Brasil escolheu incluir pobres sem tocar em privilégios da elite, diz Marta Arretche

Para pesquisadora, aumento de desigualdade na pandemia dependerá do alcance de políticas sociais

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Eduardo Sombini
Eduardo Sombini

Geógrafo e mestre pela Unicamp, é repórter da Ilustríssima

A convidada desta semana do Ilustríssima Conversa é Marta Arretche, professora titular do Departamento de Ciência Política da USP e diretora do Centro de Estudos da Metrópole.

Arretche organizou, com Eduardo Marques e Carlos Aurélio Pimenta de Faria, o livro "As Políticas da Política: Desigualdade e Inclusão nos Governos do PSDB e do PT" (Editora Unesp).

A coletânea, com 16 capítulos de especialistas e pesquisadores, faz um balanço das políticas sociais implementadas ao longo dos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT) que, com base em princípios de garantia de direitos e de distribuição de renda da Constituição de 1988, contribuíram para a redução das desigualdades no país e a ampliação do acesso a serviços públicos, como educação e saúde.

As análises da obra apontam, por outro lado, para problemas históricos que não foram enfrentados ao longo da Nova República, como a regressividade do sistema tributário do Brasil, que faz com que ricos paguem, proporcionalmente, menos impostos que os mais pobres.

Marta Arretche no encerramento do seminário comemorativo dos 50 anos do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) - Marlene Bergamo - 16.mai.2019/Folhapress

Na conversa, a pesquisadora discute a combinação brasileira particular de programas sociais progressistas e política tributária regressiva e aborda as continuidades de medidas de governo entre as presidências do PSDB e do PT.

Arretche também trata do teto de gastos aprovado na gestão de Michel Temer (MDB) e das perspectivas do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) em meio à pandemia de coronavírus.

Para a pesquisadora, a agenda do presidente é de desmonte das políticas sociais existentes, mas a formulação de medidas eficazes poderia frear o crescimento da pobreza e da desigualdade. A resposta errática e insuficiente do governo federal à crise atual, no entanto, deve fazer o país pagar muito caro, em sua avaliação.

O Ilustríssima Conversa está disponível nos principais aplicativos, como Apple Podcasts, Spotify e Stitcher. Ouvintes podem assinar gratuitamente o podcast nos aplicativos para receber notificações de novos episódios.

O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.

Já participaram do Ilustríssima Conversa Sérgio Augusto, que debateu os rumos do cinema em meio à pandemia de coronavírus, Sidney Chalhoub, que lembrou a politização de epidemias ao longo da história, Gilberto Nascimento, que tratou do crescimento da Igreja Universal e a ascensão política de Edir Macedo, Eliane Robert Moraes, que discutiu a censura ao sexo nas artes, Sueli Carneiro, que falou sobre a relação entre as questões de raça e gênero no Brasil, Sérgio Adorno, que abordou o surgimento do liberalismo no Brasil, Sidarta Ribeiro, neurocientista que estuda o sono e os sonhos, entre outros.

A lista completa de episódios está disponível no índice do podcast. O feed RSS é https://folha.libsyn.com/rss.

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