARELO NO COMEÇOOOOO", "Ô, NAAAAARAA, OLHA O GAME DA MÔNICA!"

O meu fone era do Bidu, azulzinho (depois eu explico por que o Bidu é azul), mas também tinha um fone do Horácio. Gosto mais do Bidu. Aliás, descobri que o Mauricio inventou mais de 400 personagens e que os 10 filhos dele foram parar nas revistinhas. O Nimbus, um tal de Mauro Sousa, estava lá. Como sou meio japonês e tenho um cabelo parecido, acho que eu poderia fazer o papel do Nimbus nos filmes da Mônica.

Bom, a verdade é que o estúdio não estava cheio. A guia explicou que, por causa do coronavírus, muita gente ainda está trabalhando de casa. Esse passeio, inclusive, já acontecia antes da pandemia (a guia falou para o meu pai que começou em 2018), mas teve que parar nos últimos dois anos e só voltou agora.

Até o Sansão teve que se proteger do vírus. Eu, hein. Mesmo assim, encontrei desenhistas, coloristas, arte-finalistas (aprendi essa palavra lá), gente que coloca balõezinhos e letras nos quadrinhos, gente que faz as cruzadinhas, gente que faz as animações da Mônica Toy, gente que faz as capas, gente que faz cartazes dos espetáculos... Só não vi as pessoas que fazem as maçãs da Turma da Mônica.

A monitora contou que o estúdio produz uma revistinha por dia, o que dá umas 1.500 páginas por mês. Quem lê tanto? Sei lá, eu leio muitas historinhas, e por isso respondi a várias perguntas —a moça até me chamou para trabalhar lá. Ninguém sabia o nome do Luca, que anda de cadeira de rodas, acredita?

Mas teve tanta coisa que eu não sabia. O cabelo do Cascão é assim porque um desenhista foi arrumar uma parte feita com tinta nanquim e acabou borrando o papel. O Mauricio gostou. O Bidu, que eu prometi contar o segredo, é dessa cor porque uma gota azul caiu na impressão. O Mauricio gostou.

Sabe por que só o Cebolinha usa sapato? Porque antes, quando a equipe do estúdio era pequena, dava muito trabalho fazer os tênis, e o pessoal precisava correr para entregar as revistinhas. Aí o Mauricio deixou todo mundo descalço.

Quando a equipe cresceu, ele voltou a colocar uns detalhes, mas só o Cebolinha "cobliu" os pés. Aliás, sabia que quem faz a voz do Cebolinha nos desenhos é uma mulher?

Ah, o meu pai adorou uma coisa: já percebeu que as cores do fundo das tirinhas mudam o tempo todo? A guia disse que era para não deixar a história chata e "ficar mais dinâmico". Adulto gosta de cada coisa...

Só senti falta do Louco. Imagina se ele aparece? Mesmo que fosse uma pessoa fantasiada já seria demais. Ainda mais porque tem um parquinho sensacional no final do passeio, com cama elástica suspensa no ar, labirinto e tudo. Gostei tanto que, quando meu pai me chamou para tirar foto com o Mauricio, eu demorei a ir. Mas ele estava certo: só assim para os meus amigos acreditarem em mim.

Os estudantes Jun Oliva Palma, 8, e Nara Oliva Palma, 5, com Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica, em São Paulo
Os estudantes Jun Oliva Palma, 8, e Nara Oliva Palma, 5, com Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica, em São Paulo - Daigo Oliva/Folhapress

Falaram que ele nem sempre está no estúdio, ainda mais depois da pandemia, então eu e a Nara tiramos a sorte grande. Ele tem 86 anos, é mais velho que os meus avós!

Também senti falta de um lugar para comer, acho que a Magali passaria um aperto no estúdio. Como a gente visitou o estúdio pela manhã, depois de duas horas de passeio eu já estava sonhando com um almoço com as melancias do jaleco da médica. No final, o almoço teve até alfajor de sobremesa.

Alfajor da Turma da Mônica, claro.

Visita à Mauricio de Sousa Produções

  • Quando Ter. a qui., das 9h30 às 11h30 e das 14h30 às 16h30
  • Onde vans partem para o estúdio da entrada principal do Shopping Tietê Plaza (av. Raimundo Pereira de Magalhães, 1.465)
  • Preço R$ 95 (meia) e R$ 190,00 (inteira) ou combo com 3 ingressos por R$ 329; vendas apenas pelo site visitamauriciodesousa.com.br
  • Classificação 5 anos

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Colaboraram Nara Oliva Palma e Daigo Oliva, editor na Folha e pai do Jun e da Nara

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