|
PERNAMBUCO
Seca provoca onda de saques a adutora
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Caruaru (PE)
O comerciante Josias Artur dos Santos, 44, está sofrendo um processo
por furto de água em Caruaru, que passa pela maior crise de abastecimento
de sua história.
Santos é acusado de ter desviado água da adutora do Prata,
em dezembro de 1998, para uma cisterna em seu sítio capaz de estocar
220 mil litros. A polícia achou a bomba e os canos usados para puxar
a água. Interrogado pela Justiça, negou a acusação.
Se for condenado, poderá ficar até oito anos preso.
O processo foi o primeiro por furto de água instaurado no município
desde que a seca provocou uma onda de ataques às tubulações
que abastecem a cidade.
Segundo a Companhia Pernambucana de Saneamento, os furtos chegaram a provocar
uma redução de 0,5% no volume de água fornecido aos
250 mil habitantes da cidade: 72 mil litros de água eram retirados
da rede pública por hora.
Para conter os saques, a Compesa montou uma equipe para vigiar os 37 quilômetros
de tubulações que cortam a zona rural. Atendíamos
até duas ocorrências por dia, mas, quando a equipe chegava,
não encontrava mais ninguém, disse o subgerente regional
da empresa, Marco Pólo Soares. Os ataques só diminuíram
em 1999 porque o racionamento foi ampliado: Não tem mais nada
para roubar.
A população recebe água quatro dias consecutivos e
fica sem abastecimento por até 30 dias. Seis dos nove mananciais
que abastecem a cidade estão secos. Dos três restantes, só
um (a barragem do Prata, que está com 5% de sua capacidade) ainda
fornece água à cidade.
A água acumulada nas outras duas represas, cerca de um quarto do
consumo normal de Caruaru em um mês, está sendo guardada para
abastecer carros-pipa quando o sistema entrar em colapso, o que deverá
ocorrer no final de agosto. |