Plano para Abril prevê vender revista Exame e imóveis

Grupo convocou assembleia de credores para terça (27), inclusive ex-funcionários, para aprovação da recuperação judicial

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São Paulo

Com nova assembleia de credores convocada para esta terça (27), agora sem necessidade de quórum mínimo, o Grupo Abril busca mais uma vez aprovar seu Plano de Recuperação Judicial, a que a Folha teve acesso.
 
Além de referendar acordos já parcialmente encaminhados, por exemplo, com bancos como Itaú e Bradesco e com quatro sindicatos de trabalhadores, o plano prevê a venda de ativos para cobrir dívidas.
 
Três deles foram separados como Unidades Produtivas Isoladas (UPIs), dispositivo previsto em recuperações judiciais no país, compondo um "conjunto de bens organizados para fins de alienação", como descreve o plano.
 
São apresentadas como UPIs "obrigatórias" a Exame, a mais tradicional revista de cobertura econômica no país, o imóvel histórico do grupo na Marginal Tietê, em São Paulo, e outros imóveis, somando 750 mil metros quadrados, na região de Campos do Jordão, no interior paulista.

Prédio do Grupo Abril na marginal Tietê - Mastrangelo Reino/Folhapress


 Os ativos seriam leiloados em diferentes prazos, começando pela Exame, apenas quatro meses após a homologação judicial do plano, posterior à sua aprovação pela assembleia.
 
A expectativa é que a revista e outros bens vinculados a ela sejam adquiridos pelo BTG Pactual, para estabelecer, sobretudo com o site e o aplicativo, um negócio semelhante a outros no setor de mídia e finanças, vinculando noticiário a ferramentas de investimento. É o modelo de operações como Infomoney, da XP Investimentos.
 
A aquisição da Abril e a renegociação de sua dívida de R$ 1,1 bilhão com os bancos Itaú, Bradesco e Santander foi realizada com suporte do BTG. Em dezembro, ao anunciar a compra do grupo da família Civita, o empresário carioca Fábio Carvalho confirmou o interesse do BTG num projeto semelhante para a Exame.
 
Depois da revista, a UPI Marginal Tietê seria vendida também com "processo competitivo" em até 20 meses após a homologação do plano, e a Campos do Jordão, em até 36.
 
Outros dois conjuntos de bens podem ser incluídos na alienação, segundo o plano. As UPIs "facultativas" seriam a Casacor, que nasceu como revista e hoje, além de site de serviços, é uma operação que envolve sobretudo eventos, inclusive nos EUA, e a Tex Courier, uma das empresas de distribuição do grupo.
 
O plano trata dos funcionários demitidos pela Abril desde dezembro de 2017, calculados em perto de 1.300, e prevê pagamento das dívidas na íntegra até o valor de R$ 250 mil. Acima disso, os pagamentos passariam por um deságio escalonado.
 
Uma assembleia conjunta de quatro sindicatos, de jornalistas, gráficos, administrativos e distribuidores, que negociam com o grupo desde o ano passado, homologou os termos acertados para o plano, com a garantia de que todos os pagamentos, até R$ 350 mil, sejam feitos até fevereiro de 2020.
 
"Desde o início da recuperação judicial, o sindicato batalhou para receber integralmente o mais rápido possível, e a gente conseguiu agora chegar a esse acordo", diz Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, que estará presente na assembleia. 
 
Uma questão abordada no plano abrange a situação do jornalista André Rizek, hoje no canal SporTV, que vem gerando controvérsia.
 
A Abril foi condenada, num processo de indenização envolvendo a revista Placar, a pagar cerca de R$ 800 mil. Como o grupo entrou em recuperação, o autor da ação decidiu executar Rizek, que foi repórter da publicação e condenado como co-réu.
 
O plano apresentado prevê que o grupo pague menos da metade desse valor, mas o sindicato vai defender a mudança para o ressarcimento na íntegra, enfatizando que o caso não se restringe a um jornalista.

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