Folhinha visita a cidade de 'A Infância de Romeu & Julieta' e descobre vários segredos

As casas são ocas por dentro, nem todas as flores são reais e o teto dos estúdios é cheio de equipamentos

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Elis Naldoni Marques, 8, visita o cenárário do Armazém da Vila das Flores, que é montado dentro de um estúdio; objetos de outros núcleos da novela ficam misturados quando não há gravação Eduardo Knapp/Folhapress

São Paulo

Minha filha Elis, de 8 anos, que lá em casa tem apelido de Biscoita, me acordou no meio da madrugada toda afobada dizendo que havia sonhado que estava no meio da cidade cenográfica da novela "A Infância de Romeu & Julieta", do SBT, e que tinha descoberto vários segredos a respeito de como funcionam as coisas lá dentro.

Decidimos então investigar isso de perto e descobrimos que para fazer a tal magia de uma novela acontecer é preciso um bocado de truques, luzes e trabalho de interpretação, que envolve acreditar de verdade que existe o bairro de Castanheiras, que se divide entre o lado Torre, mais moderno e cheio de prédios, e o lado Vila, com mais simplicidade e todo florido.

A primeira etapa da visita foi justamente na maior parte construída para a novela, a cidade cenográfica. Aqui, o primeiro segredo: nem todas as árvores são de verdade, inclusive aquela em que o personagem Romeu, interpretado por Miguel Ângelo, 13, sobe, às vezes, para conversar com a Julieta, a atriz Vittoria Seixas, 14.

Diversas crianças e um homem adulto estão em um banco de praça fazendo algazarras e sorrindo; elas usam roupas coloridas e ao fundo há várias casas também com cores marcantes
Parte do elenco infantil da novela com o diretor da trama, perto da praça central, da esq. para a direita, embaixo, Arlyane Carvalho (Nath), Miguel Soares (Ian), Isabella Alelaf (Ellen), a visitante Elis Naldoni Marques e Zaira Harue (Trapaça); no alto, da esq. para a direita, Samuel Estevam (Dimitri), Antonella Dez (Fe Dengosa), Miguel Trajano (Chilique) e Rica Mantoanelli - Eduardo Knapp/Folhapress

No lado Vila, onde as casas têm diversas cores vibrantes como o amarelo, o verde e o azul, há flores verdadeiras e flores artificiais. O mesmo acontece na estufa da Clara, interpretada pela atriz Lu Grimaldi.

Lá existem diversas plantas e objetos diferentes, alguns reais, outros que é preciso usar a imaginação para funcionar, como os produtos dentro dos tubos de ensaio onde ela faz suas essências.

A atriz Zaira Harue, 12, que interpreta a Trapaça, apresentou para a gente cada detalhe das casas e comércios erguidos para a novela. Algumas partes do residencial Verona nem são gravadas dentro do SBT e fazem parte de um complexo comercial, não residencial.

"Fiquei muito feliz e animada quando entrei aqui pela primeira vez. Imaginava um pouco como seria, mas era mais bonito ainda vendo de perto. Senti um sonho sendo realizado", disse a atriz, que mostrou outro segredo bem escondido de quem assiste os capítulos em casa, por dentro das construções, é tudo oco, vazio.

Funcionários de manutenção, quando não há gravação nas partes externas da cidade, estão o tempo todo repintando os lugares, reparando as flores e fazendo pequenos consertos. As madeiras e espaços utilizados nas casas são reaproveitados de cenários que foram de outras tramas.

"O que a gente queria com essa cidade, sobretudo o lado Vila, é que a criança visse as cenas e pensasse: ‘quero conhecer esse lugar’ e acho que isso está acontecendo. Quando as pessoas vêm aqui, brilham os olhos, enche o coração", diz Ricardo Mantoanelli, o Rica, diretor geral da novela.

Ele afirma também que o lado Torre foi inspirado em shoppings abertos e que não existe bem contra o mal na novela. "O que existe são projetos diferentes para o mesmo bairro. E acho que conseguimos traduzir isso bem na cidade cenográfica."

Dois estúdios do SBT, o 7 e o 8, que se parecem com quadra de esportes gigante —cada um tem 77m²—, onde caberiam uns 450 alunos, são usados exclusivamente para as gravações das cenas internas da novela. Mas o mais surpreendente é que nada fica montado o tempo todo.

O quarto da Julieta, a sala de jantar da família Monteiro e o apartamento da Glaucia, a atriz Karin Hils, são arrumados e desarrumados permanentemente, conforme forem sendo gravados os episódios.

O Armazém Vila das Flores, por exemplo, no dia da visita, estava com parte da decoração que aparece na TV e parte com outros objetos, de outros núcleos. Tipo as comidas que estão à mostra para ser vendidas.

No teto dos estúdios há dezenas de equipamentos eletrônicos, holofotes, fios, lâmpadas, suportes para câmeras, rebatedores de iluminação. Nada disso aparece quando a gente assiste.

Áreas importantes da trama, como o chafariz onde acontecem vários encontros de Romeu e Julieta, a praça onde as crianças brincam de imaginação e a barraca onde mora o Bassânio, vivido por Lucas Salles, estão uma grudada na outra. Pela tela, parecem bem maiores do que são na realidade.

Impressiona a quantidade de gente em volta das gravações nesses locais abertos. São dezenas de pessoas para fazerem uma cena que dura menos de cinco minutos. E, mesmo que não seja numa sala fechada, o tempo todo tem gente fazendo "psiiiiu", "silêncio", para que o barulho não atrapalhe nas gravações.

QUAL LADO VOCÊ ESCOLHE?

Mas o maior segredo que conseguimos abrir sobre a cidade cenográfica foi que a maior parte do elenco infantil e adolescente prefere o lado Vila. Em uma enquete com 13 atores, o lado colorido ganhou disparado com 7 votos contra 3 do lado Torre.

"Sou time lado Vila porque é lá a sensação é mais acolhedora, a comida é mais gostosa e tudo é mais bonito. O lado Torre é muito cinza", conta Vittoria Seixas.

As atrizes Vivi Lucas, que faz a Livia, e a Jolie, que interpreta a Karen, e a Antonella Dez, que faz a Fê Dengosa, ficaram em cima do muro. "Sou meio a meio porque o lado Vila é mais acolhedor e o lado Torre tem o Leandro Monteiro, que tem visão de futuro, pensa à frente", diz Jolie.

O que todos os atores falaram em comum foi a sensação de atuar em Castanheiras: felicidade.

Colaborou Elis N. M.

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