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Cinema

'Família Submersa' retrata mulher que se reinventa durante o luto

Atriz de 'A Menina Santa', María Alché estreia seu primeiro longa na direção

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Família Submersa (Familia Sumergida)

  • Quando Estreia nesta quinta (4)
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Mercedes Morán, Esteban Bigliardi, Laila Maltz
  • Produção Argentina, Brasil e Alemanha, 2018
  • Direção María Alché

Veja salas e horários de exibição

A argentina María Alché chamou a atenção do público cinéfilo há 15 anos como a protagonista do excelente "A Menina Santa", dirigido por Lucrecia Martel.

Interpretava Amália, uma jovem com olhos plenos de mistério, perdida entre o desejo sexual e a fé católica.

Depois de "A Menina Santa", Alché realizou outros trabalhos como atriz, mas passou a se dedicar principalmente à direção, com curtas como o premiado "Noelia" (2012).

Em "Família Submersa", sua estreia na condução de um longa-metragem, Alché reencontra a sensibilidade e a atração pelas ambiguidades que havia exibido como atriz uma década e meia atrás.

É tentador tratar a diretora Alché como uma discípula de Martel, provavelmente o maior nome do cinema argentino contemporâneo.

Certamente há semelhanças entre elas, como o olhar original para a classe média urbana do país e a presença da natureza como elemento ao mesmo tempo fascinante e perturbador.

Existe ainda a predileção de ambas por insondáveis personagens femininas —nesse sentido, "Zama" (2018), o filme mais recente de Martel, é uma exceção.

Por outro lado, "Família Submersa" revela escolhas próprias bem-sucedidas, o que indica maturidade incomum para um primeiro longa.

Ao acompanhar Marcela (Mercedes Morán) nos dias seguintes à morte da irmã dela, Alché evita tratar o luto de forma previsível.

A perda da irmã conduz Marcela a reflexões que embalam novos desejos. Mas o comportamento da personagem não cabe em enquadramentos estreitos da psicologia ou da moral.

Além disso, Alché explora situações familiares, especialmente a relação entre Marcela e seus três filhos, que unem enternecimento e humor.

Nesse último aspecto, aliás, uma diferença entre as diretoras se insinua. Esse tom de leveza cômica não está entre as características centrais da filmografia de Martel.

Em suma, a influência de Martel sobre Alché é inegável, mas a jovem diretora não é só uma discípula, o que, diga-se, já não seria pouco.

Por fim, é preciso exaltar mais uma bela interpretação de Mercedes Morán, também em cartaz no Brasil com "Um Amor Inesperado", ao lado de Ricardo Darín.

Como a Cabíria de Giulietta Masina, a Marcela de Morán nos ensina que a vida ainda é maior que a morte.

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