O Big Brother Brasil não é mais sedutor para os famosos. Prova disso é que, depois de a Globo anunciar quem seriam as celebridades a compor o elenco da próxima edição, pipocaram nas redes sociais comentários debochados sobre o nível de fama dos escolhidos. É, de fato, um elenco trivial e cheio de gente desconhecida.
Domitila Barros, Marvvila, Antonio "Cara de Sapato" Jr. e Fred Nicácio, quase metade do tal camarote do BBB 23, são pessoas menos famosas que várias das subcelebridades de A Fazenda, o reality da Record, para se ter ideia. Mesmo os convidados mais conhecidos, como a ex-Rouge Aline Wirley, a atriz Bruna Griphao e o influenciador Fred são quase anônimos se comparados a outros nomes que já passaram pelo programa.
Jade Picon, Karol Conká, Boca Rosa, Manu Gavassi, Rafa Kalimann, Viih Tube, Fiuk, Tiago Abravanel e Naiara Azevedo são algumas das pseudoestrelas que abrilhantaram o elenco das últimas três edições do BBB.
Para entender o que levou a Globo a fazer escolhas tão medíocres neste ano é preciso lembrar como a carreira de alguns famosos foi afetada depois do reality.
Karol Conká é o caso mais emblemático de cancelamento. Depois de ser acusada de violência psicológica no programa, a rapper foi eliminada com 99,17% dos votos, um recorde de rejeição mundial, perdeu 400 mil seguidores no Instagram e viu contratos com festivais internacionais serem encerrados. Ela disse que ficou meses sem sair de casa depois do programa.
O rapper Projota também. Em entrevista a este jornal no ano passado, o cantor, que foi aliado de Conká no BBB 21, afirmou que teve medo de sair na rua após a repercussão negativa de sua participação. "Ninguém ainda tirou a própria vida por causa do cancelamento. Parece que estão esperando isso acontecer para parar com isso", disse.
Conká afirmou a este jornal, na mesma época, que desenvolveu crise de pânico por causa do BBB. "O medo que senti não foi de perder minha carreira, mas minha sanidade. Eu tive medo de não querer mais viver. A vontade de desistir chegou. Graças a Deus e às terapias, não sucumbi. Mas cheguei perto."
O cancelamento sofrido por vários dos famosos do BBB 21 assustou aqueles que foram convidados para a edição seguinte. Prova disso é que o BBB 22 foi um fracasso por causa do elenco mal selecionado, cheio de pessoas equivocadas e sem disposição para se jogar de cabeça na competição.
Tiago Abravanel, o neto de Silvio Santos, dizia que aquele era o "BBB do amor" –o que o fez virar um dos participantes mais desprezados pelo público. Seu amigo Arthur Aguiar, o vencedor da edição, sumiu dos holofotes após ser rejeitado por grande parte dos fãs do programa.
Jade Picon, que descolou um papel na novela "Travessia", de Gloria Perez, virou saco de pancadas depois do BBB. Sua passagem pelo reality rendeu a ela um papel no horário nobre da Globo, é verdade, mas a repercussão negativa do seu trabalho deve impedir a influencer de decolar como atriz, sem contar o fiasco que é a atual novela das nove como um todo.
Aliás, são poucos os que viram a carreira alavancar de verdade após o BBB. Quem não sai cancelado costuma ganhar uns milhões de seguidores no Instagram, assina contratos parrudos de publicidade e aproveita alguns meses de muita fama. A questão é que talvez isso não seja mais irresistível o suficiente para celebridades arriscarem manchar a própria trajetória profissional.
Para esta nova edição, que começa nesta segunda-feira, colunistas e fofoqueiros haviam dado como certos nomes como Vitão, Paula Fernandes, João Guilherme e Yasmin Brunet. Nenhum deles vai ao programa, mas é curioso notar que todos eles são mais conhecidos do que praticamente qualquer um dos alçados ao elenco oficial.
Filho do cantor Leonardo, o ator João Guilherme, que ultrapassou os 16 milhões de seguidores no Instagram —perto do dobro de Fred, o participante do BBB 23 mais famoso nas redes sociais—, debochou dos boatos de que iria ao programa. "Muito se falou, mas eu preferi ficar na minha casa", disse ele numa publicação patrocinada por uma grande marca. É mesmo difícil dizer o que ele teria a ganhar no BBB.
O nível de fama dos participantes não define se a edição vai ser boa ou ruim, é claro. Aliás, depois do fracasso do ano passado, era mesmo preciso encontrar subcelebridades que tivessem pouco a perder e não tivessem medo de pôr a cara à tapa no jogo.
O problema é que a Globo não encontrou subcelebridades curiosas e divertidas, como A Fazenda fez tão bem com Jojo Todynho e Gretchen, por exemplo.
Fato é que, daqui para a frente, será cada vez mais difícil ver estrelas se equivocando no BBB. É uma pena.
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