Ciclo debate o futebol e a identidade brasileira

Sexto encontro da série Perguntas sobre o Brasil reúne José Miguel Wisnik, autor de 'Veneno Remédio', e Aira Bonfim, consultora especializada em esporte

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Belo Horizonte

Em meio à Copa do Mundo do Qatar, o debate desta quarta (23) do ciclo Perguntas sobre o Brasil levanta a questão: o futebol ainda explica quem somos nós?

torcedores de verde e amarelo se aglomeram em rua do Qatar, à noite. a bandeira do Brasil está na mão de um deles, logo em primeiro plano
Torcedores recepcionam a seleção brasileira de futebol na chegada ao Westin Doha Hotel Spa, no Qatar - Gabriela Biló - 19.nov.2022/Folhapress

Com transmissão online às 16h, o sexto evento da série reúne José Miguel Wisnik, professor do departamento de literatura brasileira da USP e autor de "Veneno Remédio: o Futebol e o Brasil", e a consultora especializada em esporte Aira Bonfim, mestre em história, políticas e bens culturais pela Fundação Getulio Vargas, do Rio de Janeiro.

A mediação fica a cargo de Elder Marques, gestor esportivo do Sesc Itaquera, com apresentação de Patrícia Dini, do Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc São Paulo, instituição que organiza a iniciativa ao lado da Associação Portugal Brasil 200 anos (APBRA) e da Folha.

"Eu não diria que o futebol 'explica' o Brasil, mas que dá pistas fortes sobre a sociabilidade brasileira, suas potências e seus impasses", afirma Wisnik.

"Não é mais a utopia da conciliação de classes e raças, como já foi. Mas continua, na minha opinião, a funcionar segundo a síndrome do 'veneno remédio', droga ambivalente que expõe nossos males, por um lado, e na qual somos viciados com paixão."

José Miguel Wisnik, homem branco e calvo, de cabelos grisalhos, é fotografado de perfil. ele usa camisa e casaco pretos
José Miguel Wisnik, autor de "Veneno Remédio: o Futebol e o Brasil" - Divulgação

Em "Veneno Remédio", Wisnik reúne contribuições da filosofia, da sociologia e da psicanálise para destacar a evolução do esporte e de seus craques no país.

Para o autor, "o futebol criou um campo de possibilidades, no Brasil, para a expressão da vida como promessa de felicidade e de competência lúdica. Ao mesmo tempo, atua muitas vezes como um substitutivo imaginário para o enfrentamento de problemas sempre adiados."

"O futebol explica quem somos nós, brasileiros, tanto nos problemas e dificuldades, mas também nas nossas soluções", diz Aira. "Não dá para pensar a história de um país tão complexo como o Brasil e não considerar o futebol".

aira bonfim, mulher branca de cabelos cacheados, com luzes, é fotografada atrás de uma rede de futebol. ela está sorrindo
Aira Bonfim, mestre em história, políticas e bens culturais pela FGV-RJ - Divulgação

A Copa, como se sabe, acontece em meio à forte polarização da sociedade brasileira, como se viu nas eleições deste ano. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) busca despolitizar a camisa da seleção, identificada com o bolsonarismo, mas muitos se questionam se há mesmo clima para união em torno da competição de seleções.

Para Wisnik, a palavra "reconciliação" não dá conta da questão. "A hora é de fazer valer o fato de que esse valor simbólico não pode ser apropriado por ninguém. E que se trata de desativar o ódio delirante ao outro. Esperemos que a Copa contribua de algum modo para isso", afirma.

Aira prefere usar o termo "negociações". "De alguma maneira, há oportunidades de conversar sobre os problemas que envolvem um evento dessa natureza e grandeza", diz.

"Imagino que nós tenhamos nessa 'reconciliação' não um lugar onde todos vão se relacionar da mesma forma, mas onde iremos cada vez mais acolher pensamentos plurais do que a gente entende como futuro e humanidade, a partir do futebol", afirma a consultora.

O ciclo Perguntas sobre o Brasil se inspira no projeto 200 anos, 200 livros, lançada em meio ao bicentenário da Independência para discutir aspectos da formação do país e da identidade brasileira.

O debate será transmitido pelos canais do Sesc São Paulo, do Diário de Coimbra e da APBRA no Youtube.

O ciclo segue até maio de 2023, sempre com um intervalo de duas semanas entre uma mesa e outra. Veja aqui a programação completa e conheça os próximos temas.

PERGUNTAS SOBRE O BRASIL: O FUTEBOL AINDA EXPLICA QUEM SOMOS NÓS?

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