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A
INDÚSTRIA
Para Monsanto, faltam sensatez
e mais pesquisa
especial para a Folha
Robert Bruce Horsch, 46, é um dos pioneiros da engenharia
genética na Monsanto, alvo preferencial dos inimigos dos alimentos
transgênicos.
Reprodução
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Com
um colega da Monsanto, o engenheiro genético Robert Horsch
(à esq.) recebe de Bill Clinton a Medalha Nacional de Tecnologia
dos EUA |
Ele entrou para a empresa em 1981 e hoje dirige o setor de desenvolvimento
sustentável da corporação.
Suas pesquisas já renderam três patentes de plantas transgênicas
nos Estados Unidos e outras 38 pelo mundo. Com sua equipe, recebeu este
ano a Medalha Nacional de Tecnologia dos EUA.
Para o biólogo, a razão de estar na berlinda é simples:
Nós somos os líderes. Nenhuma outra empresa, afirma,
apresentou mais produtos ou os comercializou para uma área maior.
Também tivemos um programa de educação muito
pró-ativo, há mais de 15 anos, falando com as pessoas sobre
a tecnologia.
Ele nega, porém, que a exposição tenha resultado num
tiro pela culatra. Disse que, se tivesse de fazer tudo de novo, trabalharia
para dar ainda mais, e não menos, informação sobre
os transgênicos.
Para Rob Horsch, como é conhecido na Monsanto, falta ainda estudo
sobre a relação entre agricultura, produção
de comida e ambiente. Acredito que à medida que se aprofunda
nosso entendimento, como sociedade global, vamos ver que são muito
inter-relacionados e que podemos usar novas ferramentas, de modo sensato,
para beneficiar a produção de comida, o bem-estar humano e
a proteção do ambiente.
Horsch admite apenas teoricamente a hipótese de efeitos nocivos dos
transgênicos sobre a saúde humana ou do ambiente.
A capacidade de introduzir um novo gene e uma nova proteína
no alimento carrega a possibilidade de introduzir algo que não seja
bom, diz. Mas, porque essa área de tecnologia é
intensa e cuidadosamente regulamentada e fiscalizada, não acredito
que estejamos sujeitos ao risco de consequências indesejáveis.
A aceitação dos transgênicos, na sua opinião,
é questão de tempo. Dependeria sobretudo de um aprofundamento
do debate e de que se façam escolhas inteligentes. As
pessoas vão começar a ver os benefícios, acredita,
com as novas gerações de produtos, ainda em fase embrionária
de pesquisa, como plantas resistentes a secas.
DESENVOLVIMENTO
Segundo Horsch, não foi uma escolha a apresentação
da tecnologia ao público na forma de culturas resistentes a herbicida
da própria Monsanto (Roundup). Ele faz uma analogia com a microeletrônica,
que começou com transistores individuais conectados em circuitos
impressos.
Os transistores foram ficando cada vez menores e mais baratos, até
que se fez um circuito integrado. Agora isso permite a produção
de microprocessadores, os chips. Começou com o transistor porque
era mais fácil de inventar.
O mesmo vale para plantas tolerantes a secas. Biologicamente, elas
são muito mais complicadas. Dez anos atrás não tínhamos
a menor idéia sobre como estudar esses problemas, mas sim como aperfeiçoar
o uso de herbicidas. Começou com o que era mais simples de trabalhar,
afirma Horsch.(ML) |