EUA enviam à China lista de ações para reduzir déficit comercial, diz jornal

Temor de guerra comercial aumentou após Trump prever tarifas de até US$ 60 bi sobre bens chineses

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Os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, em Pequim
Os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, em Pequim - Fred Dufour - 9.nov.2017/AFP
Pequim | agências de notícias

Os Estados Unidos pediram à China em uma carta na semana passada que reduza a tarifa sobre os carros americanos, compre mais semicondutores feitos nos EUA e dê às empresas americanas maior acesso ao setor financeiro chinês, noticiou o jornal The Wall Street Journal nesta segunda-feira (26), citando pessoas familiarizadas com o assunto.

A preocupação com uma possível guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo agitou os mercados financeiros, com os investidores prevendo desastrosas consequências se surgirem barreiras comerciais da tentativa do presidente dos EUA, Donald Trump, de reduzir o déficit dos EUA com a China.

O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o representante do Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, listaram medidas que Washington quer que a China adote em uma carta a Liu He, recém-indicado vice-primeiro-ministro que supervisiona a economia da China, disse o WSJ.

O jornal informou que Mnuchin estava avaliando uma visita a Pequim para tentar negociações.

Temores de uma guerra comercial aumentaram neste mês depois que Trump adotou tarifas sobre as importações de aço e alumínio, e depois mirou especificamente a China na quinta-feira (22) ao anunciar planos de tarifas de até US$ 60 bilhões sobre bens chineses.

Na sexta-feira (23), a China respondeu com um tiro de alerta ao declarar planos de cobrar impostos adicionais sobre até US$ 3 bilhões de importações dos EUA.

A lista de bens não faz menção a soja ou aeronaves, os dois maiores itens de importação dos EUA pela China.

A terceira maior categoria de importação dos EUA pela China —veículos motorizados— totalizou US$ 10,6 bilhões em 2017, cerca de 8% das importações totais do país junto aos EUA por valor, segundo dados da China, que tem atualmente uma tarifa de 25% sobre os carros norte-americanos.

A China comprou US$ 2,6 bilhões em semicondutores dos EUA no ano passado, ou 1% das importações totais de semicondutores da China, segundo dados da alfândega chinesa.

De acordo com o jornal Financial Times desta segunda, a China ofereceu comprar mais semicondutores dos EUA redirecionando algumas compras da Coreia do Sul e de Taiwan, para ajudar a reduzir o superávit comercial da China com os EUA.

Citando pessoas familiarizas com o assunto, o jornal informou ainda que as autoridades chinesas estão correndo para finalizar novas regulações até maio que permitirão que grupos financeiros internacionais assumam participações majoritárias em suas empresas do setor financeiro.

Em um fórum a portas fechadas em Pequim, o primeiro-ministro chinês Li Keqiang disse, nesta segunda, que a China e os Estados Unidos devem manter negociações para resolver disputas e atritos comerciais, informou a mídia estatal.

A China abrirá ainda mais sua porta e tratará as empresas domésticas e estrangeiras igualmente, disse Li  Keqiang.

PROPRIEDADE INTELECTUAL

A agência chinesa Xinhua disse no sábado (24) que Liu He conversou por telefone com Mnuchin, e os dois concordaram em seguir se comunicando sobre as questões comerciais.

Na conversa,  Liu He denunciou que uma investigação dirigida pelos Estados Unidos tenha violado as normas do comércio internacional e garantiu a Mnuchin que Pequim está disposta a se defender.

Em agosto, Washington lançou oficialmente uma investigação sobre as práticas da China no campo da propriedade intelectual e da transferência forçada de tecnologias americanas.

"A China está disposta a defender seus interesses nacionais e espera que ambas as partes continuem sendo racionais e trabalhem juntas para salvaguardar a estabilidade geral das relações econômicas e comerciais entre China e Estados Unidos", declarou Liu He, segundo a agência.

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