'Scott Pilgrim: A Série' e mais sete animações para adultos para ver no streaming

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São Paulo

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Nem todo desenho é para criança. Inspirada na nova série de "Scott Pilgrim", escolhi mais seriados de animação para um público mais maduro.

O diretor mexicano Guillermo del Toro ("O Labirinto de Pan") gosta de lembrar que animação não é um gênero, mas uma forma de contar histórias. E é verdade, há todo tipo de filmes e séries com públicos inteiramente diversos, produzidos com o uso de nenhum ou quase nenhum ator fisicamente em cena.

Já escrevi aqui sobre os meus desenhos infantis favoritos para se assistir mesmo sem ter crianças por perto, mas agora deve ser melhor tirá-las da sala.

Porque o mundo da animação é gigantesco e, apesar da minha cara, sobrenome e dos maiores esforços do meu pai, eu não entendo nada de anime, a lista desta semana tem apenas séries de produção ocidental (ainda que um ou outro exemplo seja meio cá, meio lá).

"Scott Pilgrim: A Série"

Treze anos depois de o filme de Edgar Wright chegar aos cinemas sem muito alarde e se tornar um clássico cult, o elenco inteiro se reuniu nesta nova história sobre Scott Pilgrim (Michael Cera), um cara meio perdido na vida que se apaixona pela misteriosa Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead) e tem que enfrentar seus sete exes do mal.

Baseado nos quadrinhos de Bryan Lee O’Malley, o seriado conta uma história diferente dos livros e do filme —se você tem qualquer afinidade com o longa, não gosta de spoilers e ainda não assistiu à série, recomendo começar logo e não parar antes do fim do segundo episódio, pelo menos.

Disponível na Netflix. Uma temporada, oito episódios.

"Bojack Horseman"

Se "Scott Pilgrim: A Série" nem tem lá nada muito adulto (a classificação indicativa é de 12 anos), "Bojack Horseman" é o oposto.

Ao longo de seis temporadas e 77 episódios, a animação de Raphael Bob-Waksberg teve cenas de sexo interespécies, bebedeiras e uso de drogas, nudez, depressão e tentativas de suicídio. É a melhor série original da Netflix.

Bojack (Will Arnett, perfeito), nos anos 1990, estrelou uma sitcom familiar bem tradicional, em que ele, um homem-cavalo, adota três crianças humanas órfãs. Junta, essa galerinha vive altas aventuras. Agora, passada a glória da série e após anos de uma carreira que não foi a lugar nenhum, Bojack é um alcoólatra com medo de compromisso, que se apoia no sucesso para continuar sendo um fracasso.

Os temas da série são frequentemente sombrios e pesados, mas as piadas vêm em igual volume e qualidade, tanto nos diálogos e enredos quanto nos detalhes dos cenários e personagens terciários.

Disponível na Netflix. Seis temporadas, 77 episódios, mais um especial de Natal e um episódio de "Horsin’ Around", a série dentro da série (este só com legendas em inglês).

"Invencível"

Mark Grayson (Steven Yeun), 17, sonha em se tornar um super-herói como seu pai, Omni-Man (J.K. Simmons), o homem mais poderoso do mundo. Quando o garoto começa a desenvolver habilidades especiais, precisa aprender a equilibrar sua vida pessoal com as responsabilidades heróicas, sob a tutela do pai, que guarda segredos terrívels.

A série é baseada nos quadrinhos de mesmo nome de Robert Kirkman, também criador de "The Walking Dead".

Disponível no PrimeVideo. Uma temporada e meia, 12 episódios. A segunda metade da segunda temporada, com quatro episódios, estreia em 2024. Há ainda um especial entre as duas temporadas, chamado "Invencível: Atom Eve".

"Samurai de Olhos Azuis"

Eu disse no começo desta edição que não tinha selecionado animes e isso continua sendo verdade: apesar de se passar no Japão, "Samurai de Olhos Azuis" utiliza um misto de animação 2D e 3D e não cabe na definição do gênero tradicional japonês.

Criada pelo casal Michael Green (roteirista indicado ao Oscar por "Logan") e Amber Noizumi, a série é dirigida por Jane Wu, uma especialista em animação que fez carreira nos storyboards de filmes de ação como os do Universo Marvel.

O seriado acompanha a saga de vingança de Mizu (Maya Erskine), uma jovem de mãe japonesa e pai europeu, que herdou os olhos azuis do progenitor. O problema é que Mizu vive no Japão da dinastia Edo, no século 17, quando o império se fechou para toda e qualquer influência estrangeira e ter olhos azuis é carregar a marca da impureza.

A contragosto, Mizu é acompanhada em sua jornada por Ringo (Masi Oka, de "Heroes"), um rapaz doce e bem-intencionado que nasceu sem as mãos. No caminho da samurai surgem inúmeros inimigos e aliados inesperados, dublados por todos os atores de origem asiática que você puder lembrar: George Takei ("Star Trek"), Randall Park ("Veep"), Stephanie Hsu ("Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo") e Ming-Na Wen ("Plantão Médico") por exemplo.

Disponível na Netflix. Uma temporada, oito episódios.

Sangue jorra enquanto a personagem Mizu faz um golpe com sua espada
Maya Erskine como Mizu em cena de 'Samurai de Olhos Azuis' - Divulgação/Netflix

"Bob’s Burgers"

O dia a dia atribulado de uma família de classe média que tenta sobreviver e pagar as contas com sua lanchonete, Bob’s Burgers.

Bob Belcher (H. Jon Benjamin), o pai, é o chapeiro e dono do restaurante, que fica do lado de uma casa funerária. Linda, (John Roberts), sua esposa, é uma otimista que adora incentivar todos a sua volta, em especial seus três filhos. Tina (Dan Mintz), a mais velha, está na puberdade e só pensa em meninos, em especial em Jimmy Junior, filho do dono da pizzaria do outro lado da rua. Gene (Eugene Mirman), o do meio, quer ser músico e é meio desligado, enquanto Louise (Kristen Schaal), a menor, é um gênio do mal, sempre inventando planos e esquemas para enriquecer ou viver grandes aventuras.

Chegando nos 300 episódios, a série é uma empreitada para os novos espectadores, mas cada episódio traz muitas piadas, músicas originais (inclusive do The National) e um mundo cada vez maior de personagens recorrentes, que povoam a cidade fictícia de Seymour’s Bay como a Springfield de "Os Simpsons". Jon Hamm interpretou uma privada falante!

Disponível na Star+. 13 temporadas, 260 episódios. A 14ª temporada está em exibição nos EUA. Há ainda um filme, "Bob’s Burgers: O Filme", também na Star+. 102 min.

Cinco personagens do desenho estão sentados lado a lado, boquiabertos, na sala da casa em que vivem
Cena do filme 'Bob's Burgers: O Filme' - Divulgação/20th Century Studios

"Os Simpsons"

Homer estrangulando Bart ou não, é impossível fazer uma lista de seriados de animação sem "Os Simpsons". No ar desde 1989, a série soma mais de 700 episódios e serviu de celeiro e inspiração para inúmeros talentos da comédia americana desde então.

Não há um consenso crítico, mas as temporadas são em geral consideradas boas até mais ou menos a oitava ou a nona (ou 12ª) —depois, a fadiga assenta e os episódios passam a ser menos criativos e mais repetitivos (pudera!). Há quem defenda que da 33ª temporada em diante a série voltou a ser engraçada.

Ainda assim, é de se admirar o volume de episódios e a resiliência do seriado: é o mais longevo da televisão americana entre as animações de horário nobre, as sitcoms e as séries roteirizadas.

Os críticos de televisão Alan Sepinwall e Matt Zoller Seitz a elegeram como a melhor de todos os tempos da televisão americana em seu "TV (The Book)" (2016), à frente de "Família Soprano", a favorita dos dois.

Disponível na Star+. 34 temporadas, 750 episódios. A 35ª temporada está em exibição nos EUA.

"Rick and Morty"

Uma série para pessoas que não se incomodam com o som de fungadas e babadas. Criada por Justin Roiland e Dan Harmon (criador de "Community"), acompanha as aventuras interdimensionais e intergalácticas do cientista maluco Rick Sanchez (Roiland) e seu neto medroso Morty Smith (Roiland).

Líder de audiência entre jovens adultos, a série já ganhou dois Emmys e dois Annies (o Oscar da animação). Tem um tom meio grotesco e ao mesmo tempo profundo, confrontando os personagens com sua insignificância ante o universo, sem deixar de dar peso aos dramas domésticos da família, formada ainda por Jerry (Chris Parnell), Beth (Sarah Chalke) e Summer (Spencer Grammer).

No começo de 2023, Roiland foi acusado de violência doméstica e demitido da série (ele nega as acusações). A sétima temporada, que já chegou ao Brasil, tem novos atores nas vozes dos protagonistas.

Disponível na HBOMax. Sete temporadas, 67 episódios.

"Archer"

Sterling Archer (H. Jon Benjamin) é um espião do tipo 007. Bonito e charmoso, está sempre cercado de mulheres, inclusive sua mãe e chefe, Mallory (Jessica Walters) e sua colega muito mais competente e seu interesse amoroso, Lana Kane (Aisha Tyler).

Os três trabalham para uma organização chamada Isis (não aquele Isis, mas a International Secret Intelligence Service), cumprindo (ou tentando cumprir) missões para clientes sob uma Guerra Fria meio anacrônica, com a ajuda de colegas ainda mais incompetentes.

O humor da série é cheio de diálogos rápidos com muitas referências a outras histórias de espiões e autorreferências. A partir da décima temporada, a série abandona a premissa da espionagem e explora outras histórias em cenários completamente diferentes —os personagens viram de traficantes a astronautas. Na 13ª, cansados de inventar coisas novas, os roteiristas retornaram a série para a proposta inicial.

Disponível na Netflix. 13 temporadas, 134 episódios. A 14ª temporada já foi ao ar nos EUA, e a série será concluída com um especial em três partes em dezembro.

O que está chegando

As novidades nas principais plataformas de streaming

"Clube da Luta de Meninas"

Novo filme da dupla Rachel Sennott e Emma Seligmann, que estão por trás de "Shiva Baby" —um fenômeno indie da pandemia (disponível na Mubi)—, "Clube da Luta de Meninas" faz o que diz o título. PJ (Sennott) e Josie (Ayo Edebiri, de "O Urso"), são duas amigas lésbicas que decidem criar um clube de defesa pessoal no colégio para tentar se aproximar de outras garotas.

Disponível no PrimeVideo, 91 min.

"Round 6: O Desafio"

Versão reality de competição do sucesso coreano da Netflix que talvez não tenha entendido a mensagem da série original sobre desespero e capitalismo. 456 competidores disputam um prêmio de US$ 4,56 milhões em uma série de desafios inspirados pelo seriado de 2021.

Cinco episódios já disponíveis na Netflix. Outros quatro estreiam no dia 29.nov e o último, no dia 6.dez.

"Hannah Waddingham: Em Casa Para o Natal"

Já é Natal na AppleTV+, com a estreia do especial de Hannah Waddingham ("Ted Lasso"). A atriz, que teve longa carreira nos palcos da Broadway e do West End londrino antes de seus sucessos televisivos, recebe convidados como Phil Dunster, seu colega de "Ted Lasso", Luke Evans ("A Bela e a Fera") e Leslie Odom Jr. ("Hamilton: O Musical") para cantar canções natalinas.

Disponível na AppleTV+, 44 min.

Os atores estão todos abraçados no meio da cena, com Waddingham ao centro. Todos estão de roupas de gala e ao fundo há uma grande árvore de Natal decorada
James Lance, Brendan Hunt, Billy Harris, Kola Bokinni, Hannah Waddingham, Phil Dunster, Luke Evans e Sam Ryder em 'Hannah Waddingham: Em Casa Para o Natal' - Divulgação/AppleTV+

"Da África aos EUA: Uma Jornada Gastronômica"

Segunda temporada da série documental sobre as influências gastronômicas da África sobre os Estados Unidos. O escritor Stephen Satterfield conversa com chefs, especialistas e ativistas dos dois lados do Atlântico.

Disponível na Netflix. Duas temporadas, oito episódios.

"Amor & Amizade"

Uma das melhores adaptações de Jane Austen, escrita e dirigida por Whit Stillman a partir de "Lady Susan", romance epistolar incompleto da autora. Kate Beckinsale é Lady Susan Vernon, uma viúva que arma esquemas e manipula todos ao seu redor para garantir um bom casamento para sua filha, Frederica (Morfydd Clark) —e para si mesma, por que não?

Disponível no PrimeVideo, 90 min.

"Oppenheimer"

Já é possível comprar a versão digital do filme de Christopher Nolan sobre o pai da bomba atômica.

Disponível na Amazon e no Google Play. 180 min.

Veja antes que seja tarde

Uma dica de filme ou série que sairá em breve das plataformas de streaming

"Fonte da Vida"

Quando Darren Aronofsky garantiu seu cheque em branco, ele o gastou com este projeto, que passou por várias combinações de elencos possíveis até acabar em Rachel Weisz e Hugh Jackman. Os dois interpretam um casal destinado a se encontrar através dos tempos e das gerações, do Renascimento ao futuro.

Disponível na Mubi até 30.nov, 93 min.

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