Mercados retomam viés positivo com expectativa de acordo entre EUA e China

Após dois dias de quedas expressivas, principais Bolsas globais tiveram ganhos nesta quarta

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São Paulo

Após dois dias de quedas expressivas, as principais Bolsas globais recuperam o viés positivo com expectativa de um acordo entre EUA e China até o fim desta semana. Segundo o governo americano anunciou nesta quarta-feira (8), a delegação chinesa quer um acordo. 

A notícia fez com que as Bolsas americanas recuperassem parte das perdas da véspera —na terça (7), índices tiveram maior recuo percentual desde janeiro. O mercado doméstico acompanhou a tendência, sustentado pela alta das ações da Petrobras e percepção positiva da participação de Paulo Guedes na comissão especial da Câmara que analisa a reforma da Previdência.

O vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, viajará a Washington na quinta-feira para dois dias de negociações comerciais. As tarifas dos EUA sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses subirão para 25% nesta sexta-feira, de acordo com publicação no Federal Register, diário oficial dos Estados Unidos.

"Temos uma indicação de que eles [chineses] querem fazer um acordo. Nossas equipes estão em negociações contínuas. Elas vão se sentar para conversar amanhã. Vamos ver o que acontece a partir daí", declarou a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, a repórteres nesta quarta.

O mercado espera que o aumento seja apenas momentâneo, para acelerar a conclusão de negociações. Carlos de Freitas, economista-chefe da Ativa Investimentos, no entanto, vai contra a onde otimista.

“Esta questão está longe de ser resolvida e não vejo um acordo já nesta semana. O vice-premiê chinês foi ao EUA para não piorar ainda mais o clima. A China voltou atrás em muita coisa do acordo e a solução vai precisar de um prazo maior. A alta nas taxas deve permanecer por mais algum tempo. Chineses não estão dispostos a ceder tão já”, afirma Freitas.

Os principais índices globais retomaram o viés positivo e recuperaram parte das perdas dos últimos dois pregões. As Bolsas americanas permaneceram estáveis. Os índices Dow Jones e S&P 500 se mantiveram 'zerados'. Nasdaq recuou 0,26%.

A sinalização de um acordo veio após o fechamento dos mercados asiáticos, que voltaram a cair. O índice Nikkei, de Tóquio, recuou 1,46%. Hong Kong fechou em queda de 1,23%. O índice CSI 300, que mede o desempenho dos papéis das bolsas de Shangai e Shenzen, cedeu 1,43%.

No Brasil, o Ibovespa, principal índice acionário do país, subiu 1,28%, a 95.596 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,4 bilhões, próximo à média diária para o ano.

A alta foi impulsionada pelo bom desempenho das ações da Petrobras. Apesar da queda de 42% no lucro líquido no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2018, as ações preferenciais (mais negociadas) da empresa subiram 3,87%, a R$ 27,37. As ordinárias (com direito a voto) se valorizaram 3,42%, a R$ 30,22.

O resultado veio em linha com o esperado pelo mercado, que confia na recuperação da companhia no segundo trimestre e ressaltam que a queda se deve a fatores pontuais.

“A baixa na cotação internacional do barril de petróleo e no dólar foi o que mais impactou a companhia no período. A produção também caiu um pouco, o que afetou o faturamento, mas a tendência é de recuperação no segundo semestre. Custos e despesas caíram forte neste ano. A despesa operacional caiu quase 40%, o que mostra maior eficiência da direção, com uma Petrobras mais enxuta, produtiva e eficiente”, afirma Rafael Passos, analista da Guide.

As despesas devem continuar a cair. A companhia espera cortar quase 10% de seu quadro de empregados com o plano de demissão voluntária, anunciado no final de abril. O objetivo, segundo a empresa é economizar R$ 4,1 bilhões até 2023. A continuidade na venda de ativos também deve render US$ 30 bilhões (cerca de R$ 114 bilhões) para a companhia em 2019.

O destaque negativo foi o Grupo Pão de Açúcar. À véspera da divulgação do balanço do primeiro trimestre de 2019, as ações do varejista caíram 7,5%, a R$ 87,78. Analistas preveem queda de 11,8% no lucro líquido da companhia em comparação com o mesmo período do ano passado. 

Nesta quarta (8), o ministro da Economia, Paulo Guedes, esteve na comissão especial da Câmara dos Deputados para sanar dúvidas dos deputados sobre a reforma da Previdência. Para o mercado, a visita é positiva, pois pode adiantar a tramitação do projeto.

O dólar acompanhou o viés positivo do dia e recuou 0,88%, a R$ 3,9350. A moeda americana chegou aos R$ 4 no pregão da véspera, sob tensão da guerra comercial entre EUA e China. Com a queda nesta quarta, entretanto, a semana é de desvalorização da divida ante o real.

​TAURUS ACUMULA ALTA DE MAIS DE 30% COM DECRETO DE BOLSONARO

Após decreto do presidente Jair Bolsonaro que flexibiliza o porte de armas nesta terça (7), as ações da Taurus acumulam alta de mais de 30% nos dois últimos dias.

Na terça, os papéis preferenciais (mais negociados) subiram 10,45%. Hoje, a alta é de 24,32%, a R$ 4,60. Os ordinários (com direito a voto) tiveram alta de 4,88% ontem e de 17,57% hoje, a R$ 4,55.

O otimismo com os ativos vêm mesmo a possibilidade de importação de armas, inclusa na medida de Bolsonaro. Antes, a compra de empresas estrangeiras era restrita.

Fábrica de armas da Taurus
Ações da Taurus têm expressiva valorização após decreto de Bolsonaro que flexibiliza porte de armas - REUTERS

"Nós quebramos também o monopólio, isso entra em vigor daqui a 30 dias porque eu vou conversar com Paulo Guedes (ministro da Economia) a questão das taxações para não prejudicar a empresa interna daqui do Brasil", afirmou o presidente.

No Brasil, a Taurus Armas praticamente detém o monopólio do mercado de fabricação de armas de fogo.

A perspectiva de flexibilização do porte de armas com o governo Bolsonaro fez que as ações da Taurus subissem mais de 60% apenas nos primeiros dias de 2019. Em 2018, a disparada chegou a quase 150% (nos papéis preferenciais).

Nesta quarta (8), o volume de papéis preferenciais negociados chegou a R$ 56 milhões, bem acima da média diária de R$ 6,5 milhões.

Em ações com baixo volume de negociação e preços não muito elevados, movimentações atípicas devido a elementos externos —decreto de Bolsonaro— tendem a gerar uma grande variação percentual.

A empresa, no entanto, teve aumento no endividamento. Ao fim de 2018, a dívida líquida era de R$ 881 milhões contra R$ 723 ao fim de 2017, um crescimento de 21,9%.

Apesar das recentes altas, a máxima histórica está longe de ser batida. Em 15 de outubro de 2007 os papéis da empresa chegaram a R$ 76,80.

Devido à fragilidade de resultados da companhia, analistas não recomendam a compra de ações da empresa.

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