A primeira-dama Janja recebe a ministra da Cultura, Margareth Menezes, em visita ao Palácio do Planalto nesta terça-feira para debater a recuperação do patrimônio destruído na invasão aos Três Poderes no último domingo.
Menezes falará à imprensa ao final do encontro nesta tarde. A ministra já se reuniu com técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, na segunda-feira para discutir o rumo do restabelecimento dos prédios e obras danificadas por golpistas.
Foi definido que o Iphan será responsável por produzir um relatório de bens móveis e arquitetônicos que foram destruídos e levantar a equipe técnica que deve fazer a vistoria, restauração, autorização e fiscalização das futuras obras para recuperar o que foi depredado.
Técnicos do Iphan ainda propuseram que fosse criado um grupo de trabalho com o MinC, o Congresso Nacional, o Instituto Brasileiro de Museus, o Ibram, a Secretaria de Cultura do Distrito Federal e a Presidência da República para agilizar o processo de restauro. Na reunião, eles também começaram a debater possíveis fontes de recursos para financiar as obras, segundo o Iphan.
O Palácio do Planalto é onde há, por ora, o maior número de obras de arte danificadas. "Bandeira do Brasil", de Jorge Eduardo, de 1995, foi encontrada boiando na água que inundou o térreo do edifício.
No terceiro andar, "Mulatas", de Di Cavalcanti, "O Flautista", de Bruno Giorgi, e "Galhos e Sombras", de Frans Krajcberg, também foram vandalizadas —veja a lista completa abaixo.
O governo estima que só o trabalho de Di Cavalcanti, o mais importante do Salão Nobre, vale R$ 8 milhões. Na obra de Krajcberg, avaliada em R$ 300 mil, galhos que compõem o trabalho foram quebrados e jogados longe.
Menezes publicou em seu perfil no Twitter mensagens de repúdio aos golpistas. "É urgente avaliarmos os danos e começarmos a recuperação e restauro de todo o patrimônio que foi brutal e absurdamente arrasado. Um quadro de Di Cavalcanti destruído a facadas revela tamanha ignorância e violência desses atos abomináveis", escreveu.
A cantora também afirmou que Marlova Noleto, diretora e representante da sede brasileira da Unesco, se pôs à disposição para ajudar com a reforma e recuperação de tudo que foi depredado durante a invasão deste domingo.
Veja quais obras foram alvo dos golpistas
Palácio do Planalto*
- "Bandeira do Brasil", de Jorge Eduardo
- "Mulatas", de Di Cavalcanti
- "O Flautista", de Bruno Giorgi
- "Galhos e Sombras", de Frans Krajcberg
- "Vênus Apocalíptica", da argentina Marta Minujín
- Relógio Balthazar Martinot
- Mesa-vitrine do designer Sérgio Rodrigues
- Retrato de José Bonifácio
- Pintura de 2003, de Nitma, foi retirada da parede
- Pintura de Marechal Rondon, feita em 1953 por W. L. Techmeier, foi retirada da parede
- "Evolução", escultura de Haroldo Barroso
*Segundo o governo, o corredor que dá acesso às salas dos ministérios no Planalto foi vandalizado, com muitos quadros rasurados ou quebrados, especialmente fotografias
Congresso Nacional
- "Araguaia", vitral de Marianne Peretti, de 1977
- Painel de Athos Bulcão, na Câmara dos Deputados
- "Painel Vermelho", de Athos Bulcão, no Museu do Senado
- Paisagem de Guido Mondin, na Câmara
- Pinturas dos ex-presidentes, no Museu do Senado
- "Bailarina", de Victor Brecheret
- Escultura "Maria, Maria", de Sônia Ebling
- Tapeçaria de Burle Marx
-
Quadro que data de 1890, no Senado
-
Mesa do Palácio Monroe
-
Tinteiro de bronze da época do Império, no Senado
STF
- Cadeira da presidente Rosa Weber, concebida pelo designer Jorge Zalszupin
- Escultura "A Justiça", de Alfredo Ceschiatti, de 1961, foi pichada
- Crucifixo
- Brasão do STF
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