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Ruy Castro é eleito imortal da Academia Brasileira de Letras

Escritor e colunista da Folha passará a ocupar a cadeira deixada por Sérgio Paulo Rouanet

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São Paulo e Rio de Janeiro

O escritor e jornalista Ruy Castro, colunista da Folha, foi eleito para a vaga deixada por Sérgio Paulo Rouanet na Academia Brasileira de Letras. O autor de 74 anos obteve 32 votos entre 35 imortais que compareceram à cerimônia, que ocorreu a portas fechadas, durante cerca de meia hora.

O presidente da Academia, Merval Pereira, queimou os votos em uma pira como é tradição. O ato simboliza que há consenso entre os acadêmicos na escolha.

O escritor e colunista da Folha, Ruy Castro, em sua casa após o resultado da eleição para a Academia Brasileira de Letras, que o elegeu para a cadeira 13 da instituição - Eduardo Anizelli/Folhapress

"Ele é um grande escritor, um biógrafo excepcional, só vai acrescentar à Academia", disse Pereira. Indagado se o fato de Castro ser um campeão de vendas influenciou na escolha, o presidente refutou e disse que a qualidade do trabalho foi determinante.

Castro é um dos principais biógrafos do Brasil, tendo realizado obras seminais sobre figuras de sua admiração como Carmen Miranda ("Carmen, uma Biografia", de 2005), Garrincha ("Estrela Solitária", de 1995) e Nelson Rodrigues ("O Anjo Pornográfico", de 1992).

Ao receber acadêmicos em seu apartamento, como é tradicionalmente feito após uma eleição, Castro afirmou que se sentia lisonjeado com o número da cadeira. "A cadeira 13 é extraordinária, o patrono dela é um dos pais da imprensa do Brasil, Francisco Otaviano", disse.

Já ocuparam a cadeira 13 nomes como Francisco de Assis Barbosa, Augusto Meyer, Hélio Lobo, Sousa Bandeira, Martins Júnior, Francisco de Castro e Visconde de Taunay.

Castro ressaltou a importância da ABL no exercício da democracia. "A Academia em vários momentos da história do Brasil teve uma participação nos destinos da nação. Oswaldo Cruz, Euclides da Cunha, Joaquim Nabuco, todos foram acadêmicos importantes para a história do Brasil. E essa importância continua. A Academia é um órgão de interesses múltiplos e um deles é zelar pela democracia", afirmou.

Também concorriam à vaga Jackeson dos Santos Lacerda, Rodrigo Cabrera Gonzales, Elói Angelos G. D 'Arachosia, André Amado e Raquel Naveira.

Jornalista que começou profissionalmente aos 19 anos, em 1967, no carioca Correio da Manhã, Castro também registrou em livro a história de movimentos como a bossa nova —destrinchado em "Chega de Saudade", seu primeiro livro, de 1990, e "A Onda que se Ergueu no Mar – Novíssimos Mergulhos na Bossa Nova"—, o samba-canção —em "A Noite do Meu Bem"— e sobre sua cidade do coração, o Rio de Janeiro, apesar de ter nascido em Caratinga, Minas Gerais, o que ele considera meramente circunstancial.

São de sua autoria "Ela É Carioca", uma enciclopédia sobre Ipanema, "O Vermelho e o Negro", sobre o Flamengo, e "Metrópole à Beira-Mar – O Rio Moderno dos Anos 20", com o qual a partir de uma esmiuçada reconstituição da história do período ajudou a reposicionar personagens da época e a famigerada Semana de Arte Moderna de 1922. Com posições polêmicas, sobretudo aos paulistas, recebeu série de ataques ofensivos, que chegaram a afetar a repercussão de seu último romance publicado, "Os Perigos do Imperador", que traz dom Pedro 2º numa trama policial.

Isso porque o autor que recebeu prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, neste ano também enveredou pela ficção —ainda que sempre com sólida pesquisas e bases factuais. O primeiro foi "Bilac Vê Estrelas", sobre o poeta e cronista carioca, seguido de "Era no Tempo do Rei: Um Romance da Chegada da corte", que descreve o Rio de Janeiro em 1810.

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