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Caco Barcellos volta com o Profissão Repórter e diz que é cedo para avaliar Lula

Jornalista, que vai viajar o país numa van na nova temporada do programa, espera que o novo governo diminua a desigualdade

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São Paulo

Caco Barcellos conhece bem o Brasil, mas quer esmiuçá-lo ainda mais. Na nova temporada do Profissão Repórter, que estreia nesta terça-feira, dia 11, ele e sua equipe de jovens repórteres vão rodar o país num motorhome, uma espécie de van superequipada, para investigar como o país pode se tornar mais sustentável, desenvolvido e justo.

Caco quer ficar no tête-à-tête com a população, como faz desde que iniciou sua carreira, há 50 anos. "A gente depende dos outros. Se não estabelecermos uma relação de confiança com as pessoas que abrem as portas de suas casas, não conseguimos fazer do jeito que achamos fundamental."

O jornalista Caco Barcellos, do Profissão Repórter
O jornalista Caco Barcellos, do Profissão Repórter - Gabriel Cabral - 9.abr.2018/Folhapress

Ele diz que aderir ao motorhome foi um acerto porque a chegada da equipe do programa às cidades agora causa mais estardalhaço do que nunca. Assim, a trupe de jovens jornalistas atraem mais e mais pessoas cheias de histórias para contar.

"A gente dificilmente prioriza falar com governantes, por exemplo. Ouvimos mais as pessoas que sofrem ou desfrutam das consequências dos atos dos políticos poderosos", diz Caco.

Esta será a primeira temporada do Profissão Repórter exibida durante o novo governo de Lula, do PT, que derrotou Jair Bolsonaro nas eleições passadas. Caco pisa em ovos ao ser questionado sobre suas expectativas para o mandato do petista.

"Em síntese, espero que a gente mude este cenário de desigualdade gigantesca. Mas vou ficar observando os acontecimentos para orientar o nosso trabalho. Estaremos atentos sobre como qualquer ação se reflete nas famílias brasileiras. Acho que é muito cedo para falar do novo governo", diz.

A desigualdade no Brasil é um tema que o jornalista acompanha de perto desde que o programa estreou, em 2006, como um quadro do Fantástico. É uma matemática que desafia cada vez mais o Brasil, diz ele.

"A concentração de renda se radicalizou. Fiquei impressionado porque, na pandemia, 20 brasileiros entraram para uma lista de bilionários enquanto os pobres representam quase 30% da população do país. Estamos entre as nações mais injustas do mundo, e é impossível fazer jornalismo ignorando esta realidade."

Outra pauta que Caco examina com lupa no Profissão Repórter é a violência. Não à toa, o jornalista já foi hostilizado e até agredido enquanto fazia uma reportagem. Mesmo assim, diz que até hoje se impressiona ao ler notícias da crueldade humana.

"São sinais de uma sociedade adoecida", diz sobre os ataques numa escola e numa creche que aconteceram nos últimos dias. "O Estado violento e essa polícia que mata tanto estão dando exemplos. Se as autoridades podem fazer isso, imagina o que um menino vai pensar? Esse encantamento por arma contamina. Temos que refletir sobre a indústria do armamento."

Violência policial é tema de seu livro "Rota 66", que investiga a relação entre uma série de assassinatos cometidos sem explicação por um esquadrão da morte dentro da Polícia Militar de São Paulo. A obra, tida como referência nas faculdades de jornalismo, venceu o prêmio Jabuti na categoria reportagem em 1993.

No ano passado, o livro furou a bolha e virou série de televisão pelo Globoplay com ares de seriado de crime e Humberto Carrão no papel do jornalista.

A série também trata da vida pessoal de Caco, de 73 anos, que às vezes se arrepende de dar muita atenção ao trabalho. "Gostaria de ter participado muito mais de perto das histórias dos meus filhos. Acabei de chegar de uma passagem de 16 dias na Amazônia, em lugares que não dá para estabelecer contato com facilidade. Isso não é o meu sonho, mas é o preço."

Trata ainda das dificuldades que ele teve em sua vida amorosa, tema que voltou a debater no ano passado, quando viralizou nas redes sociais com um semblante abatido ao contar a Ana Maria Braga, no Mais Você, que tinha rompido com a namorada por ter cometido um erro.

Muita gente o parou na rua para perguntar se o namoro tinha sido reatado, ele conta. A torcida do público deu resultado. "Estava abalado com o rompimento, e naquela hora pensei 'vou mandar isso aí'. Acho que aquilo contribuiu, viu? Aliás, ainda nem falei para a Ana Maria. Preciso ligar para ela."

Mas Caco garante ser o mesmo de sempre. Ainda prefere manter a discrição. Diz que, para ele, o bom mesmo é contar histórias dos outros.

Profissão Repórter - Pra Onde, Brasil

  • Quando Ter. (11), 23h50
  • Onde TV Globo
  • Autor Caco Barcellos
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